Autores
Fernando Shirahige
Doutor em Genética e Melhoramento de Plantas
fhshirah@esalq.usp.br
César Almeida
Assistente de pesquisa – Unesp
A murcha de phytophthora ou murchadeira, causada pelo fungo Phytophthora capsici é uma das doenças de solo mais importantes do pimentão. O patógeno ataca plantas em qualquer estádio de desenvolvimento. Em condições de sementeiras, a doença se manifesta como tombamento das plântulas. Em plantas adultas provoca podridão do colo e das raízes, acarretando murcha da parte aérea, secamento e morte, podendo causar perdas de até 100%.
Em condições de alta umidade a phytophthora pode causar necrose no caule, folhas e frutos. Em todos os tecidos colonizados aparecem frutificações esbranquiçadas e cotonosas. O patógeno ocorre em locais quentes e úmidos, com temperatura variando de 25 a 30ºC.
O fungo Phytophthora capsici (Pc) sobrevive por longos períodos no solo por meio de uma estrutura de resistência (oósporo) que, ao encontrar condições ambientais favoráveis de alta umidade e calor, volta a se desenvolver e causar a doença.
Sua disseminação pode ocorrer pela água de irrigação ou da chuva, implementos agrícolas, vento e mudas contaminadas.
Controle
Diversas medidas de controle têm sido adotadas a fim de impedir que a doença se estabeleça: rotação de culturas, solarização, manejo da irrigação, controle biológico, uso de microrganismos antagônicos, resistência genética, enxertia e controle químico.
Em ambiente protegido, os patógenos de solo representam um desafio ainda maior ao cultivo do pimentão, pois são muito mais agressivos sob condições de alta umidade e temperatura.
Sua ocorrência é comum em solos de estufa com problemas de salinização, conduzidos geralmente com manejo inadequado. Dentro deste esforço no sentido de apresentar alternativas viáveis, a enxertia surge como uma prática com potencial para minimizar problemas ocasionados por patógenos de solo.
Como funciona
A enxertia em hortaliças, sendo uma técnica exigente em mão de obra qualificada, é adequada a culturas e materiais genéticos de grande valor de mercado e para pequenas áreas de produção, como é o cultivo em ambiente protegido. Nos últimos anos, houve um incremento considerável da pesquisa sobre o assunto.
Diferentes métodos de enxertia têm sido estudados e já há híbridos comerciais de porta-enxerto no mercado para pimentão com alta resistência aos patógenos de solo. Para o pimentão, os dois métodos mais aplicados à enxertia são: bisel e fenda cheia.
Contra doenças
A enxertia em pimentão visando o controle de P. capsici, assim como o controle de outros patógenos, é viável sob o ponto de vista técnico e econômico, em que resultados práticos obtidos em ensaios com porta-enxertos resistentes à doença apresentaram aumento da longevidade na colheita, aumento da produtividade (aproximadamente 25 a 30 %), aumento do pegamento de frutos no ponteiro, melhora no aproveitamento de água e nutrientes do solo, maior vigor de planta, menor uso de agrotóxicos para controle de patógenos de solo e menor mortalidade de plantas.
Assim, a enxertia em pimentão proporciona um ótimo custo-benefício, o que compensa, e muito, os gastos com a aquisição da muda enxertada.