Autores
Vitor Muller Anunciato
vitor.muller@gmail.com
Roque de Carvalho Dias
roquediasagro@gmail.com
Engenheiros agrônomos, mestres em Proteção de Plantas e doutorandos em Agronomia UNESP/FCA
Leandro Bianchi
leandro_bianchii@hotmail.com
Samara Moreira Perissato
samaraperissato@gmail.com
Engenheiros agrônomos, mestres em Produção Vegetal e doutorandos em Agronomia UNESP/FCA
Diego Munhoz Gomes
Graduando em Engenharia Flroestal – UNESP/FCA
diegomgomes77@gmail.com
Atualmente, no mundo, são cultivados aproximadamente 50 milhões de hectares de bambu, com mais de 4 mil usos para essa planta. China e Índia juntas produzem, anualmente, mais de 10 milhões de toneladas.
O Brasil tem 1,5 milhão de hectares de bambu plantado e nativo e a produção não deve ultrapassar 150 mil toneladas ao ano. A produtividade média é de 25 toneladas por hectare e o principal Estado produtor é o Acre, com destaque também para o Maranhão, destinadas à produção de biomassa para geração de energia para o setor industrial; enquanto Paraíba e Pernambuco destinam sua produção para celulose e papel.
Já os Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia e Paraná investem em cultivos comerciais com foco na produção de painéis, broto e fitocosméticos.
Pelo mundo afora
O mercado mundial de bambu movimenta cerca de 60 bilhões de dólares ao ano, e é evidenciado nos países asiáticos, sendo sua aplicação bastante abrangente. A China é a maior cadeia produtiva de bambu do mundo, movimentando 6,5 bilhões de dólares anuais, seguido da Índia, que também apresenta grande expressividade na atividade.
A fim de participar desse mercado, foram adotadas políticas de fomento ao desenvolvimento da cultura do bambu que viabilizassem sua produção comercial brasileira. Deste modo, nos anos de 2009 e 2010 iniciaram as pesquisas referentes ao edital MCT/CNPq/CTAgro nº 25/2008 – Projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do Bambu, que se referia ao bambu como objeto de pesquisa.
A fim de fortalecer a cadeia produtiva do bambu no Brasil, foi criada a lei 12.484 de 8 de setembro de 2011, que incentiva o manejo sustentado e a cultura do bambu, que passa a ser tratado como um produto agrícola, e o agricultor passou a ter linhas de financiamento para o seu cultivo.
As informações financeiras são escassas sobre o bambu no Brasil, pois os cultivos são recentes e ainda em crescimento.
Mercado interno x externo
O Brasil dispõe de clima favorável e grande extensão de áreas degradadas inaptas para outros cultivos, mas adequadas ao plantio de diversas variedades de bambu de valor comercial. No entanto, a atividade econômica relacionada ao bambu no Brasil ainda é bastante restrita.
Salienta-se que o conhecimento e tecnologia da bioenergia a partir do uso do bambu chegará a 26% no ano 2020, mostrando assim um incremento aproximado de 7% desde 2015. A nível mundial, a produção de carvão carvão por ano chega a 51 milhões de toneladas, sendo 1% proveniente do bambu.
A América Latina é a segunda região que mais consome carvão a nível mundial. Nesse contexto, o bambu deve ser considerado uma fonte de energia viável, sustentável e que deve ser priorizada na América Latina.
Já para o uso do bambu em outras aplicações, o principal possível parceiro econômico do Brasil pode vir a ser a China. Há uma previsão de aumento mundial de consumo de material, com um crescimento de 2,8% ao ano para os próximos 25 anos.
Potencial sustentável
Os usos do bambu atualmente são ilimitados, podendo-se dizer que apresenta potencial para substituir madeira e plástico. O plano industrial do bambu na China, que foi elaborado em 2015, prevê um incremento anual de 25% de fibra de bambu até o ano 2020. Além disso, também é previsto um aumento de 40% em bebidas e produtos provenientes do bambu.
Esse cenário, aliado a políticas internas brasileiras de incentivo à produção de bambu, pode fomentar a produção interna e, em consequência, auxiliar de maneira mais intensa a economia brasileira, como já é caracterizados em outros países, como a China.
Para bioenergia
Nos últimos anos tem aumentado o conhecimento e pesquisas sobre aspectos relacionados ao bambu, apresentando impacto econômico significativo, por originar novos usos industriais, tais como painéis estruturais e produção de papel e celulose, além de opção como bioenergia.
