Fabiano Pacentchuk
Engenheiro agrônomo, mestre em Produção Vegetal e doutorando em Agronomia – Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro)
Criz Renê Zanovello
Engenheiro mecânico e mestrando em Produção Vegetal ““ Unicentro
Luana Karolline Ribeiro
Juliano Burko
Acadêmicos de Agronomia ““ Unicentro
Itacir Eloi Sandini
Engenheiro agrônomo, doutor e professor de Agronomia ““ Unicentro
O milho (Zea mays L.) é uma das mais importantes plantas de lavoura cultivadas e consumidas em todo o mundo. A importância deve-se ao seu elevado potencial produtivo, composição quÃmica e valor nutricional. Essas culturas assumem um papel socioeconômico relevante no Brasil como resultado da multiplicidade de aplicações e indústria de alta tecnologia (Gazola et al., 2014).
O Brasil é o terceiro maior produtor de milho do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da China. No Sul do Brasil, o milho é cultivado durante a primeira temporada, com plantio a partir de setembro e colheita de fevereiro a abril.
Além disso, em regiões onde as temperaturas do inverno não são muito baixas, como no Sul, Centro-Oeste e Sudeste, o milho é cultivado como uma safra de segunda temporada, também conhecida como “safrinha” ou milho segunda safra.
Doenças
No Brasil, o milho foi considerado uma planta rústica capaz de suportar o ataque de patógenos sem comprometer seu rendimento (Pereira, 1997). No entanto, a partir do final dos anos 90, o aumento da incidência e da gravidade das doenças ocorreu em diversas regiões de todo o País (Pinto, 2004).
Em 2000, um surto grave de manchas foliares de cor cinzenta foi registrado na região sudoeste do Estado de Goiás, o que causou perdas de rendimento de até 80% (Costa et al., 2009). Desde então, o manejo das doenças ganhou mais atenção e mais pesquisas foram direcionadas para essa importante cultura.
Vários fatores foram associados ao aumento na incidência de doenças no milho, incluindo (mas não limitando): aumento da adoção do plantio direto, com a manutenção dos resíduos da cultura na superfície do solo; monocultura de milho; uso de genótipos suscetÃveis; aumento na densidade de semeadura (número de plantas por hectare); aumento na área de produção e expansão da época de cultivo com as áreas de milho segunda safra ou “safrinha”.
As doenças foliares no milho podem ser causadas por agentes patogênicos biotróficos, como Puccinia spp. ou patógenos necrotróficos, como Cercospora zeae-maydis e Exserohilum turcicum.
Uma opção a mais
A semeadura do milho segunda safra nos primeirosmeses do ano representa uma opção para oincremento na renda dos agricultores, mas aomesmo tempo exige maior atenção quanto àstécnicas de manejo de doenças. Em funçãodas adversidades climáticas na época desemeadura do milho segunda safra, as plantas estão maissuscetÃveis ao ataque de doenças.
Assim como o milho de primeira safra, o milho segunda safra pode ser acometido por uma série de doenças, com destaque para:
ÃœCercosporiose(Cercospora zeae-maydis) – também é conhecida comomancha de cercosporiose ou mancha acinzentada.A disseminação da cercosporiose ocorre por meio de esporos e restos de cultura levadospelo vento e por respingos de chuva. Assim, osrestos de cultura são fonte de inóculo local epara outras áreas de plantio. A ocorrência detemperaturas entre 25 e 3ºC e umidade relativado ar superior a 90% são consideradas ideais.
ÃœMancha branca (etiologia não tão bem conhecida) ““ também conhecida como pinta branca, é uma doençade ampla distribuição pelo território brasileiro.O aumento da incidência e da severidade da doença é favorecido pela semeadura tardia, ausênciade rotação de culturas, cultivo de milho segunda safra epresença de restos culturais.
ÃœFerrugem polissora (Puccinia polysora) – é a mais agressiva e destrutiva das doenças do milho na região central do Brasil. A ocorrência da doença é dependente da altitude, ocorrendo com maior intensidade em altitudes abaixo de 700 m, onde predominam temperaturas mais elevadas (25 a 35ºC).
ÃœFerrugem tropical ou ferrugem branca(Physopella zeae) – caracteriza-sepor ocorrer em plantios tardios em regiões debaixa altitude. Por ser um patógeno de menorexigência em termos de umidade para o progressoda doença, a severidade da doença tendea ser maior em plantios de safrinha.
ÃœHelmintosporiose(Exserohilum turcicum)- o patógeno causador desta doença está presenteem todas as áreas cultivo de milho do País. Se as condições forem favoráveis ao fungo(alta umidade e temperatura entre 18 e 27ºC) e se a cultivar utilizada não possuir nívelde resistência satisfatório, o dano econômicopode ser bastante significativo. As maiores severidadesdesta doença ocorrem nos plantiosde safrinha e, quando a doença se inicia antesdo período do florescimento, as perdas podemchegar a 50%.
Manejo
Como se observou, são inúmeras as doenças que podem ocasionar perdas de produtividade na cultura do milho, assim, táticas de manejo que diminuam a incidência e/ou severidade destas são fundamentais para viabilizar o cultivo do milho segunda safra.Neste contexto, a redução da severidade das doenças foliares do milho por aplicação de fungicidas tem sido relatada por vários autores (Blandino et al., 2012; Bradley e Ames 2010).
Os fungicidas são substâncias químicas que, quando aplicadas às plantas, são capazes de protegê-las contra a infecção eo crescimento de patógenos (Reis et al., 2001). Atualmente, existem diferentes fungicidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) no Brasil para uso em milho, pertencentes a diferentes classes, como triazois, estrobilurinas, dicarboxamidas, benzimidazóis, entre outros.