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sábado, novembro 23, 2024
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Meio ambiente, produtividade e fertilizantes

Autores

Valter Casarin
Engenheiro agrônomo e diretor científico da iniciativa Nutrientes para a Vida (NPV)
Amanda Borghetti
Acadêmica de Engenharia Agronômica – ESALQ/USP

Crédito Miriam Lins

Levantamento do Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (SiCAR) revela que a área rural dedicada à vegetação nativa atingiu 218 milhões de hectares. Isto significa que agricultores, pecuaristas, silvicultores e extrativistas preservam o equivalente a um quarto do território nacional (25,6%).

Em mapeamento detalhado realizado pela Embrapa Territorial, a área total destinada à preservação, manutenção e proteção da vegetação nativa no Brasil ocupa 66,3% do território (631 milhões de hectares). Nesse número estão os espaços preservados pelo segmento rural, as unidades de conservação integral, as terras indígenas, as terras devolutas e as ainda não cadastradas no SiCAR.

Por intermédio de dados da NASA (novembro de 2017), o Brasil utiliza apenas 7,6% de seu território com lavouras, somando 63.994.479 hectares. Esses dados são próximos ao calculado pela Embrapa Territorial (2016), de 7,8%. O estudo da NASA demonstra que o Brasil protege e preserva a vegetação nativa em mais de 66% de seu território e cultiva apenas 7,6% das terras.

A Dinamarca cultiva 76,8%, dez vezes mais que o Brasil; a Irlanda, 74,7%; os Países Baixos, 66,2%; o Reino Unido 63,9%; a Alemanha 56,9%; os Estados Unidos 18,3%; a China 17,7%; e a Índia 60,5%.

Evolução brasileira

Nos últimos 40 anos, o Brasil saiu da condição de importador de alimentos para se tornar um grande provedor para o mundo. Foram conquistados aumentos significativos na produção e na produtividade agropecuárias. O preço da cesta básica, no Brasil, reduziu consideravelmente.

Entre os indicadores mais ilustrativos da trajetória recente da agricultura brasileira estão os números de produção e os índices de produtividade. Em 1977, o Brasil produzia 46.319 toneladas de grãos em uma área de 37.319 ha. Em 2017 foram produzidas 237.671 toneladas de grãos em 60.890 ha.

Em 1977 eram retiradas 1,27 toneladas para cada hectare. Em 2017 esse valor passou para 3,90 toneladas para cada hectare. Se o Brasil estivesse produzindo, atualmente, a mesma produtividade de 1977, haveria necessidade de abrir, ou desmatar, uma área aproximada de 160 milhões de hectares.

Houve, também, expansão de 52% na área de florestas plantadas entre 1990 e 2014. Em 2016, as plantações de eucalipto foram responsáveis por fornecer 98,9% do carvão vegetal, 85,8% da lenha, 80,2% da madeira para celulose e 54,6% da madeira em tora para outros usos no Brasil. A madeira produzida por árvores cultivadas reduz a pressão por desmatamentos de florestas nativas.

Em 2016, o agronegócio como um todo gerou 23% do PIB e 46% do valor das exportações. No ano seguinte, o setor foi responsável por 19 milhões de trabalhadores ocupados. A agroindústria e serviços empregaram, respectivamente, 4,12 milhões e 5,67 milhões de pessoas, enquanto 227,9 mil pessoas estavam ocupadas no segmento de insumos do agronegócio.

Mais produtividade

Um fator fundamental que contribuiu para o ganho de produtividade na agricultura brasileira foi a correção e adubação de solos. As pesquisas apontaram os caminhos para otimizar o uso de corretivos e de fertilizantes, onde a adubação objetiva fornecer o suprimento adequado de nutrientes essenciais para o crescimento e desenvolvimento das plantas. Se a quantidade de qualquer nutriente é limitante em qualquer momento, existe um potencial para perda da produção.

A avaliação dos dados de evolução da produção de grãos no Brasil é acompanhada de maneira muito próxima pelo consumo de fertilizantes. Isso permite atribuir ao uso de fertilizantes como um dos fatores tecnológicos que favoreceu o aumento de produtividade das culturas agrícolas brasileiras.

Podemos concluir que o manejo nutricional dos solos brasileiros é responsável pela maior produtividade das culturas, gerando a produção de alimentos, mas também contribuindo para a preservação de florestas, e, em consequência, para a preservação da fauna e da flora dos diversos biomas do Brasil.

“Todo ser vivo necessita de nutrientes para o seu desenvolvimento. Eles são incorporados ao seu metabolismo para manter o ciclo vital. Portanto, as plantas também precisam de nutrientes e é justamente nos fertilizantes que eles se encontram”, afirma Heitor Cantarella, coordenador técnico da NPV.

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