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domingo, novembro 24, 2024
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Pulverização deve levar em conta os bicos utilizados

Autores

Erica Camila Zielinski
Engenheira agrônoma e analista de pesquisa
ericacamilazielinski@gmail.com
Wellington Ferreira Cerqueira 
Engenheiro agrônomo
wellington_cerqueira@live.com

A tecnologia de aplicação não se resume ao ato de aplicar o produto, mas sim na interação entre vários fatores (cultura, praga, doença, planta invasora, produto, equipamento e ambiente) buscando um controle eficiente, com custo baixo e mínima contaminação ambiental.

A pulverização mecanizada é a operação mais eficiente no controle das principais pragas e doenças da lavoura, sendo uma prática imensamente utilizada pelos produtores, com maior ocorrência na agricultura convencional, mas também utilizada na agricultura orgânica. Por meio dela, os produtores utilizam uma gama de produtos, como fungicidas, inseticidas e herbicidas sintéticos ou biológicos, capazes de manter o potencial produtivo das culturas.

Opções

O sucesso no controle das pragas e doenças depende da escolha do produto adequado e da sua correta aplicação. Os defensivos são aspergidos sobre o solo ou as plantas e, para garantir que o ingrediente ativo atinja toda a superfície-alvo, é necessário que o equipamento esteja distribuindo uniformemente a quantidade correta do produto por área.

A quantidade de ingrediente ativo aplicado deve ser correta para evitar falha de controle ou danos à cultura. Para isso, antes de iniciar a aplicação é necessário revisar cuidadosamente o equipamento a ser usado.

As pontas de pulverização, também conhecidas como ‘bicos’, devem ser examinadas individualmente, a fim de avaliar o desgaste e o alinhamento. Além disso, o volume de calda a ser aplicado, o número e o tamanho das gotas, a pressão de funcionamento dos bicos, a dosagem, a diluição, a agitação e a necessidade da adição de adjuvantes devem ser verificados cuidadosamente.

Existem vários tipos de bicos no mercado, porém, geralmente não são direcionados a uma cultura específica. Os fatores que culminam na escolha do bico são: estágio da cultura, tipo de alvo e condições de temperatura e umidade do ambiente, bem como dos equipamentos utilizados.

Por esse motivo não existe um bico ideal para determinada cultura, mas sim bicos que se adequam à cultura em determinados momentos. Entretanto, os bicos podem ser utilizados em todas as espécies cultivadas, sendo importante adequar a tecnologia do bico e o alvo na lavoura.

Tabela 1. Densidade de gotas no alvo.
Tratamento Natureza Número de gotas (cm²) Tamanho gota (µm)
Pré-emergência 20-30 + 300
Pós-emergência Sistêmico 20-30 200-300
Contato 30-50 150-300
Fonte: Embrapa Uva e Vinho

Os bicos de pulverização possuem como objetivo final atingir o alvo. Dependendo do alvo vários podem ser os tipos de pontas utilizados. Dentre as tecnologias disponíveis, podemos destacar os bicos-cone, podendo ser vazio ou cheio, leque e os bicos especiais, como o duplo leque e as pontas com indução de ar. Muitas novidades vêm sendo desenvolvidas ao longo dos anos.

Bico-leque

Os bicos-leques são planos, proporcionam jato em forma de leque, com gotas mais grossas. Esse tipo de bico geralmente é utilizado para aplicação de herbicidas, por proporcionar melhor cobertura e maiores vazões com menores riscos de deriva.

Bico-cone

O bico-cone é formado por um duto helicoidal e ponta com orifício circular. Essas características propiciam que o produto saia em movimento giratório, proporcionando maior penetração na cultura e deposição na face abaxial da folha. Geralmente são utilizados para aplicação de fungicidas e inseticidas por proporcionarem gotas menores e maior penetração.

Bicos especiais

São melhorias dos bicos tradicionais, acrescentando tecnologias que otimizam a deposição do produto ou diminuem a deriva. Os mais comuns são:

† Duplo leque: proporciona aplicação de dois leques, um direcionado para frente e outro para trás;

† Bicos com indução de ar: possuem um sistema que adiciona ar à gota, aumentando o peso e tamanho da mesma, diminuindo os riscos de deriva;

† Defletores: lançam jato plano, do tipo leque, contra uma superfície inclinada. Proporcionam menores riscos de deriva, diminuindo a ocorrência de entupimento. Possuem maior durabilidade em relação aos bicos-leque do tipo simples;

Composição

Os bicos podem ser constituídos de diferentes materiais, tais como cerâmica, metal e plástico, influenciando na durabilidade do mesmo, sendo a cerâmica o material de maior durabilidade.

Já a gota ideal irá depender do tipo de produto a ser aplicado e do alvo a ser atingido, bem como das condições ambientais. Por exemplo, em caso de herbicidas sistêmicos, em condições adversas, como temperaturas elevadas e vento, são desejáveis gotas grossas.

Por outro lado, herbicidas de contato, bem como fungicidas e inseticidas, demandam gotas menores. O tamanho ideal de gota é o capaz de proporcionar boa cobertura e baixo risco de deriva. Tamanhos de gota considerados finos se encontram em 150 µm, gotas médias em 250 µm e gotas grossas 350 µm.

Custo

Considerando o custo total do equipamento de aplicação, os bicos apresentam valores baixos. O preço gira em torno de R$ 15,00 a R$ 30,00 reais cada, dependendo da tecnologia, e possui durabilidade variável, dependendo do cuidado, condições de aplicação e dos produtos utilizados.

Quanto maior a variação de bicos que o produtor tiver, melhores serão as condições de assertividade do alvo, rendimento e mitigação de condições climáticas desfavoráveis.

Limpeza dos bicos

Não se deve utilizar instrumentos como: agulhas, arames, canivetes, gravetos de madeira para desentupir bicos. O correto é usar um instrumento que não danifique o orifício do bico, como por exemplo uma escova com cerdas de nylon (escova de dentes), um fio de nylon ou ar comprimido.

Troca de bicos

Recomenda-se trocar os bicos quando a média da vazão ultrapassar 10% a vazão de um bico novo. Quando isso acontece, todo o conjunto deve ser substituído. Ao atingir mais de 10% de desgaste, suas características podem prejudicar a aplicação, resultando em controle deficiente e toxicidade à cultura.

Não se deve esquecer que o custo do desperdício de defensivos e de uma eventual toxicidade à cultura poderá ser muito maior que o custo da substituição dos bicos.

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