Adriana Novais Martins
Engenheira agrônoma e pesquisadora da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios ““ APTA/ SAA
A seringueira (Hevea brasiliensis Muell. Arg.) é propagada, em termos comerciais, por meio de mudas enxertadas. Para a formação destas mudas há a necessidade de porta-enxertos, os quais são oriundos de sementes.
Quando o porta enxerto atinge o desenvolvimento adequado, realiza-se a enxertia, utilizando-se borbulhas provenientes de clones reconhecidamente produtivos. Este processo, que envolve desde a germinação das sementes do porta-enxerto até o pegamento da enxertia, é variável, podendo durar cerca de 10 a 14 meses.
Tradição x evolução
O sistema tradicional de produção de mudas de seringueira no Brasil sempre foi feito ao nível do solo, com as mudas acondicionadas em sacos plásticos e, na maioria das vezes, utilizando-se solo como substrato.
Estas mudas são encanteiradas, ou seja, enterradas em valas abertas no solo. Neste processo, as raízes do porta-enxerto saem pelos furos existentes nos saquinhos plásticos e desenvolvem-se livremente no solo.
Quando do arranquio das mudas para o plantio a campo, essas raízes são cortadas e a muda sofre um estresse significativo, sendo plantada com pouquÃssimas raízes, o que pode influenciar negativamente no pegamento e desenvolvimento da planta.
O novo sistema de produção de mudas de seringueira em viveiro suspenso muda este sistema tradicional para outro mais tecnificado. Neste caso, as mudas devem ser produzidas em bancadas suspensas ou em locais concretados, evitando que as raízes atinjam o solo. Deverá ser utilizado substrato comercial e não mais o solo, sendo que todas as diretrizes para o estabelecimento deste novo processo estão disponíveis no site da Defesa Agropecuária do Estado de São Paulo (www.defesaagropecuaria.sp.gov.br).
Vantagens
As mudas produzidas neste novo processo, com todas as técnicas preconizadas tanto na produção de sementes, porta-enxerto e enxertia, favorecem a sanidade do material, uma vez que minimizam o risco de disseminação de nematoides, além de plantas daninhas. Outros pontos favoráveis dizem respeito à garantia genética das mudas e qualidade do sistema radicular.
Alguns pontos importantes neste novo modelo de produção de mudas de seringueira são:
à Maior rigor na coleta das sementes formadoras dos porta-enxertos, uma vez que estudos cientÃficos comprovam as diferenças de vigor e desenvolvimento dentre os clones utilizados, além do aspecto fitossanitário;
à Identificação genética dos jardins clonais (matrizes) fornecedores de borbulhas para a enxertia;
à Ausência de solo no processo, reduzindo significativamente a disseminação de nematoides;
à Maior sanidade e vigor das mudas.
Manejo
Com relação ao manejo de produção das mudas, todos os requisitos estão devidamente colocados na Resolução SAA n. 154, de 22/11/2013. Basicamente as sementes são colocadas para germinar em local adequado.Após a germinação, as plântulas são transplantadas para os recipientes devidamente preenchidos com substrato comercial.
Os porta-enxertos são mantidos nos viveiros de acordo com os procedimentos preconizados. Após o desenvolvimento, é realizada a enxertia por meio de borbulhas oriundas de jardins clonais devidamente cadastrados nos órgãos competentes.
Entretanto, o processo de adequação e condução do novo sistema de produção de mudas é trabalhoso e oneroso, demandando mudanças de manejo e treinamento de pessoal.
Em curto prazo, pode-se dizer que o custo é elevado, mas emmédio e longo prazos, o custo-benefÃcio será vantajoso para a heveicultura nacional, levando-se em consideração todos os fatores citados anteriormente.
Vale ressaltar que os viveiristas que produzem mudas no sistema tradicional têm até o dia 31/12/2015 para comercializar o produto. Mudas produzidas a partir de 01/01/2015 já devem estar de acordo com a resolução em vigência.