Wilson da Silva Moraes
Engenheiro agrônomo, doutor em Fitopatologia e pesquisador da APTA
Bananeiras são alvos constantes dos microrganismos fitopatogênicos que interferem em diferentes processos fisiológicos vitais à planta, como a fotossíntese, absorção e transporte de água e nutrientes, e a utilização dos produtos da fotossíntese pelas raízes, caules, folhas e inflorescências.
Dentre as doenças da bananeira, destacam-se as manchas foliares, que comprometem a fotossíntese; as murchas vasculares, que interferem na absorção e no transporte de água e nutrientes para a parte aérea da planta; as nematoses e as viroses, que impedem a distribuição dos produtos da fotossíntese para as demais partes da planta. Além daquelas que ocorrem em pós-colheita, que consomem as reservas dos frutos.
As doenças foliares são causadas por fungos como a Sigatoka negra (Mycosphaerella fijiensis), Sigatoka amarela (Mycosphaerella musicola), Mancha de Cordana (Cordana musae), Mancha de Cladosporium (Cladosporium musae), Mancha de Deightoniella (Deightoniela torulosa) e a Mancha de Chloridium (Chloridium musae).
As doenças vasculares podem ser causadas por fungos, como o Mal-do-Panamá (Fusarium oxysporum fsp. cubense) e por bactérias, como a Podridão mole (Erwinia carotovora subsp. carotovora) e o Moko da bananeira (Ralstonia solanacearum).
Vários são os nematoides que podem causar danos nas raízes da bananeira, dentre eles se destacam os gêneros Radophulus, Pratylenchus, Helicotylenchus e Meloydogine, que comprometem a absorção de água e a distribuição dos nutrientes, além de abrirem portas de entrada para fungos e bactérias habitantes do solo, como Fusaruim, Erwinia e Ralstonia.
Importantes viroses podem acometer a saúde da bananeira, como aquelas causadas pelo Vírus das Estrias da Bananeira (BSV) e pelo Vírus do Mosaico das Curcubitáceas (CMV). Estes vírus são normalmente introduzidos na área de plantio por meio de mudas contaminadas e, da mesma forma, são disseminados para novos plantios, além de serem transmitidos por insetos vetores como cochonilhas e pulgões, respectivamente.
Principais regiões atacadas
Atualmente, a Sigatoka negra está presente em todos os Estados da região Norte, Sudeste, Sul, parte do Centro-oeste (MT e MS) e ausente região Nordeste. No Sudeste, o Estado de São Paulo possui a maior área de produção comercial de banana e, especificamente, na região do Vale do Ribeira, predominam condições mais favoráveis à doença, como chuvas e temperaturas elevadas.
No Brasil, o Mal-do-Panamá foi descrito pela primeira vez na banana Maçã, em 1930, no MunicÃpio de Piracicaba (SP), e atualmente pode ser encontrado em todas as áreas de produção de banana do país. É uma doença que incide em bananeiras, cuja recomendação de controle é a erradicação da planta e da touceira, além da substituição por variedades resistentes.
Esta doença dizimou plantações comerciais da variedade Gros Michel e obrigou a substituição desta variedade por outras do subgrupo Cavendish, que constituem atualmente a base do agronegócio da banana nos mercados consumidores da Europa, América do Norte e Ásia.
A doença é causada por Fusarium oxysporum f. sp. cubense, um fungo habitante do solo, que provoca a murcha vascular da planta ao obstruir os vasos condutores da seiva bruta para a parte área da planta. Este fungo foi responsável pelo desaparecimento da banana “˜Maçã’ do Vale do Ribeira e de todas as áreas produtoras do mundo, além de provocar a substituição da banana “Prata“ pelas variedades do subgrupo Cavendish, como a “˜Nanica’ e “˜Nanicão’, que são altamente resistentes ao fungo.
Alerta geral
Atualmente, no Vale do Ribeira (SP), a Sigatoka negra e o Mal-do-Panamá são as principais doenças da bananeira, devido à fácil disseminação e ao difícil controle.
Sintomas da Sigatoka negra
A Sigatoka negra, causada pelo fungo Mycosphaerella fijiensis Morelet (fase sexuada ou perfeita), cuja fase assexuada ou imperfeita denomina-se Paracercospora fijiensis (Morelet) Deighton-1964-Vale do Fiji, tem sido considerada a mais severa e destrutiva doença da bananeira no mundo.
Há registros na América Central que a severidade da doença foi suficiente para substituir a Sigatoka amarela num período de quatro anos e quadruplicar o número de pulverizações de fungicidas.
A doença inicia pela infecção da folha mais nova da bananeira, cujos sintomas evoluem para estrias marrons na face inferior e depois para manchas negras na superfície superior, durante o desenvolvimento destas folhas. As manchas negras tornam-se necróticas e coalescem rapidamente, exibindo uma queima generalizada do limbo foliar, reduzindo os tecidos fotossintetizantes e, consequentemente, os rendimentos brutos.
O fato da bananeira não emitir mais folhas após o florescimento torna a doença extremamente destrutiva em plantas que já emitiram do cacho, principalmente nas variedades do subgrupo Prata como do subgrupo Cavendish.
Devido à maior agressividade, a Sigatoka negra tende a substituir a Sigatoka amarela num período de seis meses a quatro anos, caso não sejam adotadas as medidas necessárias de controle, como a redução de inóculo inicial e os tratamentos fitossanitários, tanto pelas instituições competentes como pelos bananicultores.
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