O tratamento de sementes é como um seguro da lavoura, que pode impedir prejuízos e garantir a produção
Ainda que não haja diferença, em termos de eficiência, entre os tratamentos de sementes na fazenda ou industrial, a modernização do sistema industrial tem saÃdo à frente.
Segundo Ademir Henning, pesquisador da Embrapa Soja, “os equipamentos sofisticados de tratamento industrial de sementes(TIS) com a adição de polímeros permitem que as grandes empresas acrescentem mais uma série de produtosà semente. Claro que o tratamento é de melhor qualidade, pois tudo é feito de forma computadorizada. Coloca-se fungicidas, inseticidas, nematicidas (em alguns casos) enraizadores (eventualmente), micronutrientes (Co e Mo), pós-secantes, enfim, cada um tem o seu espaço“, detalha.
E para os pequenos?
Para os pequenos produtores que não são associados a nenhuma cooperativa, há a possibilidade de tratar a própria semente, cujo uso é permitido pela lei 10.711que foi regulamentada pelo Decreto 5.153 e a Instrução Normativa Nº 9 “Tudo que ele precisará é um tambor giratório ou betoneira, e adquirir produtos registrados no MAPA, seguindo os cuidados para evitar contaminação“, informa Ademir Henning.
Profissionalismo
O tratamento industrial da semente (TIS)hoje realizado, tem equipamentos com capacidade para tratar de 20 a 30 ton/hora, sem erros e de acordo com a necessidade do produtor, que tem a tranquilidade e segurança da operação realizada corretamente, de acordo com as necessidades de sua lavoura.
Àsemente podem ser acrescidos os fungicidas (sistêmico e de contato), e se necessário também os inseticidas, nematicidas, enraizadores, aminoácidos, cobalto e/ou molibdênio. Os fungicidas, principalmente as misturas de fungicidas de contato e sistêmico, controlam os principais patógenos que podem ser transmitidos pela semente além de garantir boa emergência das plântulas no campo “Isso é especialmente importante quando a região ainda não tem a determinada doença“, pontua o pesquisador.
Porém, devem-se ter cuidados com o volume final da calda. Sementes com problemas de vigor mais baixo devido à ocorrência de danos mecânicos podem não “suportar“ volumes elevados de calda e consequentemente soltar o tegumento (casca) e não germinar, causando mais problemas do que trazendo benefícios.
Objetivo do tratamento
O tratamento de sementes tem como finalidades limpar o material para que ele não contamine a lavoura, e o mais importante, proteger a semente no solo de fungos, especialmente no tempo incerto de chuvas, que vivemos atualmente.
“A semente de soja precisa de 50 a 55% do peso dela em água para germinar. Senão, ela incha, vira um “˜grão de feijão’ e apodrece.E é ai que entra o fungicida, que repele os organismos do solo, que são os fungos do gênero Aspergillus, principalmente o Aspergillusflavus, de coloração verde, que causa o apodrecimento da semente no solo. A proteção que o tratamento com os fungicidas de contato e sistêmico assegura a semente, em casos de falta de água, garante que caso a semente não atinja o nível de 50 a 55% de umidade, elapode não germinar, porém, ela resiste, não deteriora e quando houver umidade suficiente, a semente germina. Na falta da proteção com os fungicidas, a semente fica a mercê dos fungos presentes no solo e deteriora“, esclarece Ademir Henning.
Proteção eficiente
Existem maisde 100 doenças relatadas em soja no mundo, sendo que mais ou menos 40 delas apresentam importância econômica no Brasil. O tratamento de sementes,além de controlar os principais fungosfitopatogênicos transmitidos pela semente como: Phomopsis sp.,Fusariumsp.Cercosporakikuchii (causador da mancha púrpura da semente) e o fungo causador do mofo-branco, Sclerotiniasclerotiorum, através dos fungicidas benzimidazóis (MBC´s) aliados a um bom fungicida de contato que garantemo bom estabelecimento da lavoura.
Na dose certa
O responsável técnico da fazenda é quem decide como será formulado o tratamento de semente. Se a opção for pelo industrial, já estão disponíveis equipamentos altamente tecnificados que aplicam os fungicidas,os inseticidas, nematicidas, polímeros, pós secantes, Co e Mo, etc,na dosagem certa.
“Isso vai agregar valor à semente porque economizará com outros insumos. Por exemplo, se não há problemas de coró ou lagarta-elasmo na lavoura, para que colocar inseticida? Essa é a importância de o responsável técnico ter a liberdade de falar para o produtor assistido por ele o que precisa ou não colocar na semente, evitando custos desnecessários“, expõe Ademir Henning, alertando que o produtor evite pacotes fechados.
E se o produtor ou técnico não souberem ao certo o que usar, é preciso buscar informações nas instituições de pesquisa, como a Epamig ou a Embrapa, além de outras instituições de pesquisa, evitando desperdÃcios de dinheiro, produto e tempo.
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