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Fertilizantes organominerais beneficiam solo e geram economia de custos

 

Bruno Nicchio

Doutorando em Agronomia, Grupo de Pesquisa “Silício na Agricultura“, Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

bruno_nicchio@hotmail.com

Marlon Anderson Marcondes

Engenheiroagrônomo,especialista em Segurança no Trabalho eprofessor no Colégio Profissional

Murilo Martins

Pesquisador associado do Departamento de Solo, Planta e Meio Ambiente – Universidade do Estado da Louisiana, Estados Unidos

Crédito Luize Hess
Crédito Luize Hess

O fertilizante organomineral é uma mistura de compostos orgânicos com a complementação de fontes minerais. Devido à alta quantidade de matéria orgânica e mineral, as perdas dos nutrientes essenciais, como NPK via volatilização, fixação e lixiviação, são reduzidas consideravelmente, resultando no maior aproveitamento do adubo no solo e consequente elevação de produção.

Diversos estudos mostram que o fertilizante organomineral pode favorecer a melhor retenção de água, a melhoria das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, além de influenciar a absorção de nutrientes de outros elementos, devido à matéria orgânica presente no fertilizante.

Vantagens para o solo e para as HF’s

A matéria orgânica tem efeitos benéficos sobre o solo, influenciando as suas propriedades, afetando sua fertilidade e contribuindo substancialmente para o crescimento e desenvolvimento das plantas.

A influência nas características biológicas do solo é direta, por atuar como fonte de carbono, energia e nutrientes para os microrganismos e, consequentemente, para o solo.A adição de matéria orgânica via organomineral nosolo proporciona adição de carbono (Bayer, 1999).

Uma das principais vantagens do uso de organomineral em HF é a incorporação de matéria orgânica no sistema de produção, pois sua aplicação pode afetar diversos fatores diretos e indiretos do solo e da planta. Além disso, há aumento da eficiência e aproveitamento dos nutrientes provenientes do fertilizante no cultivo dos vegetais.

Os organominerais atuam de forma benéfica na biologia do solo, aumentando a presença deorganismos vivos, reduzem organismos que atuam como patógenos ao sistema radicular, permitindo, assim, não apenas o crescimento do sistema radicular, mas também a formação de raízes saudáveis.

O efeito de liberação gradual também pode contribuir para o desenvolvimento das plantas ao disponibilizar os nutrientes ao longo do cultivo. Além de melhorar as características do solo, como mencionado anteriormente, o organomineral pode contribuir para o melhor aproveitamento de água do solo pelas plantas, resistindo ao estresse hídrico.

Os organominerais aumentam a presença de organismos vivos no solo - Crédito Ana Maria Diniz
Os organominerais aumentam a presença de organismos vivos no solo – Crédito Ana Maria Diniz

Aplicação

A aplicação de organomineral pode ser dividida em duas etapas: base e complementar. A adubação de base, ou seja, adubação de plantio pode ser realizada via organomineral sólido, proveniente da produção de um fertilizante solúvel (NPK convencional) e uma matéria-prima orgânica (cama de frango, vinhaça, lodo de esgoto e etc.) no mesmo grânulo, pellet ou farelo.

A aplicação sólida, além de disponibilizar os nutrientes da fonte mineral, pode favorecer uma liberação gradual dos nutrientes da parte orgânica, além de reduzir as perdas dos nutrientes. A adubação complementar pode ser realizada por meio de organomineral líquido via foliar no cultivo de mudas ou comercial, proveniente de um fertilizante solúvel e orgânico (algas, ácidos húmicos, fúlvicos, etc.).

As aplicações foliares podem ser realizadas de acordo com as necessidades da cultura, visando corrigir deficiências de nutrientes, como também incrementos de produção.

Ação e reação

Ao avaliar o efeito da aplicação de organomineral em tomateiro tipo saladete italiano variedade Tyta,Rosset et al. (2018) verificaram que a aplicação de organomineral apresentou resultados satisfatórios.

Outro trabalho com tomate cultivar Débora Pto demonstrou que a aplicação de organomineral via foliar e gotejamento apresentou maior produção, comparados com o cultivo convencional (Bittar et al., 2008).

Luz et al. (2010) avaliaram o efeito da aplicação foliar de fertilizantes organominerais em alface, cultivar Vera, na produção de mudas (26 dias) e produção comercial (65 dias).

Para produção das mudas foram realizadas quatro aplicações e para produção comercial realizaram-se nove aplicações após o transplantio das mudas até o momento da colheita. As aplicações eram feitas semanalmente na dose recomendada por cada produto.

Os autores observaram que a maior parte dos fertilizantes organominerais apresentou resultados satisfatórios para produção de mudas (maior altura, número de foliar e massa fresca) e produção comercial (maior massa fresca de cabeças e raízes) ao comparar ao cultivo convencional.

Ao avaliar a produção de alface, cultivar Vera e Lucy Brown com aplicação de dois produtos comerciais em 1,0 e 0,5 L ha-1aplicados via foliar e fertirrigação,Silva et al. (2005) observaram melhores resultados para peso de cabeça, destacando-se um deles na cultivar Vera.

Em cultivo de alface hidropônica de agricultura familiar, Silva (2016) constatou que a aplicação de soluções organominerais foi viável, principalmente em locais onde é usada água de irrigação com qualidade inferior aos padrões para produção de hortaliças comerciais.

Na produção de batata, cultivar Cupido, Júnior et al. (2009) observaram que a aplicação foliar de diferentes organominerais influenciou parcialmente a produção.

Os fertilizantes organominerais apresentam custo equivalente ou superior às fontes convencionais, contudo, podem desempenhar resultados superiores. Além disso, a aplicação de organomineral sólido pode apresentar efeito residual (slow release) quando comparado com fontes convencionais (NPK) altamente solúveis e que podem apresentar riscos de volatilização, fixação e lixiviação dos nutrientes em condições não adequadas de ambiente.

A adequação da adubação organomineral deve ser feita de forma a garantir uma produção eficiente e sustentável, com qualidade na aplicação e que apresente custo-benefício satisfatórioaos produtores, não omitindo as necessidades do solo e das culturas.

Essa matéria você encontra na edição de junho da Revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira o seu exemplar.

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