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Bioestimulantes e formas de aplicação de Azospirillun brasiliense na soja

 

Eli Carlos Oliveira

Engenheiro agrônomo, doutor e professor – Universidade Estadual de Londrina (UEL)

elioliveira.agro@gmail.com

Fernando Simoni Bacileri

Engenheiro agrônomo, mestre e doutorando em Agronomia – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

ferbacilieri@zipmail.com.br

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

O consumo de fertilizantes no Brasil tem crescido substancialmente nos últimos anos, sendo este mercado frágil e com grande dependência das importações. A cultura da soja representa cerca de 40% dos fertilizantes consumidos no País, e tal percentual seria muito maior caso não fossem utilizados alguns microrganismos, como as bactérias fixadoras de nitrogênio atmosférico, as bactérias promotoras do crescimento de plantas (BPCP), os fungos micorrízicos, entre outros, que desempenham um papel relevante e estratégico para garantir altas produtividades a baixo custo e com menor dependência de importação de insumos.

O uso de BPCP que visa aumentar a eficiência de utilização dos fertilizantes torna-se uma estratégia economicamente viável, além dos consequentes benefícios ambientais associados à redução no uso de fertilizantes (Hungria, 2011).

Raízes de soja inoculada - Crédito Embrapa Agropecuária Oeste
Raízes de soja inoculada – Crédito Embrapa Agropecuária Oeste

Quem são elas

As BPCP correspondem a um grupo de microrganismos benéficos às plantas devido à capacidade de colonizar a superfície das raízes, rizosfera, filosfera e tecidos internos das plantas (Davison, 1988; Kloepperet al., 1989).

Embora os mecanismos da ação de BPCP ainda não estejam completamente esclarecidos, a promoção de crescimento pode ocorrer pela produção de fitormônios, como auxinas e giberelinas, por inibição da síntese de etileno e de mineralização de nutrientes (Teixeira, 2001).

Em geral, a promoção do crescimento depende de vários mecanismos, sendo os principais efeitos de BPCP relacionados ao aumento da raiz, caule e crescimento de ramos e, consequentemente, aumento do rendimento da planta, podendo também suprimir microrganismos deletérios ou patogênicos (Luz, 1996; Digatet al., 1993; Mahafee; Kloepper, 1994) ou estimular a associação de fungos micorrízicos e Rhizobium sp. (Mahafee; Kloepper, 1994).

O gênero Azospirillum abrange um grupo de BPCP de vida livre encontrada em quase todos os lugares da terra com considerável potencial de aplicação na agricultura, pois quando inoculadas em diversas espécies (especialmente gramíneas), apresentam mecanismos que influenciam o desenvolvimento da planta e a fixação biológica do nitrogênio, devido à estimulação da produção de fitohormônios pelas plantas, o que pode melhorar aspectos fisiológicos.

 As BPCP correspondem a um grupo de microrganismos benéficos às plantas - Crédito Shutterstock
As BPCP correspondem a um grupo de microrganismos benéficos às plantas – Crédito Shutterstock

O nitrogênio

As bactérias associativas (ex.: Azospirillum spp.,Azotobacter spp.) excretam somente uma parte do nitrogênio fixado diretamente para a planta associada. Posteriormente a mineralização das bactérias pode contribuir com aportes adicionais de nitrogênio para as plantas, contudo, é importante salientar que o processo de fixação biológica por essas bactérias supre apenas parcialmente as necessidades das plantas.

O fator-chave para o sucesso da inoculação com Azospirillum é a seleção de estirpe(s). Ainda que não tenha sido claramente evidenciada especificidade entre as plantas e as bactérias, há relatos indicando alguma afinidade com determinadas espécies (Penotet al., 1992), ou mesmo cultivares (Wani et al., 1985) de plantas.

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

Ação bioestimulante nas culturas

Bioestimulantes podem ser definidos como substâncias, incluindo microrganismos que são aplicados às plantas, sementes, solos, ou outros meios de cultura que podem aumentar a capacidade da planta de assimilar nutrientes ou fornecer benefícios ao desenvolvimento das plantas.

Na literatura há relatos sobre as respostas fisiológicas induzidas por Azospirillum, indicando, inclusive, melhorias em parâmetros fotossintéticos das folhas, incluindo o teor de clorofila e condutância estomática, maior teor de prolina na parte aérea e raízes, melhoria do potencial hídrico, incremento no teor de água nas células, maior elasticidade da parede celular, produção de biomassa e altura de plantas.

Bashanet al. (2006) relatam incremento em vários pigmentos fotossintéticos, tais como clorofila a, b, e pigmentos fotoprotetivos auxiliares, como violaxantina, zeaxantina, ateroxantina, luteína, neoxantina e beta-caroteno, que resultariam em plantas mais verdes e sem estresse hídrico.

Em todos os estudos temse observado que a colonização por essas bactérias proporcionaa produção dos fitohormônios que estimulam a formação do sistema radicular, que resulta em uma maior eficiência na absorção dos nutrientes.

Consequentemente, aumenta o crescimento, desenvolvimento e rendimento de culturas agronomicamente importantes em todo o mundo. Portanto, a aplicação de Azospirillum brasilense poderá estimular a produção de fitohormônios na cultura da soja, favorecer a fotossíntese e apresentar ação bioestimulante.

Composição

As bactérias se associam a diversas plantas em diferentes graus de especificidade, levando à classificação como bactérias associativas, endofíticas ou simbióticas. A simbiose das leguminosas com as bactérias de gênero Rhizobium parece ser o sistema que mais contribui em termos de incorporação do N2.

Estima-se que 20% do N2 fixado anualmente na terra provêm da associação Rhizobium x leguminosas (Yamada et al., 1988).

A coinoculação consiste em adicionar mais de um microrganismo reconhecidamente benéfico às plantas, visando maximizar a contribuição dos mesmos. Um exemplo já utilizado por agricultores é a coinoculação das sementes de soja com bactérias do gênero Rhizobium em conjunto com Azospirillum.

Os mecanismos de ação doRhizobium e do Azospirillum são distintos, sendo que o primeiro atua na fixação de N e o segundo tem efeito principalmente na produção de fitormônios, com grande impacto no crescimento das raízes (Hungria &Nogueira, 2014).

Essa matéria completa você encontra na edição de maio de 2018 da Revista Campo & Negócios Grãos. Adquira o seu exemplar para leitura completa.

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