Adriane Roglin
Engenheira florestal, MSc. e coordenadora de Projetos da Consufor
aroglin@consufor.com / www.consufor.com
O principal objetivo de qualquer empresa, seja de pequeno, médio ou grande porte, sempre será a busca incessante pela maximização do retorno do capital investido. A concretização desse objetivo pode ser alcançada com um efetivo planejamento estratégico, pois a partir dele são tomadas todas as decisões futuras (macro e micro) que impactarão nos resultados obtidos.
No setor florestal não é diferente. A fim de consolidar um empreendimento e torná-lo rentável economicamente é necessário que se tenha em mente a importância de certas etapas, dentre elas os níveis de planejamento.
A ordem de importância de cada atividade de planejamento pode variar de acordo com o tipo de empreendimento, seja ele greenfield (novo projeto) ou brownfield (projeto existente).
Tabela 1 ““ NÃveis de planejamento
Mais valor
A Consufor destaca que dentro do planejamento estratégico de um projeto florestal em marcha, o fator direcionador da maximização do valor do ativo é o regime ótimo. Este por sua vez, é resultado de uma análise econômica de diferentes regimes de manejo definidos com base em informações de fatores essenciais, que são: estudo de mercado, cadastro florestal e gestão de custos (Figura 1).
Figura 1 ““ Estrutura da maximização do valor do ativo
O estudo de mercado é o fator que mais contribui para o sucesso do negócio florestal. A Consufor entende que uma análise detalhada das condições mercadológicas permite ao gestor ter uma visão geral em relação ao tipo de mercado consumidor disponível (celulose, serrados, compensados, agronegócio, móveis, etc.), compreendendo a realidade de consumo regional e as principais necessidades em relação aos volumes por sortimentos.
Além disso, permite a obtenção de uma estimativa da oferta de madeira (área plantada por gênero, produtividade média, idade média dos plantios, regimes de manejo mais frequentes, entre outros).
Adicionalmente, é importante reunir informações quanto aos preços de madeira, às transações efetivas de mercado (histórico e recente), às tendências de oscilações de preços por sortimento (se possível), perspectivas de aberturas de novos mercados e estratégias de expansão/modernização de linhas de produção.
Em geral, essa análise permite ao gestor direcionar a produção florestal (regime de manejo) para o mercado mais atrativo em termos de necessidade de madeira, preços e retorno econômico. Um estudo bem conduzido e qualificado resulta em ferramentas para o gestor florestal buscar oportunidades de negócio ainda pouco exploradas, classes de sortimentos e qualidade de madeira com demandas não supridas (nichos de mercado).
Um exemplo prático de oportunidades de mercado é a inserção de novas tecnologias de processamento, que permite o uso das toras de 18 cm a 25 cm, conhecidas como intermediárias, que até então atendiam apenas os setores de celulose e agronegócio, passaram a ser utilizadas na produção de serrados e compensados.
Vale destacar que devido a essa dinâmica de mercado ao longo do ciclo (rotação) florestal, variações de demanda e preço podem ser observadas. Desta forma, a Consufor recomenda o acompanhamento constante das condições mercadológicas via estudos de mercado e boletim de preços de madeira, a fim de verificar sazonalidades e tendências.
Cadastro Florestal
O cadastro florestal nada mais é do que o coração do ativo florestal, e compreende a construção de um banco de dados de informações para acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da floresta (dados de plantios, manutenção, intervenções, mapeamento, dados de inventário, produtividade, produção, entre outros).
A Consufor reitera que o cadastro é uma das ferramentas básicas do gestor de ativos, porque a partir dele pode ser realizado todo o planejamento tático e operacional do ativo. Quando organizado de maneira adequada, permite uma visão global das informações referentes ao desenvolvimento do ativo florestal e um acompanhamento efetivo por parte do gestor.
Entretanto, do ponto de vista prático, as pequenas e médias empresas geralmente não dispõem de recursos para investir em um software moderno que faça a gestão dessas informações de cadastro. Quando realizadas, o silvicultor faz o gerenciamento via planilhas de Excel®, por exemplo.
De maneira geral, para as empresas, o gerenciamento efetivo dessa informação de cadastro permite a elaboração do macroplanejamento, como por exemplo, o acompanhamento das áreas em idade de corte raso, produção esperada das áreas, rede viária interna (fazenda, estrato, talhão) e externa (até a unidade industrial), aspectos ambientais, necessidade de investimento para readequação/estruturação operacional, entre outros.
Adicionalmente, esses dados são de extrema relevância para uma boa execução do microplanejamento, em que as informações são analisadas em nível de talhão para identificação e caracterização deste, quantificação da produção por sortimento e a definição da estrutura física para movimentação operacional interna.
Em síntese, um cadastro completo contemplando todas as informações de crescimento e desenvolvimento do ativo florestal serve de base para a realização de estimativas de produção (prognoses) e o planejamento de colheita florestal.
Existem diversos softwares disponíveis no mercado para uso nas prognoses de produção, dentre eles os mais acessÃveis são Sispinus® e Siseucalipto®, desenvolvidos pela Embrapa. Ambos possuem um banco de dados histórico do crescimento de diversos plantios florestais do território nacional.Desta forma, com base nos dados florestais de cadastro é possível gerar prognoses de produção específicas e mais realistas para a maioria dos regimes de manejo.