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Saladete rasteiro – O tomate de dupla aptidão

Camila Queiroz da Silva Sanfim de Sant’Anna

Doutoranda em Produção Vegetal pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF)

agro.camilaqs@gmail.com

Créditos Camila Queiroz da Silva
Créditos Camila Queiroz da Silva

Um nicho de mercado que vem crescendo é o grupo denominado tomate saladete ou italiano. Caracteriza-se por apresentar dupla aptidão, sendo recomendado tanto para o processamento quanto para uso in natura; possuir frutos longos (07 a 10 cm), com diâmetro transversal reduzido (03 a 05 cm), biloculares, polpa espessa, coloração vermelha intensa e uniforme, além da combinação de características como firmeza e sabor, que atraem cada vez mais consumidores e produtores que buscam excelência em qualidade e rentabilidade.

Atualmente, o mercado dispõe de muitas cultivares de tomate saladete do tipo rasteiro que, além de bom desempenho agronômico e alta qualidade de frutos, possui resistência às principais doenças que acometem a cultura, sendo um promissor investimento no campo da tomaticultura.

Perspectivas de mercado e viabilidade de produção

O cultivo de tomate do grupo italiano (saladete) tem ganhado cada vez mais expressão nas regiões produtoras, principalmente São Paulo e Minas Gerais, devido à forte tendência do mercado consumidor em preferir frutos mais saborosos, de coloração uniforme e firme.

Destaca-se, ainda, o forte potencial para mercado gourmet, que vem conquistando uma importante fatia do mercado, correspondendo a 20% da produção do tomate de mesa, e com consumidores dispostos a pagar por sua qualidade (Santiago, 2006).

O tomate saladete do tipo rasteiro possui grande potencial in natura devido à produção de até 56,2% de frutos graúdo e médio, que são mais valorizados comercialmente, além do menor custo de produção em relação aos tomateiros estaqueados (Grilliet al., 2000; Alvarenga, 2004)

Outras características que tornam seu cultivo viável consistem em menor ciclo (100 a 130 dias), colheita concentrando-se em no máximo 30 dias, além de menor número de práticas culturais durante o cultivo, implicando na redução dos custos em 50 a 60% em relação ao tomate tutorado (estaqueado) (Alvarenga, 2004; Machado et al., 2007).

O tomate saladete tem ganhado cada vez mais expressão nas regiões produtoras - Créditos Camila Queiroz da Silva
O tomate saladete tem ganhado cada vez mais expressão nas regiões produtoras – Créditos Camila Queiroz da Silva

Menor custo de produção sem perder qualidade

A importância na redução dos custos de produção, sobretudo na conjuntura econômica atual, é cada vez mais notória, a fim de driblar as elevações recorrentes dos insumos, que impactam diretamente no bolso dos produtores e, consequentemente, no preço final para o consumidor.

Conforme apuração dos custos de produção do tomate pela Hortifruti Brasil (2017), Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, sendo variável em relação à região de cultivo, ao sistema de produção empregado (campo, estufa, por exemplo), além de levar em conta a cultivar utilizada, sugere-se que para produzir um hectare de tomate do tipo indeterminado o custo seja, aproximadamente, de R$100 mil ou R$25,00 a R$ 30,00 por caixa de 23kg.

Comparando os custos de produção com o tipo rasteiro, segundo Alvarenga (2004) e Machado et al. (2007), a redução desses custos pode ser de, aproximadamente, 50%. Deste modo, utilizando-se os mesmos parâmetros anteriores para a apuração dos custos do tomate rasteiro, os valores correspondentes à produção de um hectare são de cerca de R$ 50mil, ou R$12,50 a R$ 15,00 por caixa de 23 kg.

Essa redução justifica-se em razão do menor número de práticas culturais durante o cultivo, sobretudo quanto à redução da mão de obra empregada, e também pela substituição de grande parte da mesma pela mecanização nas etapas de plantio, colheita e na aplicação de defensivos e fertilizantes, que chegam a reduzir os custos em 30 a 40%.

Ainda, necessita de menor desbrota e da ausência das etapas de estaqueamento e tutoramento, devido ao tomate rasteiro possuir caule ramificado, sem dominância apical, em que cada haste ou ramificação apresenta um ramo floral apical, correspondendo ao terceiro cacho de cada ramo, tendo seu crescimento vegetativo limitado (Batista e Leal, 1983; Ledo, 1994; Alvarenga, 2004; Machado et al., 2007).

Foto 03

Superando os entraves no cultivo do tomate rasteiro

Segundo Kimotoet al., (1984) e Machado et al., (2007), um dos principais problemas do sistema rasteiro é a podridão de frutos, ocasionando redução considerável na produção e inviabilizando, deste modo, seu consumo in natura, sobretudo em condições desfavoráveis de precipitação e umidade relativa elevadas (propiciam a incidência de doenças fúngicas e bacterianas), além do pisoteio durante a colheita, uma vez que a planta tende a ocupar o solo.

Os avanços nas pesquisas e tecnologias de produção permitiram disponibilizar alternativas para contornar tais problemáticas: o uso de coberturas plásticas nos canteiros (mulching) evita o contato do fruto diretamente com o solo, além de economizar mãodeobra com práticas de manejo (capina), reduzir o uso de defensivos químicos, economizar irrigação (menor evaporação) e implicar em menor incidência de doenças e pragas.

Além disso, a realização do cultivo em estufas ou casas de vegetação possibilita o maior controle das condições ambientais e fitossanitárias durante todo o ciclo produtivo, e obtenção de maior produtividade da cultura.

Cultivares saladete rasteiro disponíveis no mercado

A aplicação de técnicas de melhoramento genético vegetal tem possibilitado a disponibilidade de muitas cultivares que, além de seus atrativos qualitativos, possuem alta performance agronômica e resistência às principais doenças que afetam a cultura, possibilitando ao produtor a comercialização com maior sanidade, além da obtenção de maior produtividade.

Essa matéria completa você encontra na edição de maio de 2018 da Revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira o seu exemplar para leitura completa.

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