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domingo, novembro 24, 2024
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Cobre e zinco – Nutrientes essenciais para o tomate

Autores

Fernando Simoni Bacilieri
Engenheiro agrônomo e doutorando em Produção Vegetal – Universidade Federal de Uberlândia (ICIAG-UFU)
ferbacilieri@zipmail.com.br
Roberta Camargos de Oliveira
Engenheira agrônoma e doutora em Produção Vegetal – ICIAG-UFU
robertacamargoss@gmail.com
José Geraldo Mageste
Doutor e professor – UFU
jgmageste@ufu.br

A maximização da produção de tomate (Lycopersicon esculentum) com sustentabilidade necessita de conhecimento sobre fatores que influenciam o crescimento, desenvolvimento e composição da planta do tomateiro. Tais fatores incluem a genética, o ambiente (água, luz, CO2, temperatura, nutrientes) e o manejo da cultura.

Para um manejo nutricional adequado é muito importante saber quais nutrientes as plantas exigem, quanto precisam, as funções, sintomas de deficiência, comportamento no solo e na planta do tomateiro.

Os elementos essenciais são divididos em dois grandes grupos, dependendo das suas quantidades exigidas em macronutrientes nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S) e dos micronutrientes boro (B), cloro (Cl), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo), níquel (Ni) e zinco (Zn), sendo eles indispensáveis no desenvolvimento das plantas em suas funções, pois o crescimento e a produção podem ser limitados (diminuídos, impedidos).

Foco

A maioria dos agricultores se preocupa apenas com os macronutrientes N, P e K, e se esquecem de micronutrientes como Zn e Cu, que muito embora requeridos pelas plantas em pequenas quantidades, são elementos essenciais e imprescindíveis para que a planta consiga se desenvolver de forma saudável e completar devidamente seu ciclo.

A nutrição vegetal determina, em grande escala, a resistência ou suscetibilidade das plantas à doença e a habilidade de patógenos causarem doença. Os nutrientes interagem como a parte do componente ambiental e a nutrição pode ser considerado como componente do controle de doenças, uma vez que plantas bem nutridas são mais saudáveis.

O zinco

A função do Zn está relacionada ao metabolismo de carboidratos, proteínas, fosfatos e também à formação de auxinas, RNA e ribossomos, além de ser componente de várias enzimas. No controle de doenças, a atuação do Zn pode aumentar ou diminuir a incidência de determinadas doenças e o mecanismo de ação deste nutriente está relacionado à integridade e estabilidade de membranas, principalmente do sistema radicular.

Devido à sua baixa mobilidade no floema, os sintomas de deficiência se manifestam nas folhas mais novas com os folíolos e entrenós menores, com áreas cloróticas entre as nervuras, sendo estes sintomas mais severos nas folhas basais.

Os tecidos cloróticos tendem a ficar de cor marrom ou cinza e morrem prematuramente. Uma lavoura deficiente em zinco será de cor marrom amarelada quando vista à distância. A maturação será atrasada e poucos frutos serão produzidos.

As causas da deficiência de Zn podem ser devido ao solo já possuir baixa disponibilidade natural de Zn (alguns solos derivados de arenitos) ou quando realizadas aplicações com doses muito elevadas de calcário e de fósforo, reduzindo a disponibilidade de Zn e resultando na deficiência do elemento.

A deficiência de Zn também é muito comum em regiões de baixa quantidade de chuvas, em que parte da camada de solo foi removida por erosão ou para nivelamento do terreno ou construção de terraços. Onde ocorre excesso de Zn disponível, as plantas exibem sintomas próximos aos observados com deficiência de ferro, ou seja, clorose de folhas jovens.

Cobre

O Cu participa de processos fisiológicos como fotossíntese, respiração, distribuição de carboidratos, redução e fixação de N, além de atuar na resistência às doenças fúngicas e de bacterioses das plantas.

Os mecanismos de controle de doenças influenciados pelo Cu podem ser atribuídos à toxidez direta, no caso de fungos e bactérias, influência na síntese de lignina, componente de enzimas dos grupos das polifenoloxidases ou fenolases, como quinonas, que podem causar morte dos patógenos ou induzir reações de hipersensibilidade. 

Os sintomas de deficiência de Cu ocorrem nas folhas mais novas, com amarelecimento das bordas, intranerval e necrose nas nervuras inferiores das folhas, semelhantes àquelas causadas por viroses. A observação de deficiência de Cu em tomate é rara, podendo ocorrer em solos orgânicos, turfosos ou que receberam altas doses de calcário.

A absorção dos nutrientes é determinada pela fase de desenvolvimento das plantas, o que ocorre de forma lenta no estádio de crescimento vegetativo e intensifica-se no período do florescimento e na formação de frutos. A concentração de Zn e Cu apresenta proporções variadas nos diferentes órgãos (folhas, hastes e frutos) dentro de uma mesma fase de desenvolvimento.

O tomateiro

A resposta do tomateiro à aplicação de fertilizantes varia de acordo com diversos fatores, entre os quais se destacam: quantidade de nutrientes no solo, cultura antecessora, cultivar, condições edafoclimáticas, tratos culturais e densidade de plantio.

