Roberta Camargos de Oliveira
Engenheiraagrônoma, doutora e PhD em Agronomia – Universidade Federal de Sergipe““ UFS
Fernando Simoni Bacilieri
Engenheiro agrônomo, mestre e doutorando em Agronomia – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
Andreia Pereira dos Santos
Graduanda em Agronomia (UFU)
Morangos (Fragaria anamassa) são uma excelente fonte de vitamina C e ferro, uma boa fonte de folato e potássio, e são relativamente baixos em calorias. É considerado uma das frutas mais apreciadas e alcançou uma posição de destaque no mercado de frutas frescas e para indústria de processamento, por ser uma fruta atraente, saborosa e com aroma e sabor distinto e agradável.
Origem e características
O morangueiro é um híbrido interespecífico resultante de cruzamentos entre F. chiloensis e F. virginiana. O Brasil é responsável pela segunda maior produção de morangos da América Latina, com cerca de 90% da produção total dos frutos concentrada em Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo.
A cultura apresenta fase vegetativa com formação de estolões, emissão de folhas e a formação de coroas secundárias. A fase reprodutiva inicia-se com a indução floral, seguida do surgimento das flores, crescimento e maturação dos frutos. Estas fases interagem de forma complexa com o ambiente e o conhecimento desta interação é fundamental para atender os rendimentos e qualidade exigidos pelo mercado.
Nutrição de ponta
Melhores características físico-químicas do morango garantem a aceitação pelo mercado consumidor e aumentam o rendimento no processamento e industrialização. Nesse sentido, a nutrição e adubação do morangueiro, aliadoà utilização de técnicas de processamento, têm sido importantes fatores levados em consideração para melhorar a produtividade, a conservação pós-colheita e as propriedades físico-químicas do fruto.
As plantas nutridas adequadamente são capazes de suportar condições estressantes, com menores impactos em seu desenvolvimento e, em consequência, no rendimento. O estresse nas plantas é causado pela presença externa de uma condição desvantajosa para a cultura, podendo ser de ordem biótica (plantas infestantes, vírus, bactérias, fungos, insetos, fitotoxicidez de agroquímico, etc.) ou abiótica (radiação solar, temperatura, água, gases, nutrientes, vento, geada, granizo, etc.).
O estresse pode ser caracterizado por alterações morfológicas ou fisiológicas no padrão de desenvolvimento típico da cultivar. As alterações morfológicas podem ser observadas pela modificação em algum órgão da planta, ao passo que alterações fisiológicas se relacionam ao metabolismo vegetal, podendo ou não ser visualmente detectado.
Nos dois casos, podem gerar redução significativa na produção de biomassa, mudança de coloração das folhas, atraso na floração e frutificação e formação de frutos com deformação ou com menor acúmulo de fotoassimilados que determinam o sabor adocicado do morango.
Estes danos podem ser maiores ou menores de acordo com a intensidade e período de atuação do fator causal do estresse e a ambiência e recursos disponíveis para as plantas resistirem ao efeito desfavorável.
Atenção
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É bom lembrar que as plantas, quando submetidas a fatores de estresse, precisam se defender dessa condição no intuito de minimizar perdas ao longo do ciclo de cultivo. Neste sentido, boa parte da energia que poderia estar sendo utilizada para formar novas folhas, flores e frutos é destinadaa driblar condições desfavoráveis, e com isso, o potencial de produção e os investimentos podem ser perdidos no decorrer do ciclo.
Dentre as práticas de manejo que visam reduzir o estresse das plantas, destaca-se o suprimento de nutrientes ao longo do ciclo de cultivo, via foliar ou fertirrigação, em doses pequenas de formulações diversas. Tais aplicações configuram uma melhoria no sistema de fertilização das culturas, especialmente em olerÃcolas, como o morangueiro, que apresentam alta capacidade de conversão de nutrientes em biomassa e produtividade.
Os aminoácidos
As aplicações foliares determinam melhorias no vigor e rapidez no desenvolvimento das plantas. No entanto, é prudente destacar que especial atenção deve ser direcionada à formulação e quantidade de nutrientes, uma vez que o desbalanço entre os nutrientes pode ser muito danoso às plantas, devido à competição entre os cátions e aníons pelos sÃtios de absorção.
As aplicações foliares têm propiciado resultados eficientes, especialmente relacionados à combinação dos nutrientes com outras substâncias benéficas, classificadas como bioestimulantes.
Dentro desta categoria há subdivisões, com enfoques variados segundo o objetivo abordado. Os aminoácidos, por exemplo, são excelentes compostos para associação com nutrientes em aplicações foliares.
Os aminoácidos são moléculas constituÃdas de um carbono central (C) ligado a um grupamento carboxila (COOH), um grupamento amina (NH2), um átomo de hidrogênio (H) e um radical genericamente conhecido por “R“ que os diferencia entre si.
Os vegetais sintetizam os aminoácidos por meio do seu metabolismo, porém, o fornecimento exógeno pelos produtos comerciais torna-se mais do que benéfico e estratégico, pela economia energética da planta, que pode prontamente assimila-lo ao invés de ter que sintetizá-lo, o que é particularmente importante frente a uma condição estressante.
Estes avanços e resultados benéficos obtidos na fisiologia da planta são derivados de pesquisas científicas com várias culturas e combinações de produtos nas últimas décadas. Os estudos foram possÃveis devido ao salto tecnológico que forneceuequipamentos de última geração e ampliou os conhecimentos sobre a bioquÃmica, fisiologia vegetal, microrganismos, entre outras áreas da ciência, permitindo um melhor entendimento de diversas relações dentro da planta e da interação com os fatores do meio ambiente.
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