Nilva Terezinha Teixeira
Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora de Nutrição de Plantas, BioquÃmica e Produção Orgânica do Centro Universitário do Espírito Santo do Pinhal (UniPinhal)
Quando a planta a absorve nitrogênio mineral, este tem que se transformar em aminoácidos para, após, formar as proteínas vegetais. Nessa transformação há o consumo energia. Entretanto, ao se administrar os aminoácidos diretamente nas plantas essa energia gasta pode ser direcionada ao desenvolvimento radicular e aéreo, floração, formação de frutos, etc.
Quando se aduba com fertilizante amoniacal ou amÃdico, o nitrogênio presente sofre o processo de transformação em nitrato e, assim, é absorvido. Uma vez o nitrato dentro da planta, ele se transforma em amônio, que reage com ácidos carboxÃlicos ou cetoácidos, derivados primariamente da fotossíntese, formando os aminoácidos que se juntam, por exemplo, para formar as proteínas vegetais.
Como já se citou, os aminoácidos se formam nas plantas a partir da reação entre N-amoniacal com ácidos carboxÃlicos ou cetoácidos, que são produzidos pelo metabolismo de açúcares gerados pela fotossíntese.
Estudos mostram que, normalmente, o primeiro aminoácido sintetizado é o ácido glutâmico, que é o transportador de nitrogênio na planta. A partir dele se formam os demais aminoácidos, que se juntam originando as proteínas, por meio de rotas metabólicas com dispêndio de energia.
Absorção
As plantas absorvem os aminoácidos tanto pelas folhas como pelas suas raízes. Essa capacidade permite-lhes tirar partido de aplicações foliares ou via rega, o que lhes propicia um desenvolvimento rápido e com menor consumo energético.
Alguns dos aminoácidos participam da síntese de fitohormônios. O triptofano, por exemplo, é percursor na síntese doácido indolacético, auxina promotora de crescimento vegetal. A metionina é também matéria-prima para a formação do etileno, responsável pela maturação de frutos.
Ensaios de campo têm mostrado que o uso associado de aminoácidos e nutrientes tem proporcionado bons resultados. Por exemplo, no Unipinhal, em Espírito Santo do Pinhal (SP), estudaram-se, em ensaio de campo,os efeitos da introdução de fertilizantes associando aminoácidos e nutrientes de planta na produção de feijoeiro (Phaseolusvulgaris L.) cultivar Pérola.
O delineamento estatÃstico adotado foi de blocos casualisados, com seis repetições e quatro tratamentos: controle e três diferentes formulados comerciais contendo aminoácidos e nutrientes de plantas(nitrogênio, fósforo, potássio, molibdênio e boro, aplicados em diferentes estágios fisiológicos do feijoeiro).
Os formulados incluÃdos no estudo foram aplicados via foliar, com volume de calda de 300 L.ha-1. Cada parcela constou de cinco linhas de 04 m, avaliando apenas a parte central de cada parcela. As avaliações efetuadas foram produção de grãos e número de vagens por metro quadrado.
Os resultados obtidos deixaram evidente que os produtos comerciais constituÃdos de aminoácidos associados aos nutrientes aumentaram 37,8% em massa de grãos e 14,8% em número de vagens.
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Mais estudos
Os aminoácidos também podem ser aplicados via sementes, quando favorecem o desenvolvimento inicial das plantas. No Unipinhal, em Espírito Santo do Pinhal, conduziu-se estudo, em casa de vegetação, para avaliar a influência de produto composto de hidrolisado proteico (aminoácidos), derivado de resíduos de indústria alimentÃcia, no desenvolvimento inicial de milho (Zeamays L.) hibrido P32R22YHR.
O delineamento estatÃstico foi o inteiramente casualisado com quatro repetições e oito tratamentos: controle e sete doses do hidrolisado proteico (aminoácidos): 0,1, 02, 03, 0,4, 0,5, 0,6 e 0,7 g parcela-1, em aplicação via sementes, que foram banhadas em 30 ml de solução aquosa dos aminoácidos por cinco minutos.
Os aminoácidos presentes no produto empregado e suas respectivas concentrações são: L-Glicina (5,08%); L-Prolina (2,94%); L-Alanina (2,02%); L-Ácido Glutâmico (2,28%); L-Ácido Aspártico (1,34%); L-Arginina (1,56%); L-Serina (0,65%); L-Leucina (0,65%); L-Lisina (0,48%); L-Valina (0,53%); L-Treonina (0,30%); L-Fenilalanina (1,13%); L-Isoleucina (0,34%); L-Tirosina (0,14%) e L-Histidina (0,16%).
Cada parcela constou de um recipiente plástico com cinco litros de capacidade contendo areia de rio grossa e lavada. Aos 20 dias após a germinação avaliaram-se: massa verde e seca de raízes e da parte aérea, comprimento de raízes e altura de plantas.
 Os resultados obtidos, incluÃdos nas figuras 1,2, 3 e 4 mostram que o uso dos hidrolisados proteicos (aminoácidos) favoreceu o desenvolvimento inicial do sistema radicular e da parte aérea do milho. Doses acima de 0,5 g parcela-1 mostraram-se as mais adequadas. A análise de regressão mostrou significância apenas a nível linear para todos os critérios analisados.