Estudo utiliza consórcio com leguminosas e identifica mecanismos usados pela microbiota que estimulam a saúde do solo e a nutrição de plantios de eucalipto
Um estudo desenvolvido no Programa de Pós-graduação em Solos e Nutrição de Plantas da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP) buscou entender os principais mecanismos utilizados pela microbiota, conjunto dos microrganismos que habitam determinado ambiente, para melhorar a fertilidade e, consequentemente, a saúde do solo em plantios de Eucalipto.
O estudo tem autoria de Arthur Prudêncio de Araujo Pereira e orientação da professora Elke Jurandy Bran Nogueira Cardoso. “Nosso foco foi entender os processos microbianos que estimulam a dinâmica de dois elementos que estão presentes em todos os compostos orgânicos, o carbono e o nitrogênio”, explica o pesquisador.
Pesquisa
Para a realização do trabalho, foi montado um experimento de campo no qual foram implantados plantios de eucalipto ou de acácia puros e um consórcio entre as duas espécies. Foram coletadas amostras de solo e de serapilheira (material vegetal das árvores que é depositado sobre o solo) durante as fases juvenis da floresta.
Os resultados demostram duas realidades distintas. Na primeira, as áreas com eucalipto, com adição de fertilizantes minerais ou não, apresentaram condições mais estressantes para a microbiota do solo e da serapilheira. “Isso sugeriu que as condições e os processos biológicos que ocorrem em plantios de eucalipto são bastante específicos, os quais, a longo prazo, podem não ser sustentáveis do ponto de vista da saúde do solo. Por outro lado, a descoberta mais relevante foi que a introdução de árvores leguminosas promoveu um ambiente com maior diversidade microbiana e diversas funções biológicas que foram aumentadas e que estimularam alguns serviços ecossistêmicos no solo” explica Arthur Prudêncio.
Resultados
O trabalho demostrou que nos plantios de acácia e nos plantios consorciados entre eucalipto e acácia foram encontradas maiores quantidades de carbono e nitrogênio nas frações orgânicas do solo. “Isso sugere que esses plantios promovem um ambiente no qual os microrganismos fazem o uso mais eficiente dos recursos presentes, favorecendo toda a ecologia do ecossistema florestal”, comenta o autor da pesquisa, que teve apoio da Fapesp.
Com resultados relevantes, principalmente nas condições de solos do Brasil, que apresenta solos muitos pobres em termos de fertilidade, para o autor, esse tipo de iniciativa pode, sobretudo, auxiliar na redução, parcial ou total, de fertilizantes minerais nos plantios de eucalipto no Brasil.
A primeira parte deste estudo foi publicada na revista “Frontiers in Microbiology”, o Jornal de Microbiologia mais citado do mundo. A íntegra do artigo pode ser consultada no link a seguir: https://doi.org/10.3389/fmicb.2018.00655