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domingo, novembro 24, 2024
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Colheita mecanizada não prejudica a qualidade do feijão

 

Ricardo Ferreira Garcia

Professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro ““ UENF

garcia@uenf.br

 

Colheita mecanizada não prejudica a qualidade do feijão - Crédito Indústrias Colombo
Colheita mecanizada não prejudica a qualidade do feijão – Crédito Indústrias Colombo

Nos primórdios da agricultura, todas as práticas de campo, desde o preparo do solo à colheita, eram realizadas de forma manual, com emprego, em algumas situações, de ferramentas simples, como cabos de madeira.

Porém, com a necessidade de aumentar a produção de alimentos com menos pessoas empregadas na agricultura, surgiram as grandes lavouras e algumas práticas mecanizadas passaram a fazer parte deste processo evolutivo da agricultura.

Nas grandes áreas produtoras de feijão, as etapas de preparo, semeadura, tratos culturais e colheita são tradicionalmente mecanizadas, com uso de conjuntos mecanizados compostos por tratores, arados, grades e semeadoras adubadoras, pulverizadores e outros equipamentos.

Opções

Atualmente, as formas de colheita do feijão compreendem os sistemas semimecanizados e os mecanizados. No sistema semimecanizado, a colheita diferencia-se por ter o arranquio e enleiramento de forma manual, com recolhimento mecânico. Já no sistema mecanizado, toda colheita é realizada por máquinas de forma direta ou indireta.

No sistema direto, uma colhedora equipada com uma plataforma própria com barra tipo segadora, molinete e kit de peças para adaptação, numa única passada, realiza as etapas de corte, trilha, separação e limpeza do feijão. Antes do corte, o feijão é normalmente dessecado com produtos químicos, como o glifosato, visando à uniformização da maturação. Como vantagem, apresenta redução do número de operações no campo diminuindo o custo operacional, e obtém-se um tempo de oportunidade melhor, em que é possível planejar mais adequadamente em relação ao tempo disponível para a colheita e sua efetivação.

Como desvantagem, observa-se grande investimento com a compra de máquinas maiores ou adequação de colhedoras com kits específicos, e a necessidade de treinamento de operadores qualificados.

No sistema indireto, o feijão é cortado do solo com um ceifador acionado por um trator, ou adaptado numa colhedora autopropelida. O feijão, ainda úmido, é enleirado, ficando em repouso no solo até atingir o ponto de umidade ideal, para, então, ser recolhido, trilhado, separado e limpo por uma máquina recolhedora, também acionada por um trator, ou por uma colhedora adaptada.

Os grãos limpos são armazenados no graneleiro da máquina e as demais partes vegetais são picadas e distribuídas no solo. Como vantagem, este sistema apresenta menor custo de aquisição e manutenção de maquinário e a menor necessidade de especialização de operadores.

Como desvantagem, o sistema indireto apresenta maior número de passadas de máquinas, além de permitir que o feijão, que permanece em contato com o solo, possa adquirir umidade de chuva e iniciar a germinação no campo antes de seu recolhimento.

Em ambos os sistemas, existe a necessidade do uso de variedades adequadas à mecanização e da adequação e regulagem das máquinas às condições específicas de colheita, considerando a variedade, densidade e umidade dos grãos.

 

Colheita mecanizada não prejudica a qualidade do feijão  Crédito IAC
Colheita mecanizada não prejudica a qualidade do feijão Crédito IAC

Influência na qualidade

A qualidade do feijão colhido mecanicamente pode ser influenciada pelo uso de máquinas, mas se forem tomados os devidos cuidados com a regulagem dos órgãos ativos das máquinas de corte e enleiramento e de trilha, os danos podem ser desprezíveis.

Existe uma ideia de queda de qualidade devido ao uso de equipamentos adaptados para uma função que não foram projetados, e o uso incorreto do equipamento, tornando a operação de colheita causadora de danos mecânicos e perdas de grãos a níveis significativos. Mas ao optar por um produto que foi projetado e testado para a cultura do feijão, eventualmente poderão ocorrer perdas, mas devido à má condução e regulagem das máquinas.

Nas máquinas de corte são observadas principalmente as regulagens de molas de sustentação e rodas de apoio da plataforma; ângulo de ataque, avanço/recuo e frequência do molinete, além da velocidade de avanço da máquina e condições das navalhas da barra.

Mas os principais danos podem ocorrer no momento de debulha do produto, realizado pelas máquinas recolhedoras e trilhadoras. O principal fator é a umidade adequada do feijão, visando reduzir seu índice de quebras.

Na máquina recolhedora trilhadora, os principais cuidados são as regulagens da altura de trabalho, pinos batedores do cilindro de trilha, distância entre côncavo e pinos batedores, pressão de sucção do fluxo de ar e a peneira de vazão. A velocidade de avanço também é importante pra evitar principalmente as perdas de grãos.

Essa matéria você encontra na edição de março da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira a sua. 

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