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domingo, novembro 24, 2024
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A agricultura brasileira está voando

Ulisses Rocha Antuniassi

Professor Titular do Departamento de Engenharia Rural FCA/UNESP – Botucatu/SP

 

Ulisses Rocha Antuniassi, professor da UNESP - Crédito Andef
Ulisses Rocha Antuniassi, professor da UNESP – Crédito Andef

Há uma estatística impressionante sobre a aviação agrícola no Brasil: cerca de 50% das aeronaves vendidas na última safra foram adquiridas para uso privado. Ou seja, produtores rurais estão investindo pesado na aplicação aérea como ferramenta para o tratamento de suas lavouras.

Num mercado que sempre foi direcionado para a prestação de serviços, as empresas que comercializam aviões agrícolas estão comemorando o avanço de sua participação sobre os chamados operadores privados (aqueles que possuem aeronaves para uso próprio e não prestam serviços).

Só no ano passado mais de 100 aeronaves agrícolas novas foram acrescidas à frota nacional, que já ultrapassa a casa das 2.000 unidades. Ou seja, em 2013 cerca de 50 aeronaves agrícolas foram compradas para uso privado. Não que o mercado de serviços no setor esteja reduzindo, ao contrário, mas há uma crescente percepção dos empresários rurais de que a aplicação aérea é ferramenta indispensável.

O curioso é que este processo ocorre no momento em que a aviação agrícola vem sofrendo pressões por conta de incidentes envolvendo casos de deriva. A deriva ocorre quando parte do produto aplicado se desloca para áreas vizinhas, com potencial de causar danos a outras lavouras e contaminação do ambiente.

Apesar de extremamente segura, se realizada de acordo com as recomendações, a aplicação aérea esteve de fato ligada recentemente a incidentes que repercutiram de maneira muito negativa na mídia, acirrando a disputa do setor com entidades ambientalistas que buscam impor restrições ao mercado.

Certificação Aeroagrícola

Crédito Andef
Crédito Andef

Em meio a este processo, o setor aeroagrícola brasileiro vem buscando reagir. Com o apoio da ANDEF (Associação Nacional de Defesa Vegetal) e o do SINDAG (Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola), um programa denominado Certificação Aeroagrícola Sustentável (CAS) foi criado para certificar que os operadores atuam de acordo com critérios rigorosos quanto à sustentabilidade e responsabilidade ambiental.

Coordenado por universidades públicas e gerido pela Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais (FEPAF), o CAS já certificou 30 empresas apenas neste ano (de um total de 227 empresas), e espera que até 2017 pelo menos 75% dos operadores estejam certificados. Este movimento é uma resposta importante do setor às críticas, e sua qualificação será, certamente, benéfica para toda a sociedade.

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