17.5 C
Nova Iorque
sábado, setembro 21, 2024
Início Revistas Grãos Adubação com silício garante mais resistente às pragas no milho safrinha?

Adubação com silício garante mais resistente às pragas no milho safrinha?

Autores

Letícia Galhardo Jorge
Bióloga e mestranda em Botânica – IBB/UNESP
leticia_1307@hotmail.com
Bruno Novaes Menezes Martins
Engenheiro agrônomo, doutor em Horticultura – FCA/UNESP e professor do Centro Universitário Sudoeste Paulista (UNIFSP)
brunonovaes17@hotmail.com
Fotos: Shutterstock

O milho é um dos cereais mais importantes do mundo devido às suas diversas formas de utilização, que vão desde a base da alimentação humana e animal, até a indústria de alta tecnologia.

No mercado do milho, os maiores produtores do mundo são os países da América do Norte, China, Brasil e membros da União Europeia, e apesar de estar entre os três maiores produtores, o Brasil não se destaca entre os países com maior produtividade. Um dos fatores do baixo nível de produtividade é a ação de insetos-praga que reduzem o potencial produtivo dos híbridos de milho.

As principais espécies de insetos que ocorrem com maior frequência no milho cultivado na safrinha são o pulgão-do-milho, seguido da lagarta-do-cartucho, de adultos de vaquinha, da cigarrinha-do-milho e do percevejo barriga-verde.

Em destaque

A lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) é considerada praga-chave da cultura, uma vez que seu ataque na planta ocorre desde a emergência até o pendoamento e espigamento. Outra espécie de inseto que ocorre no milho, principalmente na safrinha, causando-lhe danos, é o pulgão-do-milho (Rhopalosiphum maidis). Este pulgão causa danos diretos e principalmente indiretos, uma vez que é apontado como vetor do vírus do mosaico comum, que pode causar prejuízos severos à cultura.

O controle dessas pragas é realizado principalmente por aplicações de inseticidas, o que pode provocar o surgimento de populações de insetos resistentes aos diferentes produtos químicos disponíveis, bem como causar sérios danos ao meio ambiente. Sendo assim, são necessários métodos de controle que visem aumentar o grau de resistência das plantas ao ataque de insetos-praga e, assim, reduzir o uso de produtos químicos.

Ação do silício

O silício, apesar de não ser um elemento essencial para o crescimento e desenvolvimento de plantas, tem sido aplicado visando principalmente aumentar a resistência da planta a pragas e doenças.  

O silício é absorvido pelas raízes das plantas na forma neutra, como ácido monosilícico, por processo passivo ou ativo, através de transportadores de membrana específicos para este fim. O transporte do ácido monosilícico é feito via xilema, e pode ser regulado pela transpiração ou por processo ativo.

O ácido monosilícico, depois de absorvido pelas plantas, é depositado principalmente nas paredes das células da epiderme, contribuindo substancialmente para fortalecer a estrutura da planta e aumentar a resistência ao acamamento e ao ataque de pragas e doenças, além de diminuir a transpiração.

A aplicação de silício tem proporcionado o aumento do grau de resistência de plantas ao ataque de diversos insetos, principalmente em gramíneas, estimulando o crescimento, aumentando a produção, protegendo contra estresses bióticos e abióticos, devido à proteção mecânica proporcionada pelo silício nas plantas, que é atribuída à deposição de Si abaixo da cutícula, tornando a planta mais resistente ao ataque de fungos, insetos mastigadores e sugadores. A silicificação da epiderme previne a penetração e a mastigação pelos insetos porque as células ficam mais endurecidas.

A ação do silício sobre os insetos fitofágos pode ser considerada de duas formas: ação direta, como no desgaste da mandíbula de insetos mastigadores, e ação indireta, por meio da atração de inimigos naturais da praga. Os efeitos diretos podem incluir a redução no crescimento e na reprodução do inseto, normalmente associados à diminuição dos danos para a cultura. Os efeitos indiretos estão normalmente relacionados à diminuição ou atraso na penetração do inseto na planta.

Pesquisas

Alguns estudos mostram um desgaste das mandíbulas das lagartas-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) quando estas se alimentaram de folhas, apresentando maior concentração de Si, sugerindo que a aplicação de Si pode dificultar a alimentação de lagartas, causando aumento de mortalidade e de canibalismo, tornando, portanto, as plantas de milho mais resistentes a essa praga.

Manejo

Apesar de o silício ser um dos elementos mais abundantes na crosta terrestre e a maioria dos solos conter quantidades consideráveis do mesmo, cultivos consecutivos podem reduzir o nível deste elemento até um ponto em que a adubação com silício seja necessária para obtenção de máximas produções.

O silício tem sido empregado no Brasil na forma de adubação por ocasião da semeadura ou em cobertura, além de existir a possibilidade do emprego desse elemento em pulverização, visando não só a adubação foliar, como também o controle de pragas e doenças. Um dos paradigmas da adubação de silício está no uso das fontes em que ele pode ser encontrado e que possa estar mais disponibilizado.

A aplicação no solo de silicatos de cálcio ou silicatos de cálcio e magnésio pode trazer inúmeros benefícios para as culturas, como cereais, frutíferas, hortaliças, cana-de-açúcar, etc. Pesquisas também têm demonstrado que a adubação foliar com silicato de potássio pode ser uma boa estratégia para diminuir o uso de agrotóxicos no combate a doenças e pragas, principalmente.

O silicato de potássio não é um fungicida, mas pode ser usado como um complemento para aumentar a resistência das plantas a várias doenças, ocasionando diminuição no uso de agrotóxicos nas culturas.

Na prática

Este conteúdo é restrito a membros do site. Se você é um usuário registrado, por favor faça o login. Novos usuários podem registrar-se abaixo.

- Advertisment -

Artigos Populares

Chegam ao mercado sementes da alface Litorânea

Já estão disponíveis no mercado as sementes da alface SCS374 Litorânea, desenvolvida pela Estação Experimental da Epagri em...

Alerta: Patógenos de solo na batateira

Autores Maria Idaline Pessoa Cavalcanti Engenheira agrônoma e Doutoranda em Ciência do Solo – Universidade Federal da Paraíba (UFPB) idalinepessoa@hotmail.com José...

Maçãs: O que você ainda não sabe sobre a atividade

AutoresAike Anneliese Kretzschmar aike.kretzschmar@udesc.br Leo Rufato Engenheiros agrônomos, doutores e professores de Fruticultura - CAV/UDESC

Produção de pellets de última geração

AutorDiretoria Executiva da Brasil Biomassa Pellets Brasil Crédito Luize Hess

Comentários recentes

Este conteúdo é restrito a membros do site. Se você é um usuário registrado, por favor faça o login. Novos usuários podem registrar-se abaixo.