Autores
Luciana da Silva Borges
Doutora, professora da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), campus Paragominas e coordenadora do Grupo de Pesquisa em Horticultura da Amazônia (Hortizon) e Núcleo de pesquisa em agroecologia (NEA)
luciana.borges@ufra.edu.br
Rhaiana Oliveira de Aviz
rhaianaoliveiradeaviz@gmail.com
Luana Keslley Nascimento Casais
luana.casais@gmail.com
Emanoel dos Santos Vasconcelos
emanoeldsvpgm@gmail.com
Graduandos em Agronomia – UFRA
O jambu (Spilanthes oleracea L.), é uma hortaliça não convencional bastante utilizada na culinária da região norte do País, estando presente em comidas típicas da região, como por exemplo o “tacacá” e o “pato no tucupi”. Suas folhas e flores apresentam uma característica peculiar – quando consumidas causam a sensação de formigamento na boca.
Outra forma de utilização são nos restaurantes de comidas exóticas utilizando a inflorescência de jambu para compor os pratos diferenciados na gastronomia.
Essa planta tem origem na região Amazônica. No Brasil, a produção dessa hortaliça acontece em baixa escala, concentrada no Estado do Pará, onde ocorre também a maior demanda, principalmente durante o Círio de Nazaré.
Como o jambu é uma espécie não convencional, sua produção não tem uma cadeia produtiva organizada como as demais hortaliças (alface, por exemplo), por isso a produção acaba ficando restrita ao mercado regional (MAPA, 2010).
Entretanto, ela tem despertado o interesse de empresas farmacêuticas e de cosméticos do Brasil e também de outros países, como os Estados Unidos e o Japão, devido à presença da substância chamada “espilantol”, que tem potencial anti-inflamatório, anestésico e anti-sinais da pele.
Cultivo
Por ser uma hortaliça não convencional, o cultivo do jambu é realizado principalmente pela agricultura familiar, que além desta, cultiva outras hortaliças, como alface, couve, coentro, pimenta-de-cheiro, entre outras. A área destinada ao cultivo somente do jambu não chega a meio hectare por propriedade.
Entretanto, empresas de fármacos, com o objetivo de utilizar as propriedades medicinais dessa planta e atender a demanda necessária para produzir seus produtos, estão incentivando produtores, não somente do Pará mas também de outros Estados próximos às indústrias de produção, a aumentar a área de produção e também aderir ao sistema de produção agroecológico.
É possível realizar a colheita o ano inteiro, isso se a planta for manejada corretamente, alcançando até 30 toneladas anuais de massa verde por hectare (São Paulo, 2005).
Produtividade
Atualmente, a produção média por canteiro é de 250 maços de jambu, contudo, se o produtor tiver todas as condições favoráveis ao plantio e desenvolvimento da cultura, ele pode chegar a até 400 maços por canteiro (Embrapa, 2014).
O cultivo de jambu ocorre o ano todo, porém, sua maior demanda acontece no período do Círio de Nazaré (segundo domingo de outubro) e nas festas de fim de ano no Estado Pará. O produtor Rômulo de Oliveira, que reside em Santo Antônio do Tauá, a 70 km de Belém, relata que produz jambu o ano todo e que colhe semanalmente, em média, 2.500 maços. Entretanto, durante o círio esse número aumenta, colhendo em torno de 20 mil maços (G1 Pará, 2013).
Além disso, atualmente o uso do jambu está crescendo dentro da culinária, agregando novos sabores aos pratos como pizza de jambu, pastel de jambu, arroz com jambu, entre outros. Já outros Estados do Brasil que produzem jambu, como Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará e Piauí têm a sua produção voltada exclusivamente para a extração de óleos essenciais, que são utilizados pelas indústrias de fármacos.
Regiões produtoras
Devido às suas propriedades medicinais, o jambu está conquistando aos poucos os mercados nacional e internacional, entretanto, ainda tem-se uma produção pequena e que está concentrada nos municípios de Santo Antônio do Tauá, Santa Izabel e Ananindeua (Embrapa, 2017), no Estado do Pará.
Também é possível encontrar seu cultivo no Estado do Amazonas, principalmente para uso na culinária, e no Estado de São Paulo, Ceará, Rio de Janeiro e Piauí, para fins de uso, em elaboração de cosméticos.
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Investimento inicial
Em relação aos custos de produção dessa hortaliça, para implantação de um hectare estima-se que o custo total de produção (mão de obra e insumos) está em torno de R$ 7.000,00, e considerando uma produtividade de 48 mil maços/ha e o preço de venda R$ 0,25/maço, tem-se um valor bruto de venda de R$ 12.000,00/ha (Embrapa, 2014).
Rentabilidade
No varejo, o maço é comercializado por cerca de R$ 0,25 a R$ 0,30/maço. Após adquiridos por supermercados e comerciantes, geralmente esses maços são reduzidos.
A produção de jambu durante o ano sofre flutuações – no Norte do País é intensificada de acordo com as datas comemorativas, chegando de R$ 1,50 a R$ 2,00/maço (Embrapa, 2014).
Em levantamento feito com feirantes regionais do Pará, foi registrado o consumo médio de 15 kg/dia de jambu pela região metropolitana de Belém. Costa et al. (2008) efetuaram uma estimativa em um trabalho intitulado “O Círio de Nazaré de Belém do Pará: Economia e Fé”, no qual seriam necessários 600 mil maços de jambu produzidos em 2.400 canteiros de dimensões de 1,20 m x 25 m, ou o equivalente a 12,5 hectares para serem consumidos apenas no domingo do círio.
Segundo Borges et al. (2012), no Estado de São Paulo o jambu tem uma produtividade de 3,37 kg m-2.
Retorno
O produtor que deseja realizar o cultivo, tendo uma produtividade média de 250 maços/canteiro e venda de R$ 0,25/maço, consegue obter um lucro líquido de R$ 4.800,00/ha, isto é, tirando os custos de produção é possível obter ganho de 40% de lucro a cada produção (Embrapa, 2014).
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Atração que vale a pena
Essa hortaliça está se tornando cada vez mais atrativa no mercado nacional e internacional, e aos poucos está aumentando a procura em restaurantes de alto nível. Também, devido às propriedades medicinais presentes na planta, as empresas têm a necessidade de fornecedores que atendam a sua demanda.
Produtores que possuem uma produção de qualidade têm grande oportunidade de crescer nesse nicho de mercado que está iniciando no nosso País. O jambu é uma espécie que vem ganhando destaque também em sistema hidropônico, com a técnica do fluxo laminar de nutrientes (NFT), que possibilita o fornecimento constante durante o ano, sendo este um produto diferenciado para os consumidores (Homma et al., 2011).