José Braz Matiello
Engenheiro agrônomo da Fundação Procafé
Jose Renato Dias
Lucas Franco
Engenheiros agrônomos das Fazendas Sertãozinho
A trapoeraba tem se mostrado uma erva muito concorrente e de difícil controle em cafezais, exigindo tecnologias de controle diferenciadas. Esta erva daninha infesta cafezais, ocorrendo diferentes espécies do gênero Commelina, sendo mais comum a espécie C. benghalensis.
No campo têm-se normalmente duas espécies – uma de folhas menores e de coloração verde escuro-arroxeadas, chamada comumente de marianinha, e a de folhas mais largas e de cor verde claro. A primeira tem sido mais problemática, cobrindo as ruas do cafezal e, em casos de controle deficiente, cresce subindo até as plantas de café, cobrindo sua lateral.
Estudos
Pesquisa realizada com diferentes tipos de cobertura vegetal em ruas de café evidenciou, surpreendentemente, que a presença de cobertura com trapoeraba foi a mais prejudicial ao desenvolvimento do cafeeiro, não se sabendo exatamente o porquê disso, exigindo pesquisas complementares.
A necessidade de controle da trapoeraba tem enfrentado dificuldades.  Empregando roçadas o controle não é muito efetivo, devido ao hábito de crescimento mais rasteiro dessa erva e pela sua reprodução vegetativa por pedaços dos caules, além das sementes.
Com o uso de glifosato, herbicida mais usado na cafeicultura, o controle é ineficiente. Sobram extensas manchas de trapoeraba verde em contraste com o restante da vegetação ressecada, morta pelo herbicida, exigindo gasto operacional complementar. O uso de herbicidas à base de 2,4-D, muito eficientes e de rápida morte dessa planta daninha, tem encontrado restrições pelas certificadoras.
Controle
O controle indicado, nessas condições, seria o uso de glifosato em combinação ou uso isolado, conforme a necessidade, de herbicidas mais efetivos contra ervas de folhas largas, adicionando-se, ainda, óleo ou espalhante siliconado, para melhor eficiência.
Vários herbicidas podem ser empregados nessa situação, destacando-se aqueles à base de Metsulfuron metÃlico, de Clorimuron, de Flumoxazina, de Canfentrazona etÃlica ou de Saflufenacil.
Na prática, as dificuldades decorrem da ação lenta de alguns desses produtos e sua eficiência ligada ao controle sobre ervas mais jovens, alguns até permitindo rebrotas. Torna-se necessário, assim, observar cuidados nas aplicações, como bom molhamento, doses e épocas de aplicação adequadas, uso dos adjuvantes, aplicações dirigidas etc.
Tabela 01 ““ Médias de altura de planta (AP) e número de ramos plagiotrópicos (NR) de cafeeiros cultivados em sistema orgânico, em função do manejo da cobertura do solo. Epamig, Oratórios (MG), 2004
Tratamentos | AP (cm)* | NR** |
Testemunha (1) | 1,28 a b | 52,13 a b |
Testemunha (2) | 1,26 a b | 51,25 a b |
Roçada | 1,18 a b | 44,63 b c |
Cobertura morta | 1,38 a | 58,75 a |
Amendoim forrageiro | 1,06 b c | 41,25 b c |
Braquiária | 1,23 a b | 46,63 a b c |
Estilosantescapitata | 1,19 a b | 49,00 a b c |
Estilosantesmineirão | 1,32 a | 51,50 a b |
Guandu arata | 1,21 a b | 48,13 a b c |
Guandu caqui | 1,18 a b | 49,50 a b c |
Setária | 1,23 a b | 44,25 b c |
Trapoeraba | 0,96 c | 37,75 |