Talita de Santana Matos
Pós-doutoranda em Agronomia/Ciência do Solo ““ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
Elisamara Caldeira do Nascimento
Professora do curso técnico em Agropecuária SECITEC- MT
Rafael Campagnol
Doutor e professor de Olericultura – Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)
Glaucio da Cruz Genuncio
Doutor e professor de Fruticultura – UFMT
O cultivo de pimentões é uma atividade significativa para o setor agrícola brasileiro. Anualmente, cerca de 12.000 ha são cultivados com esta hortaliça, com uma produção de aproximadamente 280.000 toneladas de frutos.
A produção de pimentão existe em todos os Estados da Federação, mas concentra-se em São Paulo e Minas Gerais que plantam, em conjunto, cerca de 05 mil ha, alcançando uma produção de 120 mil toneladas. Somente o mercado nacional de sementes de pimentão movimenta US$ 1,5 milhão.
Sob proteção
O pimentão é geralmente cultivado em campo aberto, contudo, nos últimos dez anos vem crescendo o uso de telados e estufas agrícolas na produção de hortaliças e frutas de maior valor comercial, devido a ganhos na produtividade e qualidade, sobretudo na estação chuvosa.
A fase de produção de mudas, por sua vez, sempre é feita com algum tipo de proteção, seja estufa, telado ou mesmo ripados rústicos, devido à sensibilidade das plantas nesse estágio.
A expressão “cultivo em ambiente protegido“ tem sido utilizada, na literatura internacional, com um significado bastante amplo. O termo cultivo protegido engloba um conjunto de práticas e tecnologias utilizadas pelos produtores para um cultivo mais seguro e protegido de hortaliças, frutÃferas ou ornamentais.
Entenda melhor
Para maior eficiência deste tipo de cultivo é necessário compreender a inter-relação da planta e dos fatores microclimáticos dentro do ambiente protegido.
As plantas são afetadas por diversos fatores ambientais, genéticos, edafoclimáticos e fisiológicos, tais como fotossíntese, evapotranspiração, respiração, absorção de água e elementos minerais e seu transporte, clima, temperatura, fotoperíodo, entre outros.
Entretanto, tanto a qualidade quanto a quantidade de luz afetam consideravelmente o crescimento e o desenvolvimento dos vegetais. Sendo assim, o uso de ferramentas que possibilitem o controle e favoreçam que tais fatores sejam mais bem explorados promovem aumento da precocidade, produtividade e permitem a produção fora de época.
O ambiente protegido tem os elementos micrometeorológicos modificados no seu interior, tais como: temperatura, umidade relativa, pluviosidade, velocidade do vento e, principalmente, no que diz respeito à radiação solar, sendo que estas modificações ambientais causadas pelo ambiente protegido se devem aos filmes ou malhas de cobertura que alteram o balanço de radiação do sistema composto pela planta, solo e atmosfera.
Ação direta
A luz ou comprimento de onda no espectro visÃvel ou radiação fotossinteticamente ativa (PAR) é de fundamental importância para a geração de energia (ATP e NADPH) na primeira etapa da fotossíntese (etapa fotoquÃmica).
Sabendo-se que a fotossíntese é responsável por praticamente toda a entrada de energia na biosfera, com a produção de mais 100 bilhões de toneladas de açúcar em uma escala mundial, produzidas por organismos fotossintetizantes, pode-se afirmar que a luminosidade é primordial para a sobrevivência do planeta.
A partir desta afirmação, constata-se que em quaisquer sistemas de produção agrícola a luminosidade é condição básica para o crescimento e desenvolvimento das plantas. Uma ressalva aqui é importante: o crescimento basicamente é referenciado com acúmulo de massa, e geralmente é dado por quantidade de luz (irradiância ““ mmol de fótons m-2 s-1). Já quando referenciamos desenvolvimento, fatores como comprimentos de onda dentro de espectro de absorção são os responsáveis por mudanças tanto morfológicas quanto fisiológicas e bioquímicas nos vegetais.
Ondas
A discussão fisiológica quanto à importância do comprimento de onda (luz de diversas cores, as quais podemos distinguir quando observamos o arco-Ãris) em termos aplicáveis no campo, tanto no crescimento quanto no desenvolvimento das plantas cultivadas, pode ser referenciada a partir do uso de telas que selecionam comprimentos de onda específicos, como a tela vermelha.
O uso desta tecnologia em casas de vegetação, ou de maneira mais ampla (cultivo em ambiente protegido) visa selecionar o comprimento de onda na faixa do vermelho (próximo aos 670 nm) e vem se adaptando muito bem às solanáceas, dentre elas o pimentão.
Assim, quando o produtor faz uso de uma tela vermelha, ele basicamente usa conceitos fisiológicos para o aumento de fotoassimilados, que se traduz, ao nível do campo, em aumento tanto na produção quanto na produtividade de suas plantas.
Com isso, a luminosidade é condição básica para o crescimento, assim como o desenvolvimento de plantas cultivadas em ambiente protegido.
Proteção
De modo geral, ao se cultivar espécies agrícolas em casas de vegetação, o que se busca é a proteção destas plantas contra, por exemplo, a radiação ultravioleta (UV), assim como contra o excesso de irradiância, o que pode gerar a fotoinibição (isto é, a queima das plantas por excesso de luminosidade).