A análise química de solo é a principal ferramenta para determinar parâmetros de fertilidade, como pH, capacidade de troca de cátions (CTC), saturação por bases (V%), teor de matéria orgânica, nível de alumínio e dos nutrientes.

A correção da acidez do solo por meio da calagem afeta a disponibilidade dos nutrientes. Enquanto nutrientes como N, P, K, Ca, Mg e S têm máxima eficiência de absorção em faixa de pH próxima a 7,0, no caso de Zn e Cu, altas doses de calcário que resultem em pH acima de 6,5 prejudicam a disponibilidade deles.

Valores de pH considerados desejáveis para o tomate são entre 5,5 e 6,5, com saturação por bases entre 70 a 80%.

Erros

Um erro comum na tomaticultura é o fato de muitos agricultores não fazerem análise de solo, ou quando fazem não solicitam análise completa, especialmente para micronutrientes. Sem a informação dos níveis no solo não será possível fazer uma recomendação correta para Zn e Cu.

Na literatura encontram-se disponíveis diferentes referências em função dos extratores utilizados. No caso ácido dietilenotriaminopentaacético (DTPA) para Cu de 0 a 0,2 mg/dm3 são baixos, de 0,3 a 0,8 mg/dm3 são médios e acima de 0,8 mg/dm3 são altos.

Para Zn, de 0 a 0,5 mg/dm3 são baixos, de 0,6 a 1,2 mg/dm3 são médios e acima de 1,2 mg/dm3 são altos.

Recomendações

As doses recomendadas de Zn e Cu para aplicação via solo serão definidas conforme os níveis observados na análise química, sendo de 0 a 5,0 kg ha-1 para Zn e entre 0 a 4,0 kg ha-1 para Cu.

Por serem dosagens baixas, fica difícil a aplicação de forma homogênea. Para isso, pode-se usar calcário ou fertilizantes para diluição intencional. Ressalta-se o problema da segregação na aplicação, sendo o mais recomendado, porém, com maior custo, a incorporação nos fertilizantes granulados, de modo que cada grânulo contenha os nutrientes.

Atenção

O hábito de crescimento da cultivar também pode influenciar no acúmulo de nutrientes pelo tomateiro. Para cultivares de crescimento indeterminado, o Cu é o micronutriente mais acumulado, enquanto em cultivares de crescimento determinado Cu e Zn são os nutrientes menos acumulados.

A exportação de Zn em frutos varia entre 10 a 50 mg por kg de massa seca de frutos, enquanto para Cu o valor é de 1 a 10 mg por kg de massa seca de frutos.

As folhas constituem a parte metabolicamente mais ativa das plantas, consequentemente, as alterações que ocorrem ao seu redor, e na planta como um todo, são rapidamente refletidas neste órgão. Neste sentido, o nível de composição nutricional nas folhas representa um ponto de partida para aferir à diagnose de nutrientes e, por conseguinte, relacionar com as recomendações que aumentem a viabilidade e a otimização do cultivo, uma vez que a variação na concentração está interligada com o nível produtivo.

Limites

O nível crítico de Zn e Cu na planta pode ser conceituado como a concentração destes na matéria seca, acima do qual não haverá resposta da planta à aplicação. A diagnose foliar para avaliar o estado nutricional de tomateiros com base nas folhas adjacentes ao 2º cacho no completo florescimento ou folhas adjacentes ao 3º cacho no completo florescimento considera teores de Cu 15 mg kg e para Zn 50 mg kg na matéria seca das folhas.

No manejo fitossanitário são utilizados fungicidas e bactericidas que também fornecem podem fornecer pequenas quantidades de Zn e Cu. Produtos com os princípios ativos zineb, metiram e mancozebe possuem Zn nas formulações e oxicloreto, hidróxido de cobre e oxido curso são fontes de Cu.

Deve-se ter cuidado e evitar coletar folhas para análise do teor de nutrientes após a aplicação destes produtos, pois os resultados poderão ser superestimados. Em geral, estes produtos apresentam baixa solubilidade, e por isso não devem ser utilizados como fontes exclusivas destes nutrientes.        

A adubação foliar é uma maneira de fornecer nutrientes às plantas, aproveitando a capacidade das folhas de absorver os elementos depositados numa solução em sua superfície. Contudo, não deve ser encarada como prática substitutiva da adubação radicular, sendo indicada como forma de nutrição complementar.

Fontes

As fontes mais utilizadas de Zn e Cu para adubação foliar são os sulfatos, por apresentarem baixo custo e boa solubilidade em água, entretanto, atualmente encontram-se no mercado diferentes tecnologias, como quelatos, aminoácidos e complexantes orgânicos que aumentam a eficiência dos nutrientes.

O conjunto de características químicas relacionadas com o valor nutritivo, industrial ou comercial do produto agrícola pode ser definido como qualidade de frutos de tomate. No caso do Zn, já foi comprovada sua ação no aumento dos teores de açúcares dos frutos. Quanto ao Cu, observou-se efeito positivo no número e tamanho dos frutos.

O modelo de agricultura atual tem caminhado cada vez mais para os detalhes afim de assegurar a obtenção de rendimentos compensadores e sustentáveis. Nesse contexto, o manejo nutricional, incluindo os nutrientes de Zn e Cu, são fundamentais para o sucesso no cultivo do tomate.

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