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Nematoides – Prevenir para não remediar

Claudia R. Dias Arieira

Fitopatologista/nematologista e professora do Departamento de Ciências Agronômicas da Universidade Estadual de Maringá (UEM)

crdiasarieira@hotmail.com

 

Crédito Jaime Maia
Crédito Jaime Maia

A estimativa é que os nematoides trazem prejuízos superiores a R$ 35 bilhões ao Brasil anualmente. Para se ter uma ideia da grandeza deste número, equivale a 35 mil colheitadeiras de alta performance.

Considerando apenas a soja, estas perdas superam R$ 16 bilhões no País, equivalente a menos 200 milhões de sacas produzidas. Estes organismos, ao penetrarem, se movimentam nos tecidos das plantas para alimentarem-se, causam danos mecânicos e injetam substâncias com ação tóxica.

Nematoides são organismos vermiformes que infectam, principalmente, as raízes das plantas e causam prejuízos diretos e indiretos, estimados em bilhões de reais a cada ano. Praticamente todas as plantas cultivadas são suscetíveis aos nematoides, mas as maiores perdas têm sido contabilizadas na cultura da soja, em função da extensão de área cultivada.

Prejuízos

Os nematoides penetram as raízes da soja logo após a germinação da semente e emissão da raiz pivotante. Ali eles iniciam suas atividades parasitárias, que podem variar em função de cada espécie.

Os nematoides das galhas (Meloidogyne javanica e M. incognita), por exemplo, têm hábito parasitário denominado sedentário e, desta forma, injetam toxinas responsáveis por uma série de alterações no tecido radicular, a fim de estabelecer seus sítios de alimentação.

Em decorrência, ocorre hiperplasia e hipertrofia de células, levando ao surgimento de galhas facilmente diagnosticadas no campo, mas comumente confundidas com nódulos bacterianos.

Tais alterações causam obstrução ou deformação nas células do xilema, que perderão a eficiência em conduzir água e nutrientes para a parte aérea que, consequentemente, apresentará sintomas de deficiência nutricional.

Pratylenchus brachyurus, por sua vez, não estabelece sítios de alimentação específicos nas raízes do hospedeiro e migram livremente no interior do tecido,injetando enzimas e retirando o alimento de células ao longo das raízes, ocasionando lesões radiculares. Independente da espécie, nematoides parasitas de raiz comumente causam sintomas em reboleiras, devido à movimentação restrita destes organismos no solo.

Claudia Dias Arieira, professora da Universidade Estadual de Maringá - Crédito Arquivo pessoal
Claudia Dias Arieira, professora da Universidade Estadual de Maringá – Crédito Arquivo pessoal

Disseminação

Muitos nematoides parasitas de plantas são nativos do Brasil eencontram-se distribuídos nas mais diferentes regiões produtoras. Mesmo assim, sempre é importante cuidar para que novas espécies ou raças não sejam introduzidas nas áreas isentas de nematoides.

A principal forma de evitar a entrada e distribuição de nematoides numa área é cuidando do trânsito de maquinários ou qualquer outra prática que movimente solo. A cobertura vegetal do solo no período de entressafra também é importante para evitar o arraste de solo por água de chuva.

Como o nematoide é um patógeno de solo, o manejo é bastante difícil e agravado pela diagnose incorreta e tardia.

Manejo eficiente

Na tomada de decisão para o manejo, deve-se estar atento a um fator importante: o manejo eficiente do nematoide deve ser feito na entressafra e no plantio, pois as técnicas atuais não garantem bons resultados após o estabelecimento da lavoura.

As práticas de manejo cultural, incluindo rotação ou sucessão de culturas com plantas não hospedeiras ou antagonista, adubação verde e adição de matéria orgânica ao solo continuam sendo as principais atividades para o controle do nematoide e melhorias nas características do solo.

Porém, além destas, hoje o mercado dispõe de produtos químicos e biológicos com boa eficiência, tanto para a aplicação no tratamento de sementes quanto em sulco de plantio. Contudo, não se deve esperar que nenhum produto faça milagre.

Se imaginarmos um produto que promova redução de 60% na penetração do nematoide na fase de estabelecimento da cultura e que a população inicial da espécie no solo é de 500 nematoides, aproximadamente 200 nematoides infectarão a raiz.

Os nematicidas químicos para a soja podem ser encontrados para tratamento de sementes, onfarm ou industrial, dependendo do princípio ativo, e há também opção para tratamento em sulco de plantio. Todos estes produtos, se aplicados corretamente, apresentamboa distribuição do ingrediente ativo na superfície da semente ou no sulco e, desta forma, bons resultados na proteção inicial das raízes.

Biológicos

O mercado de nematicidas biológicos tambémdispõe de opções para tratamento de sementes e em sulco de plantio, e da mesma forma que o controle químico, se utilizados de forma correta, com cuidado no armazenamento, no manuseio e na aplicação, seguindo todas as recomendações de cada fabricante, vão apresentar boa performance no campo.

Essa matéria completa você encontra na edição de julho de 2018 da Revista Campo & Negócios Grãos. Adquira o seu exemplar para leitura completa.

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