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Fogo pode engolir uma floresta inteira

Que o fogo é a maior preocupação do silvicultor todos já sabiam, mas os prejuízos trazidos por ele podem ser ainda mais alarmantes. Os mais visíveis, e facilmente mensuráveis, são as perdas de madeira, tanto diretas (madeira que não pode mais ser colhida ou comercializada), como de qualidade, tendo seu valor agregado reduzido em função da exposição das árvores às temperaturas elevadas

Edmilson Bitti

Coordenador de Proteção da Florestal Corporativa – Fibria

 

Crédito Pixabay
Crédito Pixabay

O risco da ocorrência de incêndios florestais tem forte correlação com as estações do ano. Historicamente, o outono e o inverno são as mais propensas para as ocorrências, devido ao acúmulo de material combustível no sub-bosque da floresta, resultante das chuvas do verão associadas à perda de umidade do material durante os meses seguintes.

Com base nessas características, os meses mais suscetíveis ao risco são agosto e setembro, podendo acumular 50% das ocorrências do ano, por apresentarem níveis mais baixos de umidade do ar, potencializados pela maior ocorrência de vento, que contribuem de forma significativa para a propagação e severidade do fogo.

A combinação de eventos de mudanças climáticas, associada ao clima mais quente e seco que atingiu o País nos últimos anos tem intensificado os registros de incêndios florestais e exigido das empresas ajustes na estratégia de prevenção e combate para garantir a integridade e a produtividade dos plantios.

Especificamente nas regiões onde a Fibria tem sua base florestal, nos Estados de São Paulo, Espírito Santo, Bahia e Mato Grosso do Sul, a última década apresentou índices pluviométricos abaixo da média histórica e chuvas concentradas, o que contribuiu para o aumento desses registros em algumas regiões, potencializados ainda por ocorrências acidentais ou de origem desconhecida.

A companhia possui 1,056 milhão de hectares de florestas, sendo 633 mil hectares de florestas plantadas, 364 mil hectares de áreas de preservação e de conservação ambiental e 59 mil hectares destinados a outros usos.

Após a ocorrência de um incêndio, o valor comercial do material lenhoso desvaloriza - Crédito Pixabay
Após a ocorrência de um incêndio, o valor comercial do material lenhoso desvaloriza – Crédito Pixabay

Prejuízos

Quando falamos em florestas plantadas com finalidade comercial, o prejuízo econômico tende a ser mais significativo num primeiro momento que os impactos ambientais, entretanto, é um grande engano, pois os danos geralmente são irreparáveis. A natureza é forte, mas não é a prova de fogo.

Após a ocorrência de um incêndio, o valor comercial do material lenhoso desvaloriza consideravelmente. Dessa forma, uma medida mitigadora é encontrar um mercado alternativo para essa madeira.

Em empresas produtoras de celulose, por exemplo, a madeira que passou por um incêndio se torna inadequada para o processo, e são direcionadas para a produção de energia, que sustenta o processo fabril.

Outra característica econômica importante é o tempo do ciclo dos cultivos florestais, que varia de cinco a 25 anos, dependendo do produto final desejado. Essa característica, quando comparada com cultivos agronômicos, impõe um risco maior ao valor agregado ao longo dos anos.

 

Floresta de eucalipto plantada pela Fibria - Crédito Fibria
Floresta de eucalipto plantada pela Fibria – Crédito Fibria

Impactos diretos

Os impactos ambientais são imensuráveis. Os incêndios promovem grandes mudanças – desde a estrutura do solo e seus componentes bióticos e abióticos afetam a fauna, comprometem a flora que compõem o sub-bosque florestal e até influenciam nos recursos hídricos locais.

A emissão de CO2 proporciona efeito duplamente negativo, e ambientalmente contribui para o efeito estufa, sendo socialmente responsável por complicações respiratórias.

 

Pedido de socorro

A mortalidade de plantas é a consequência mais drástica a que os cultivos florestais estão suscetíveis. A intensidade do fogo, associado à qualidade de sítio, sanidade das plantas, altura de crestamento e condições climáticas determinam as consequências dos incêndios sobre a produtividade das florestas.

O fogo, ao atingir uma floresta plantada, influencia na capacidade de produção de energia por meio da fotossíntese, assim como é o motor de um automóvel. O efeito do crestamento ou incêndio de copa proporciona redução da capacidade fotossintética de uma floresta, impactando diretamente na produtividade do cultivo florestal de duas maneiras: (i) redução do crescimento pela menor capacidade de fornecer energia para a síntese metabólica e formação de novo extrato arbóreo; e (ii) aumento de mato-competição com plantas espontâneas do sub-bosque por água e nutrientes, uma vez que, com redução da copa, a quantidade de radiação que chega à superfície do solo é suficiente para favorecer a germinação das sementes presentes no local.

Equipamento que aplica 950 litros de espuma por minuto - Crédito Alberto Laranjeiro
Equipamento que aplica 950 litros de espuma por minuto – Crédito Alberto Laranjeiro

Qualidade

A biota do solo é classificada em microrganismos, micro, meso e macrofauna, de acordo com o tamanho de seus representantes (bactérias, fungos, algas, protozoários, nematoides, ácaros, colêmbolas, anelídeos, térmitas, formigas, moluscos, crustáceos, aracnídeos, entre outros). Desempenham importante papel no transporte de material da serapilheira para o solo, fragmentação dos resíduos vegetais, decomposição e estabilização da matéria orgânica, ciclagem de nutrientes, agregação e estruturação do solo.

Essa é parte da matéria de capa da Revista Campo & Negócios Floresta, edição de maio de 2018. Adquira o seu exemplar para leitura completa.

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