Às vezes é preciso um empurrãozinho da vida para transformar o destino. E foi graças a isso que surgiu a paixão de Leonardo Moço Ribeiro, hoje um empresário, pelos cafés. Sua história começou em 2005, quando o até então analista de sistemas decidiu jogar tudo para o alto e traçar novos planos, caindo no mundo em busca de sua nova paixão: o café.
Léo, como é conhecido, morou durante três meses em uma fazenda produtora para entender todo o processo, do plantio à torra. Conheceu inúmeros produtores e “provou, provou, provou“, como costuma dizer.
Após pesquisar muito e adquirir experiências pelo Brasil, ele lançou, em 2005, seu primeiro empreendimento na área, implantado dentro da livraria Largo das Letras, no Rio de Janeiro, sua cidade natal. Três anos mais tarde, fundou o Cafuné, também na capital carioca.
Na sequência, trabalhou como consultor e ajudou a criar a casa O Café, em Nova York (EUA). A paixão por esse mundo cresceu e em 2009 surgiu o Grupo Café do Moço, com sede em Curitiba (PR), que hoje engloba o Barista Coffee Bar e a microtorrefação Café do Moço, que tem revolucionado a forma de se produzir cafés especiais no Brasil.
Quebra de paradigmas
O projeto nasceu com o objetivo de quebrar paradigmas e tornar o café especial uma realidade no País, entregando aos clientes a melhor bebida com preços acessÃveis. “Nossa missão é criar um ciclo sustentável em toda a cadeia deste universo tão rico e com muito a ser explorado“, explica Léo Moço.
A torra do café é feita de forma artesanal, com os grãos selecionados pelo próprio barista diretamente com os produtores, tudo a partir de visitas e provas regulares. Todo esse trabalho resulta em bebidas bem peculiares, com características únicas e que, antes de tudo, valorizam o trabalho dos pequenos produtores.
Os grãos vêm de diversas regiões do Paraná e de outros Estados brasileiros, selecionados a partir de pesquisas realizadas pelo barista. Cada saca recebe um carinho especial, sendo preparada com o maior cuidado possível, respeitando suas características. “Nosso processo é bem artesanal, desde o treinamento dos produtores para a produção correta até a torrefação. Hoje, nossa produção é enviada para qualquer parte do País. Os cafés são torrados semanalmente e enviados de acordo com a demanda“, explica Léo Moço.
Reconhecimento nacional
Em 2013, Léo foi consagrado como o Melhor Barista do País e ficou em segundo lugar no Campeonato Brasileiro de Preparo de Café, com um café fermentado com leveduras de cerveja. Em 2015, conquistou novamente o tÃtulo de Melhor Barista com o primeiro resultado do projeto Red Foot, que apoia pequenos produtores do centro-norte do Paraná a melhorarem a produção de café. Atualmente, Léo é tricampeão brasileiro.
Cafés especiais
Amicrotorrefação artesanal de cafés especiais começou em 2009. “No início eu vendia no meu blog, onde eram anunciados quatro tipos diferentes de cafés, o cliente escolhia, eu torrava e entregava em casa, no Rio de Janeiro. Era um projeto para o cliente ter acesso a um café recém-torrado. Comecei de modo bem artesanal, torrando 450 gramas por vez. Então houve uma progressão da minha carreira, porque o barista trabalha mais na cafeteria, e eu tinha o sonho de ter um café com a minha marca, em que eu pudesse escolher o grão que ia comprar e como faria a torra“, lembra.
Foi da sua ida aos EUA, com muitos treinamentosna área, que o sonho se concretizou. De lá foram trazidos os torradores que deram início ao pequeno negócio. Hoje, Léo torra uma 1,5 a duas toneladas de café.
Os contras da torrefação convencional
Existem grandes torrefadores industriais que torram café em três a cinco minutos. Para Léo, extrair o sabor máximo do café é algo muito difícil com os torradores muito grandes. Por isso, ele não pretende abrir mão da torrefação artesanal em pequenas quantidades. “Não tem como evoluir o sabor do café quando a torra é muito rápida.É preciso tempo para apurar os sabores, criar acidez desejável, controlar o corpo do café e não trazer amargor para a bebida. Torramos com uma curva, um perfil de torra, e se essa curva não é seguida, têm-se sabores não muito desejados, então se perde em qualidade“, explica o empresário.
Ainda segundo ele, de nada adianta comprar um grão muito bom e caro e colocar em um torrador que vai fazer a torra em três minutos.
Demanda garantida
Por ter uma cafeteria, Léo sente a resposta do mercado à microtorrefação no dia a dia, com vendas crescentes a cada dia. “Já é bem destacado para o consumidor o porque é importante ter um perfil de torra. O café é um produto que oxida muito rápido.Quando vamos ao mercado e compramos um café, não temos essa referência de quando o café foi torrado. Na cafeteria, no café especial, sempre se tem a especificação da data da torra do café. Ou seja, é a garantia de que se está comprando um produto mais caro, mas que está com o frescor e o sabor preservado“, ressalta.
Na cafeteria de Léo, os cafés são servidos com a torra realizada há, no máximo, sete dias, porque a prioridade é manter o máximo do frescor daquele café. Mas a recomendação é de até 30 dias depois de torrado, para os cafés especiais.