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Como lidar com os substratos para mudas hortícolas

 

Talita de Santana Matos

Pós-doutoranda em Agronomia/Ciência do Solo ““ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)

Elisamara Caldeira do Nascimento

Professora do curso técnico em Agropecuária SECITEC- MT

elisamara.caldeira@gmail.com

Rafael Campagnol

Doutor e professor de Olericultura – Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)

Glaucio da Cruz Genuncio

Doutor e professor de Fruticultura – UFMT

glauciogenuncio@gmail.com

 Crédito Micromix
Crédito Micromix

Quando pensamos na produção de mudas de qualidade, devemos ter em mente que estas são produzidas em recipientes onde se tem uma relação entre planta/meio de cultivo alterado, o que traz limitação para o crescimento das raízes.

Sendo assim, o substrato deve apresentar porosidade suficiente para suprir as trocas gasosas necessárias no meio, removendo o gás carbônico resultante da respiração das raízes e suprindo o oxigênio para as plantas.

O material utilizado também deve apresentar boa permeabilidade, já que a altura dos recipientes utilizados para a produção de mudas é baixa, o que dificulta a livre drenagem. Contudo, o material deve ser capaz de reter água, liberando-a conforme a demanda da planta.

Por fim, os substratos devem apresentar poder tampão para evitar a lixiviação dos nutrientes pelas constantes irrigações que ocorrem nesta fase de cultivo das hortaliças.

Turfa

O substrato deve apresentar porosidade suficiente para as mudas - Crédito: GlaucioGenuncio
O substrato deve apresentar porosidade suficiente para as mudas.  Crédito: GlaucioGenuncio

 

Devido à excelente qualidade da turfa, como alto teor de matéria orgânica, baixo valor de pH, baixa disponibilidade de nutrientes, alto poder tampão, alta capacidade de retenção de água e boa aeração, esta se tornou o principal componente para elaboração de substratos, sendo utilizada como padrão de comparação para estudo de novos materiais.

Mesmo países sem reservas naturais de turfa passaram a utilizar substratos à base deste material, aumentando seu preço devido à demanda internacional. Em sentido oposto, desde a década de 70 diversos pesquisadores europeus já publicavam artigos referentes à busca de materiais substitutos à turfa.

Isto se devia à preocupação dos países exportadores com a exaustão de suas fontes, já que a turfa é um recurso natural não renovável.

A busca por materiais alternativos também se devia, e ainda se deve, ao interesse por materiais de baixo custo disponíveis em quantidade e à proximidade dos centros de produção, que possibilitasse viabilizar a expansão da atividade hortícola.

Mais recentemente, a preocupação em diminuir o uso de turfa como substrato também se ampliou devido a evidências do papel das turfeiras no sequestro de CO2 da atmosfera, na manutenção da qualidade da água e como habitat de plantas e animais silvestres.

Por onde começar

 

Os substratos comerciais têm composição bastante diversificada.  Crédito: Luize Hess
Os substratos comerciais têm composição bastante diversificada. Crédito: Luize Hess

A produção de mudas de qualidade depende de vários fatores, sendo a composição dos substratos um fator de grande importância, pois a germinação de sementes, a iniciação radicular e o enraizamento estão diretamente ligados às características químicas, físicas e biológicas do substrato.

Nos viveiros, é comum a utilização de componentes orgânicos para a produção de mudas com o objetivo de melhorar os atributos físicos, químicos e biológicos dos substratos; porém, de forma geral, as formulações dos substratos são pobres em nutrientes essenciais para o crescimento da planta, sendo a adubação mineral necessária para que as mudas se desenvolvam de maneira satisfatória.

Devido a isso, vários estudos são realizados para verificar combinações de materiais para compor um substrato que promova maior crescimento inicial de mudas, com qualidade e de forma rápida, para melhorar a produção na fase de viveiro.

Diversos materiais podem ser utilizados na composição dos substratos para a produção de mudas, como, por exemplo, o composto com casca de pinus semidecomposta, que atualmente é utilizado em larga escala para a produção de mudas florestais, ornamentais e em diversas áreas agrícolas.

Alternativas

Como alternativa para a produção de mudas de qualidade e de baixo custo, inserem-se neste contexto as tortas de oleaginosas (resultantes da produção de óleo vegetal), pois podem ser usadas como condicionador dos atributos do solo, considerando seu teor de matéria orgânico e nutriente, além de promover o benefício ambiental pela reutilização deste resíduo.

Outro resíduo bastante utilizado e que demonstrou resultados satisfatórios em diversos estudos é a fibra de coco.  Devido, principalmente, ao grande volume que ocupa, a casca de coco verde é um resíduo que causa transtornos quanto à sua destinação.

O aproveitamento desse resíduo como substrato para a produção de mudas e cultivo de hortaliças, além de possibilitar a redução dos efeitos ambientais negativos (alterações impostas à paisagem pelo seu acúmulo, formação de chorume, demora na decomposição, proliferação de insetos vetores de doenças, abrigo para animais peçonhentos e roedores).

Pesquisas desenvolvidas pela Embrapa Hortaliças mostraram que a utilização de substrato de coco verde possibilitou colheitas de uma tonelada a mais de frutos comercializáveis de tomate por hectare em relação à colheita em outros sete tipos de substratos avaliados em três anos consecutivos (avaliações em sistemas semi-hidropônicos).

Portanto, no Brasil, o segmento de substratos agrícolas e condicionadores de solo contam basicamente com produtos fabricados a partir de matérias de origem natural. Os substratos comerciais têm composição bastante diversificada, com predominância de casca de pinus compostada e a fibra de coco, como citado, além de vermiculita expandida, casca de arroz e turfa.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de agosto de 2018 da Revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira o seu exemplar para leitura completa.

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