Wesley Pereira
Engenharia – Momesso
A crescente necessidade do tratamento de sementes no Brasil e no mundo vem alavancando tecnologias no campo, não apenas para os grandes produtores, mas também para os pequenos e médios. Isso gera inovação e maior capacidade de mobilidade nos equipamentos, podendo ser instalados no campo ou transportados facilmente dentro das propriedades rurais.
Com isso, é cada vez mais necessária a capacitação e conscientização dos produtores, que dessa forma podem realizar tratamentos corretos, sem desperdÃcio e com qualidade, e assim, por consequência, potencializar sua rentabilidade. Para isso, é importante considerar a calibração otimizada das tratadoras, independentemente de sua capacidade de produção e do local onde o tratamento será realizado, quer seja no campo ou no ambiente industrial.
A calibração
Os dois pontos principais de calibração são: a calibração de sementes e a calibração dos químicos. Em um circuito ideal, a dosagem do produto condiz exatamente com o total de sementes tratadas. Façamos uma análise agora. Se para cada tonelada de sementes é necessário aplicar 100L de produto, para o tratamento de 10 toneladas um IBC deste produto será o suficiente.
Para máquinas não automatizadas e semi-automatizadas, a calibração de produto é intrÃnseca à calibração de sementes. Para as máquinas automatizadas encontradas na indústria, estes dois são interligados pela automação aplicada ao CTS (Centro de Tratamento de Sementes), por isso são particulares de cada máquina.
Ainda assim, essa calibração é derivada dos conceitos básicos observados no campo. Eles fornecem uma base sólida para fundamentar esse conhecimento. Discutiremos esses conceitos a seguir.
Assementes
Primeiramente, para que a calibração de sementes seja efetiva, deve-se consultar a capacidade da máquina que está sendo utilizada para cada tipo de semente que será tratada (verificar a curva entre produtividade x qualidade de cada equipamento).
A capacidade nominal da máquina, em geral, só é recomendada para um tipo de semente, peneira, forma e outras características que interferem em sua massa específica. Cada tipo de semente tem suas especificidades e isso mudará seu comportamento dentro de cada máquina.
Fluxo contÃnuo
Para máquina com método de tratamento contÃnuo, não automatizadas, existem vários tipos de modelo para calibração do fluxo de sementes. Um deles é pela guilhotina manual, em que o fluxo de sementes é controlado a partir da abertura da mesma.
Para calibrar a vazão de sementes, o operador deve encher a moega de abastecimento, aguardar o fluxo de sementes tornar-se contÃnuo na saÃda da máquina e cronometrar durante um minuto quantos quilos de semente passam pela máquina numa abertura fixa da guilhotina. O valor encontrado será a vazão por minuto da máquina para aquela abertura (para descobrir o valor em horas, basta multiplicá-lo por 60).
Este modelo é o mais simples existente.Lembrando que cada tipo de semente em cada máquina terá uma vazão recomendada específica. Este valor é estimado pelo fabricante e deve ser usado como referência. Não é, portanto, uma regra absoluta. Dependendo do tratamento realizado, uma vazão maior ou menor pode ser necessária.
Outro modelo de controle de vazão utiliza um dispositivo conhecido como cônico invertido. Este modelo é usado em máquinas que possuem uma câmara para aplicação de produto separada do local de homogeneização. Para máquinas com esse modelo de controle de fluxo, deve-se realizar o mesmo processo, porém, a guilhotina é aberta totalmente, e o cone invertido é rebaixado conforme a necessidade de vazão da máquina.É o modelo mecânico mais preciso atualmente.
Sem automatização
Além dos modelos demonstrados anteriormente, existem outros que funcionam de forma similar e que podem ser encontrados nas máquinas não automatizadas. Por exemplo: disco rotativo com abertura proporcional, registro tipo borboleta, roda vertical ou horizontal de dosagem de sementes, entre outros.
Exemplos de modelos de regulagem de fluxo automatizados: para máquinas automatizadas utilizadas no TSI (Tratamento de Sementes Industrial) existem vários modelos de controle de vazão, os quais necessitam de calibração assim como os não automatizados, porém, são menos suscetÃveis à variação nas características físicas da semente. Por exemplo: válvula proporcional de fluxo automatizada, esteira de pesagem, disco balança de pesagem contÃnua, entre outros.
Batelada
Nas máquinas de tratamento por batelada não automatizadas não existe controle de vazão, mas sim do tamanho da batelada. Da mesma forma que observamos nas máquinas de fluxo contÃnuo, cada máquina possui uma indicação do tamanho máximo de batelada para o tratamento de cada tipo de semente. Essa indicação deve ser levada em conta no momento que forem pesadas as porções de sementes utilizadas em cada batelada.