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Edilaine Alves de Melo
Aluna de doutorado do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)
Kátia Cilene da Silva Felix
Bolsista do Programa Nacional de Pós-Doutorado ““ PNPD/CAPES/FACEPE
A podridão negra das crucíferas, causada pela bactéria Xanthomonas campestris pv. campestris (Xcc), é encontrada em todo o mundo, sob condições de alta umidade e temperatura. Sobretudo em climas temperados e tropicais, é uma das doenças economicamente mais importantes das brássicas.
Além de ocorrência generalizada, pode causar grandes prejuízos à lavoura no período de chuvas e perdas de até 60% da produção. Xanthomonas campestris pv. campestris possui a forma de bastonetes, Gram negativos e uniflagelados.
Os sintomas podem ser observados em qualquer estádio de desenvolvimento da planta. São encontradas lesões amarelas em forma de V, com o vértice voltado para o centro da folha, o que ocorre devido à penetração da bactéria pelos hidatódios, que após colonizar os tecidos da folha atingem o sistema vascular da planta e chegam até as nervuras, tornando-as escuras.
Por influir diretamente no aspecto da planta, a podridão negra das brássicas é especialmente importante nos cultivos de repolho, pois deprecia o produto comercial.
Prejuízos à produção de repolho
Após a infecção da planta, a bactéria atinge as nervuras, progride para o pecÃolo e talo, com a descoloração do tecido vascular. As folhas infectadas amarelecem rapidamente e murcham. As áreas em forma de “V“ necrosam, podendo cair e deixar as nervuras expostas.
A podridão se apresenta dura e seca. As cabeças de repolho, quando infectadas de um só lado, podem apresentar assimetria ou deformação. A bactéria prolifera nos tecidos vasculares, podendo exsudar quando o talo é cortado.
A podridão causada pelo patógeno exala forte odor. Em alguns casos, é possível observar subdesenvolvimento, murcha, queda prematura de folhas e apodrecimento das plantas afetadas, consequentemente, ocasionando grandes perdas à produção, já que modifica o aspecto do repolho.
Condições favoráveis
Essa bactéria desenvolve-se bem sob temperaturas entre 28 e 30°C. A presença de água de irrigação, chuva ou condensação são favoráveis para a penetração da bactéria, que ocorre por meio de aberturas naturais (estômatos ou hidatódios) ou por ferimentos (causados por insetos ou tratos culturais) na superfície da parte aérea.
Além disso, Xcc sobrevive em sementes, restos de cultura, hospedeiros alternativos e em plantas doentes remanescentes no campo. Os principais meios de disseminação, a longas distâncias, se dão por sementes ou mudas contaminadas, e a curtas distâncias por respingos de água da chuva ou de irrigação. Também pode ser disseminada durante os tratos culturais.
Sob condições ideais, o surgimento dos sintomas da podridão negra ocorre de 10 a 14 dias após a penetração do patógeno. A temperatura, umidade relativa e a chuva são importantes para o progresso da epidemia no espaço e no tempo, sendo que as bactérias possuem capacidade de sobreviver em condições de grande oscilação tanto quanto a sua população.
Prevenção ainda é o melhor caminho
A prevenção é a principal medida de controle da podridão negra, uma vez que instalada no campo o controle se torna difícil, por se tratar de uma doença sistêmica. Contudo, é recomendado o uso de fungicidas cúpricos, sementes livres do patógeno, práticas culturais que limitam a propagação da doença e a utilização de cultivares resistentes.
Porém, uma vez infectadas, as sementes devem ser tratadas por meio da imersão em água quente, uso de ar aquecido, aplicação de antibióticos, utilização de hipoclorito de sódio, radiação gamma, luz ultravioleta, entre outros. O controle de plantas daninhas hospedeiras é importante, bem como o de pragas, já que estas podem ser agentes de disseminação.
Outras medidas preventivas incluem o uso adequado da irrigação, a desinfecção do maquinário utilizado e o cuidado nos tratos culturais, além do uso de variedades resistentes, que tem sido uma das medidas mais aplicadas. Todas essas medidas, juntas, podem minimizar a doença.