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domingo, novembro 24, 2024
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Helicoverpa – Falta de monitoramento aumenta aplicação de defensivos

 

Márcio Fernandes Peixoto

Professor do Instituto Federal Goiano de Rio Verde

marcio.peixoto@yahoo.com.br

 

Helicoverpa - falta de monitoramento aumenta aplicação de defensivos - Crédito Baltazar Fiomari
Helicoverpa – falta de monitoramento aumenta aplicação de defensivos – Crédito Baltazar Fiomari

A cultura da soja ocupa grande parte das áreas cultivadas no Brasil, e vem se expandindo ano a ano. Nas décadas de 70 e 80 começou a maior expansão, no cerrado goiano e mato-grossense, abrindo fronteiras em novas cidades, valorizando e transformando esse bioma até então desprezado.

A rápida expansão modificou todo o sistema agrícola brasileiro, principalmente tornando a agricultura de subsistência em escala comercial como jamais visto no Brasil, em que as propriedades grandes concentrariam a produção de cereais.

Nessa nova ótica da produção a monocultura se estabeleceu de maneira rápida em todo o país, quando a pesquisa atuava em questões ligadas à adaptabilidade da espécie no novo ambiente de latitude menor e em solos mais pobres.

Ocorrência de pragas na cultura da soja

O domínio territorial da cultura da soja estabeleceu um novo padrão de manejo de pragas estabelecido pela Embrapa, em que foram impostas táticas de monitoramento e de controle de pragas. Com a expansão a cultura passou a ser hospedeira de vários insetos-pragas capazes de provocar perdas e fazer o consumo de agrotóxicos aumentar significativamente.

Desde o início da cultura a planta é atacada por pragas, sendo as principais os percevejos e as lagartas. Diversas espécies de lagartas ocorrem normalmente na soja, geralmente simultaneamente em todas as regiões do país, o que aumenta os riscos de perdas.

A amostragem de pragas é essencial, desde o período vegetativo, para maximizar os recursos e manter o estado fitossanitário da cultura. No entanto, para se executar o MIP é importante reconhecer, bem como entender o comportamento dessas lagartas.

Com a introdução de novas variedades, variações climáticas (duração dos veranicos) e novas espécies de lagartas, têm se observado discussões acaloradas sobre os níveis de controle para cada uma das espécies, bem como da eficiência dos inseticidas no mercado. Porém, muitos estudos serão demandados para se estabelecer novos padrões para um sistema cada vez mais dinâmico e complexo.

O ataque devastador das lagartas fez surgir a busca por soluções - Crédito Baltazar Fiomari
O ataque devastador das lagartas fez surgir a busca por soluções – Crédito Baltazar Fiomari

Destaque

Uma das principais lagartas foi a Anticarsia gemmatalis, identificada como lagarta-da-soja. Até os anos 90 foi a principal lagarta responsável pela maioria das recomendações de manejo na cultura. No Cerrado ocorria desde o início da cultura, sendo comum a pulverização ao redor de 30 dias da emergência.

Em razão do hábito alimentar e movimentação na planta, esta sempre foi considerada uma praga fácil de se lidar. Desse comportamento veio a utilização de inseticidas biológicos, como o Baculovirus e fungos para o seu manejo.

Logo em seguida a lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus) também passou a provocar danos consideráveis à cultura. A intensidade dos danos reduziu um pouco com a utilização do Sistema de Plantio Direto no início da década de 90. A preservação da palhada, mantendo o ambiente mais úmido e também de inimigos naturais, preserva a praga em condição menos preocupante.

No entanto, a lagarta logo se adaptou à nova condição ambiental e novamente se estabeleceu. A contenção da praga se deu por um novo marco na cultura, com a utilização do inseticida fipronil em tratamento de sementes, não só para a lagarta-elasmo como para outras pragas iniciais e de solo. Dessa situação se estabeleceu um novo nicho de mercado que foi rapidamente incorporado ao sistema de cultivo.

Ataque de lagartas à folha da soja - Crédito Baltazar Fiomari
Ataque de lagartas à folha da soja – Crédito Baltazar Fiomari

Mudanças

A partir do início do novo milênio ocorreram grandes mudanças na cultura no que se refere à infestação de pragas alternativas de controle. No início dos anos 2000, na região de Rio Verde (GO), precisamente na safra 2003/14, a proporção das lagartas se alterou, sendo que a partir de então a quantidade de lagartas Chrysodeixis includens estava maior do que a quantidade de lagarta-da-soja (Anticasia gemmatalis).

Outro aspecto nessa situação era a despreocupação em separar essas duas lagartas no monitoramento, bem como nas ações específicas para cada uma delas. Desde então, têm sido aplicados inseticidas focando as lagartas, sem distinguir o efeito dos inseticidas no manejo delas. A lagarta medideira também vem se adaptando a outras culturas, como algodão, feijão e, mais recentemente, ao milho.

Outra grande alteração no complexo de pragas foi o surgimento da lagarta-da-maçã, da família Heliothinae, nas lavouras de soja por volta de 2010. Com essa praga se dispersando em todas as regiões do Brasil ocorreu uma extrema preocupação na identificação e manejo. Dessa preocupação vislumbrou-se a necessidade de se pensar em manejo de pragas na cultura da soja.

Essa família levou os produtores a utilizarem métodos alternativos de controle, tanto de lagartas como outras formas de vida dos insetos. Entre as alternativas surgiram novos vírus, fungos, parasitoides, além de registros de novos ingredientes ativos sintéticos para a cultura.

Essa matéria completa você encontra na edição de março da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira a sua para leitura completa.

 

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