A energia da biomassa de bambu tem grande potencial, uma vez que pode ser processada de várias maneiras (conversão térmica ou bioquímica) para produzir diferentes produtos energéticos (carvão, gás e biocombustíveis) que podem substituir os produtos provenientes dos combustíveis fósseis, contribuindo para a diminuição da concentração de CO₂ na atmosfera.
Ademais, dentre os vários fatores positivos destacam-se a sua boa produtividade e rendimento na queima. A biomassa do bambu convertida em bioenergia tem a vantagem de ser renovável, a possibilidade de ser produzida perto do seu local de uso e a capacidade de se adaptar às condições de solo e clima de uma determinada região.
Vale destacar que o bambu é uma planta perene, portanto, não necessita de replantio todo ano, produz em média 25 t/ano de biomassa, e o poder calorífico apresenta valores aproximados quando se compara ao eucalipto. Dessa forma, tem sido constatada uma crescente utilização e interesse do bambu para produção de bioenergia.
Aproveitamento energético
Biomassas provenientes de bambus e resíduos de bambu apresentam potencial para aproveitamento energético e valorização química mediante a aplicação de diversos processos termoquímicos ou bioquímicos. Os processos de conversão termoquímicos envolvem as tecnologias de combustão pirólise, torrefação, liquefação e gaseificação. Para produzir combustíveis derivados e produtos químicos – geralmente em forma de líquidos, gases não condensáveis e sólidos – essas técnicas promovem a degradação térmica da biomassa.
A biomassa do bambu pode ser convertida em calor e eletricidade pela combustão direta da matéria-prima em caldeiras, pela combustão de produtos obtidos em outros processos de termoconversão (carvão vegetal, bio-óleo ou biogás) ou pela combinação de biomassa e carvão mineral em processos de co-combustão.
A utilização de bambus no Brasil em processos de combustão é ainda limitada; no entanto, algumas aplicações têm despertado interesse, como a aplicação da espécie Bambusa vulgaris Schrad. ex J.C.Wendl em sistemas de cogeração visando a produção de energia elétrica pela indústria de fabricação de papel e celulose no Brasil.
Outra funcionalidade é o carvão de bambu gerado pela pirólise da mesma, que também pode ser usado na geração de energia. Assim como o carvão mineral, o biocarvão pode substituir combustível fóssil na geração de energia térmica ou elétrica, isoladamente ou em co-combustão com o fóssil.
O bambu como biomassa lignocelulósica pode ser usado como matéria-prima na produção de etanol. Além de apresentar benefícios ambientais e alto rendimento de biomassa em função de seu rápido crescimento, a planta ainda tem composição química desejável para produção de etanol. Esse processo ocorre por meio da hidrólise da holocelulose, com posterior fermentação dos açúcares resultantes.
A atenção ao bambu nativo se deve às vantagens ambientais e de sustentabilidade que sua utilização pode proporcionar, seja em pequena ou grande escala. A capacidade de produção de biomassa de bambus nativos é alta, sendo da mesma ordem de grandeza de biomassas tradicionalmente utilizadas, como a cana-de-açúcar e o eucalipto.
Investimento
O investimento para instalação da cultura, em média, é de R$ 2,5 mil a R$ 3 mil por hectare, sendo necessário realizar manutenção e limpeza da área nos dois primeiros anos, somando mais R$ 1 mil ao custo de estabelecimento da cultura por hectare. A rentabilidade é de aproximadamente 20 vezes o custo de implementação da cultura.
O primeiro corte pode ser realizado a partir do quarto ano de plantio. Na primeira colheita o produtor pode recuperar todo o investimento inicial. O preço médio da biomassa em São Paulo (Estado de referência nas vendas de bambu) é de R$ 150 a tonelada e do bambu para uso da fibra é de R$ 300 a tonelada.
Também é possível vender o bambu por varas, sendo que cada unidade custa R$ 2,00 para a colheita e pode ser vendida por R$ 5,00. A produção a partir do quinto ano é de 600 varas e chega a 900 varas no sétimo ano, produtividade que se mantém por mais 25 anos.
Bambu é alternativa de renda na produção familiar
É possível manejar bambus nativos e fazer da planta uma opção de renda na agricultura familiar. Com técnicas de colheita adequadas, o vegetal rebrota com facilidade e pode produzir por muito tempo. É o que concluiu uma pesquisa da Embrapa realizada em comunidades rurais do Acre com o objetivo de comprovar o potencial econômico e viabilizar o aproveitamento desse recurso natural.
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