Autores
Marcelo Eiras
eiras@biologico.sp.gov.br
Alexandre Levi Rodrigues Chaves
chaves@biologico.sp.gov.br
Pesquisadores científicos – Laboratório de Fitovirologia e Fisiopatologia, Centro de Pesquisa de Sanidade Vegetal, Instituto Biológico
Agatha Mota Oliveira
agatha15_89@hotmail.com
Cátia Jacira Martins de Moura
catiaaleixo@yahoo.com.br
Doutorandas e bolsistas FAPESP – Instituto Biológico
Leilane Karam Rodrigues
Pesquisadora – Promip
leilanekaram@hotmail.com
Virgínia Vieira Santos Silva
Graduanda em Engenharia Agronômica – Faculdade Integral Cantareira e bolsista PIBIC-CNPq, Instituto Biológico
virstos04@gmail.com
O repolho Brassica oleracea var. capitata, assim como outras brássicas [couve (B. oleracea var. acephala), couve-flor (B. oleracea var. botrytis), couve-brócolo (B. oleracea var. itálica), canola (B. napus), couve-chinesa (B. rapa var. pekinensis), rabanete (Raphanus sativus), raiz-forte (Armoracia rusticana)], podem ser infectados por vírus, que eventualmente causam danos e, consequentemente, perdas na produção.
Além das brássicas cultivadas, espécies de plantas da vegetação espontânea também podem ser infectadas, como a nabiça (Raphanus raphanistrum), o nabo-selvagem (R. sativus), entre outras, e têm importante papel como reservatórios dos vírus e de seus insetos vetores.
O repolho
Os principais vírus que infectam o repolho são: Turnip mosaic virus (TuMV), Cauliflower mosaic virus (CaMV) e Turnip yellows virus (TuYV). O interessante é que esses vírus são bastante distintos quanto à estrutura, biologia, transmissão e aos aspectos epidemiológicos.
O TuMV (gênero Potyvirus, família Potyviridae) é um vírus de RNA, transmitido por mais de 80 espécies de afídeos (pulgões) de modo não persistente (durante as picadas de prova), ou seja, a transmissão pode ocorrer rapidamente, de segundos a minutos, após a alimentação em plantas infectadas.
Portanto, os afídeos não precisam colonizar as plantas para transmitir o vírus. O TuMV é um vírus de ocorrência mundial, tendo sido descrito infectando diversas espécies de brássicas no Brasil.
O CaMV (gênero Caulimovirus, família Caulimoviridae) é um vírus de DNA, também transmitido por afídeos, porém, de modo semi-persistente (após a alimentação por minutos a horas em plantas infectadas), sendo a transmissão mais eficiente quando os afídeos colonizam as plantas.
Até o momento, somente as espécies de afídeos Myzus persicae (pulgão-verde-do-pessegueiro) e Aphis fabae (pulgão-do-feijoeiro) foram relatadas, em ensaios experimentais, como eficientes vetores do CaMV. O CaMV também é um vírus de ocorrência mundial, e já foi relatado infectando diversas espécies de brássicas no Brasil.
O TuYV (gênero Polerovirus, família Luteoviridae) é um vírus de RNA, transmitido de modo circulativo persistente por um número mais restrito de espécies de afídeos. Isso significa que o vírus circula no corpo do inseto e a transmissão só ocorre horas após a sua alimentação em plantas infectadas, e quando o afídeo coloniza as plantas. Até o momento, somente M. persicae foi relatado como vetor do TuYV.
Além desses três vírus, o Cole latent virus, CoLV (gênero Carlavirus, família Betaflexiviridae) também infecta brássicas. O CoLV é um vírus de RNA, transmitido de modo não persistente (durante as picadas de prova) por diversas espécies de afídeos. Esse vírus, de ocorrência exclusiva no Brasil, normalmente não induz sintomas nas plantas infectadas.
Características
Os sintomas induzidos por esses vírus são bastante diversos. O TuMV pode induzir, nas folhas, deformações, anéis, mosaico e pontos cloróticos e necróticos. Isolados severos induzem nanismo, podendo levar ocasionalmente à morte da planta.
O sintoma clássico induzido pelo CaMV é o mosaico nas folhas. O TuYV induz amarelecimento das folhas, má formação da cabeça e necrose. As perdas causadas pelos três vírus, na maioria das vezes, são maiores quando as plantas são infectadas no início do ciclo da cultura, ou seja, plantas mais jovens mostram-se mais sensíveis às viroses.
Vale ressaltar também que infecções mistas com dois ou mais vírus ocorrem com frequência e podem influenciar na expressão dos sintomas. É muito frequente também que infecções pelo TuMV, CaMV e CoLV transcorram sem a indução de sintomas, ou com a indução de sintomas brandos, quase imperceptíveis.
As plantas infectadas que não expressão sintomas permitem que o vírus permaneça nos cultivos por muito mais tempo e, com isso, as chances de transmissão e disseminação aumentam.
Formas de controle
Não há controle curativo para os vírus de plantas, e isso é válido também para os vírus que infectam brássicas. A forma mais efetiva de controle de vírus de plantas é preventiva, tendo como principal medida o emprego de variedades resistentes.
Porém, na ausência de variedades de brássicas resistentes, há outras medidas de manejo que podem ser utilizadas para controlar a infecção e dispersão dos vírus na cultura. Em função dos vírus de brássicas terem características distintas de transmissão, para cada vírus há medidas e estratégias mais adequadas de controle.
Este conteúdo é restrito a membros do site. Se você é um usuário registrado, por favor faça o login. Novos usuários podem registrar-se abaixo.