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domingo, novembro 24, 2024
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Viveiro de mudas de cafeeiro a pleno sol

Autor

Givago Coutinho
Doutor em Fruticultura e professor do Centro Universitário de Goiatuba (UniCerrado)
givago_agro@hotmail.com

O cafeeiro pertence à família Rubiaceae e no Brasil são predominantemente cultivadas duas espécies com fins comerciais: Coffea arabica L. (café arábica) e Coffea canephora L. (café conilon).

Do ponto de vista fitotécnico, o sucesso do processo produtivo começa a partir da seleção de mudas que irão compor a lavoura cafeeira, sendo determinantes para o bom desenvolvimento e sanidade de plantas.

A propagação do cafeeiro pode ser feita basicamente de duas formas, via assexuada ou vegetativa, ou seja, por meio de partes vegetativas, como estacas e frações de ramos da planta adulta, ou por via sexuada ou seminal, ou seja, por meio de sementes. No Brasil, esta última é a forma mais usual de obtenção de mudas de cafeeiro.

 Contudo, não apenas a forma de propagação das plantas deve ser observada no momento de produção das mudas, mas também o local onde as mesmas ficarão até o momento de transplantio para o campo, a chamada fase de viveiro.

Assim, a escolha do local que irá receber as mudas constitui um fator preponderante e está diretamente ligado ao seu bom desenvolvimento e, consequentemente, à qualidade das mesmas, como será visto a seguir.

Formas de se produzir mudas de café

Conforme mencionado, o cafeeiro pode ser propagado de duas formas distintas – por meio de sementes (forma sexuada) ou por meio de estacas (assexuada), sendo que neste último caso as plantas obtidas apresentaram o genótipo idêntico às plantas que lhe deram origem, ou seja, suas características genotípicas serão idênticas às da planta matriz.

A técnica de obtenção de mudas de cafeeiro de forma assexuada é pouca utilizada pelos cafeicultores brasileiros, sendo que prevalece a propagação via sementes.

Viveiros a pleno sol

Os viveiros a pleno sol têm sido adotados em locais onde o sol não ocasiona danos, como a queima de bordas às mudas de café. Esse tipo de viveiro possui como uma de suas principais vantagens o menor gastos com a implantação, devido ao fato de não possuir cobertura.

Além disso, apresenta como vantagens a possibilidade de se evitar microclima devido à elevação de umidade no interior do viveiro tradicional, que proporciona o aparecimento de doenças e pragas.

Ainda, possibilita a obtenção de mudas já aclimatadas para o plantio no campo, sendo este um de seus principais atrativos por parte dos viveiristas, aumentando muito a probabilidade de sucesso de implantação da lavoura no campo.

Mas, vale lembrar que, embora as mudas sejam produzidas a pleno sol, os viveiros sem coberturas também devem possuir proteção lateral, que funciona como quebra-vento e afim de se evitar o excesso de insolação no substrato.

Entre um e outro

A necessidade de infraestrutura do viveiro é variável, conforme as exigências legais, o nível tecnológico e o conhecimento da cultura, a escala de produção de mudas, o tamanho do viveiro, a disponibilidade de recursos do viveirista, o destino das mudas e o grau de exigência do mercado consumidor.

Segundo Simão (1998), o viveiro pode ser definido como uma área de terreno escolhida para a produção de mudas. Nele são plantadas, educadas, enxertadas (se for o caso) e conduzidas as mudas em formação, até o transplantio para o campo.

A produção de mudas em viveiro a pleno o sol ou a céu aberto constitui a forma de produção em que a área do terreno é livre e sem cobertura. Já os viveiros convencionais são aqueles em que são concentradas todas as atividades de produção de mudas em um único local, que no geral é coberto, podendo ser permanentes ou temporários, de acordo com a duração do período de produção das mudas.

Benefícios

São consideradas vantagens na produção de mudas em viveiros em geral:

† Possibilidade de seleção de clones;

† Seleção de mudas;

† Economia de área;

† Economia de mão de obra;

† Economia de irrigação;

† Economia nos tratos culturais.

