O avanço da tecnologia de sensores embarcados, aviônica, capacidade de processamentos e, principalmente, a queda de preços fez com que os drones ficassem acessÃveis para todos. Com isso, torna-se necessário identificar o melhor modelo e sensor para cada aplicação, bem como treinamentos no uso e no processamento de dados e imagens obtidas
Os drones se fazem cada vez mais presentes no meio rural, seja no controle de cultivos para o monitoramento do vigor das plantas e da produtividade agrícola ou na gestão de projetos florestais, auxiliando nos trabalhos de inventário florestal.
Além do monitoramento da qualidade dos plantios em geral, para o engenheiro agrônomo e doutor em Sensoriamento Remoto, Marcelo Theophilo Folhes, a tecnologia abre novas possibilidades no campo de aplicação de agroquímicos, na detecção e no controle de pragas e doenças de plantas, no mapeamento de linhas de plantio para colheita com piloto automático, na gestão dos recursos naturais do imóvel rural e, não menos importante, na modelagem tridimensional da propriedade capaz de otimizar práticas conservacionistas de solo.
A agricultura de precisão é hoje um dos principais mercados para a utilização de drones. Para a agricultura esses softwares podem, por exemplo, avaliar a qualidade do plantio, acompanhar o desenvolvimento da cultura, mapear a deficiência de nitrogênio na cultura, estimar safra, além de estimar o estresse hídrico.
O engenheiro elétrico e eletrônico e pesquisador da Embrapa Instrumentação, Lúcio André de Castro Jorge,que coordena as pesquisas envolvendo os veículos aéreos não tripulados da instituição,explica que os softwares permitem ao agricultor treinar o sistema para reconhecer as cores das plantas quase em tempo real e permite que o produtor faça as mudanças necessárias, evitando prejuízos.
Assim que o drone levanta voo as fotos começam a ser tiradas e as cores refletidas pelas plantas já são analisadas. “A imagem mostra o estado atual da planta e acaba funcionando como um raio-X. Com a análise dessa informação conseguimos descobrir se a planta está precisando de irrigação ou de fertilizante, e assim o produtor pode tomar alguma decisão e atuar para melhorar o plantio“, diz o pesquisador.
Evolução constante
A área coberta pelos drones tem evoluÃdo bastante nos últimos anos, e na agricultura tem sido utilizado nas diferentes fases de desenvolvimento da lavoura. No início do plantio, exemplificado por Lúcio Jorge, os drones são usados para checar o desenvolvimento das plantas e do próprio estande, as plantas invasoras e para definir o controle de herbicidas.
Os drones seguem acompanhando os próximos estádios da cultura, sendo que em cada um deles é possível avaliar tanto a parte nutricional como a edificação de nitrogênio no milho e ajudar a estabelecer essa aplicação, até imagens do pleno florescimento da planta, quando se pode perceber onde há probabilidade de menor ou maior produtividade.
Mais próximo à colheita, os drones conseguem dar estimativas, com muita precisão, ainda no caso do milho e da soja, da produtividade final da lavoura. “A tecnologia pode ser utilizada em diferentes culturas, desde o mapeamento à colheita da cultura, seja da soja, milho, algodão, café, cana, florestas, pastagens, e até em HF, cada uma com suas especificidades“, enumera o pesquisador.
Um novo horizonte
Na opinião de Marcelo Folhes, o uso de drones amplifica o olhar do agricultor sobre sua lavoura, permitindo uma análise diferente sobre a eficiência de determinadas práticas agrícolas. “Por outro lado, o técnico tem à sua disposição uma ferramenta para ser utilizada em seus trabalhos de inspeção, monitoramento e mapeamento das variáveis agronômicas, proporcionando maior assertividade nos seus diagnósticos“, avalia.
VinÃcius Bitencourt Campos Calou, mestre em Engenharia Agrícola e professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, acrescenta que imagens aéreas obtidas por meio de drones geram um volume de dados com precisão e níveis de detalhes impressionantes, auxiliando nas tomadas de decisão e contribuindo para uma agricultura mais tecnificada, minimizando os riscos e as perdas, além de aumentar rendimentos.
“Esta tecnologia tem gerado um novo nicho de mercado, oferecendo a oportunidade de mais técnicos se especializarem, aumentando a procura por profissionais qualificados. A grande área do sensoriamento remoto agrícola está sendo reinventada, garantindo novas soluções para velhos problemas recorrentes na agropecuária mundial. Desta maneira, o grande desafio de se produzir mais alimentos, fibras e combustÃveis para suprir a demanda mundial vai sendo, aos poucos, vencido por meio dos aparatos tecnológicos, com consciência ambiental, econômica e social“, enfatiza.
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