Manejo

No sistema de produção de mudas a pleno sol, o manejo e o desenvolvimento das plantas ocorrem na ausência de estrutura. Neste caso, as mudas são dispostas e produzidas a céu aberto, sem qualquer proteção contra luminosidade, ventos ou chuvas.

Além disso, essa prática apenas é recomendável para espécies que suportam tais condições, como o cafeeiro, por exemplo.

Sem erros

Para o sucesso na produção de mudas de cafeeiro, em qualquer que seja o sistema adotado o primeiro passo a ser observado na construção do viveiro de mudas é a escolha do local adequado. Nesse caso, os fatores envolvidos na escolha da área é que irão determinar o êxito ou mesmo o fracasso do empreendimento.

Além disso, a área deve se situar fora de área com lavouras cafeeiras, devendo ser isoladas e nunca dentro de áreas de produção, a fim de se evitar problemas de ordem fitossanitária.

A fim de se diminuir os possíveis riscos na produção, alguns fatores na escolha da área deverão ser observados, sendo os mais importantes:

Água: constitui o fator mais importante em todas as etapas de produção e vale lembrar que o viveiro deverá ser implantado o mais próximo possível da fonte de água visando diminuir os custos de implantação, manutenção e funcionamento.

Declividade do terreno: quanto à declividade, deve-se optar por áreas mais regulares e com inclinações menores, visando facilitar a execução dos tratos culturais e o acesso, bem como o trânsito de máquinas, veículos e pessoas. A inclinação ideal, segundo a literatura, fica em torno de 1 a 3%.

Solos: solos pesados e com tendência ao acúmulo de água podem favorecer o aparecimento de pragas ou doenças no viveiro devido ao excesso de umidade que proporcionam. Nesse caso, deve-se dar preferência a solos de textura leve, com boa drenagem.

Proteção do vento: a ação dos ventos sobre as plantas de forma direta pode acarretar problemas como a torção e inclinação das mudas ocasionando prejuízos ao seu desenvolvimento.

Resultados de campo

O número de folhas por planta de cafeeiro diminui conforme se aumenta o sombreamento, contudo, a área foliar por planta permaneceu inalterada (Alvim, 1952, Alvim, 1968, Huerta, 1954). Mas, vale lembrar que esses resultados podem não ser originários apenas da variação na intensidade luminosa, mas também da temperatura do solo, do ar e da folha, da umidade do solo e do ar, e assim do balanço hídrico da folha (Rena e Maestri, 1986).

De forma geral, a literatura reporta que a temperatura é mais importante que a luz no controle do crescimento das folhas de mudas de cafeeiro (Nunes et al., 1968). Contudo, o crescimento da folha é inibido durante os meses mais quentes do ano, o que foi reforçado por Alvim (1978), Butler (1977) e Cannel (1971), que encontraram resultados mostrando que a temperatura da folha do cafeeiro, quando exposta a pleno sol, pode ser de 10 a 40°C acima, enquanto que as folhas sombreadas apresentaram temperatura variando entre 1 e 2°C abaixo da temperatura do ar.

Investimento

Devido à ausência na estrutura para cobertura da área de produção, o custo de implantação do viveiro a céu aberto é menor. Contudo, vale ressaltar que nessa forma de manejo os tratos culturais são dificultados, podendo onerar o custo final de produção.

Quanto à implantação, não resta dúvidas que viveiros a plano sol apresentam menor custo na implantação. Mas, o ataque de pragas é mais intenso nessa modalidade, e assim os tratos fitossanitários devem ser mais rigorosos visando à qualidade das mudas.

Além disso, o viveirista deve atentar para outros fatores, como a escolha de sementes provenientes de lavouras sadias, com bom manejo nutricional, sem incidência de pragas e doenças, etc. Essas práticas visam diminuir o risco de insucesso na atividade e aumenta as chances de se obter boas mudas de cafeeiro e uma lavoura saudável e com maior longevidade no campo.

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