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Hélio Casale
Engenheiro agrônomo, consultor, cafeicultor, e membro do Conselho Editorial da Agro DBO
O parque cafeeiro evoluiu, mas ainda pode melhorar muito mais. Os fertilizantes estão a cada diamais caros, o custo anual de uma lavoura de café sobe ano a ano, as chuvas estão irregulares e a incerteza de boa colheita é uma realidade.
São cerca de 52 fatores de produção de ordemfísica, quÃmica e biológica que estão interferindo positiva ou negativamenteno resultado final. O cafeicultor tem como obrigação monitorar seriamente os diferentes fatores de produção, de maneira a conseguir produtividade máxima econômica.
As análises
Inúmerassãoasferramentas que estão à disposição dos técnicos e dos cafeicultores, sendo uma das mais importantes a análise foliar de rotina, para avaliar o quanto a planta absorveu dos nutrientesprincipais, se está sobrando, faltando ou está adequado para aquela época do ano e com a produção esperada.
Tempos atrás, o professor da ESALQ/USP, EurÃpedes Malavolta, capitaneouum programade Pesquisa e Desenvolvimento – P&D criado dentrodeumagrandeempresa com largos plantios de café, cÃtricos, cana-de-açúcar e cacau.
O Dr. JoséPerez Romero foi o braço direito do professor naquela empreitada e eu fui secretário-executivo daquele programa. Época de muito trabalho e muito aprendizado.As pesquisas eram criadas e implantadas no campo visando atender as necessidades básicas de cada cultura, de maneira a se obter produtividade máxima econômica.
Uma dessas pesquisas foi implementadacomaanálise foliar docafeeiro.Foramselecionadas11 glebas das variedades Mundo Novo, Catuaà e Bourbon, com produtividademédiaacima de 30 a40 sacas beneficiadas por hectare. A cada dois meses eram amostradas/analisadas folhas recém-amadurecidas, em ramos a meia altura das plantas,e levadas ao laboratório paraanálisecompletadosmacro e micronutrientes.
O experimento
Foram 44 amostras em 11 glebas (484 amostras)durante88 meses, ouseja, mais de sete anos de duração do tal experimento.Os dados foram devidamente tabulados pelo professor Malavolta e estão na tabela a seguir.
Observe-se a variação do manganês e sua concentração maior na pré-florada. Faltou manganês na florada, o pegamento é reduzido. Manganês acima de 600 é tóxico e abaixo de100 é falta grave, que leva ao prejuízo.
Resposta do cafeeiro ao manganês |
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Latossolo Vermelho de Utinga, Bahia Manganês disponível no solo 5ppm (Mehlich) ““ manganês nas folhas 10 ppm |
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Tratamentos |
Litroscaféda roça20plantas |
Produção relativa% |
1. Testemunha |
42 |
100 |
2. Esterco de curral – 20 litros por cova |
50 |
119 |
3. Sulfato de amônio – 200 gramas /cova |
100 |
232 |
4. Sulfato de manganês – 1% 2 foliares + esterco de curral – 20 litros por cova |
123 |
292 |
5. Sulfato de manganês -100 gramas por cova ““ no solo |
132 |
314 |
6. Sulfato de manganês – 1% + sulfato de ferro a 2% |
150 |
357 |
7. Sulfato de manganês ““1%, 2 foliares |
163 |
388 |
Fonte: Matiello et. al ““ PROCAFÉ
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Abaixo os resultados de um experimento feito pelo pesquisador José Braz. Matiello e equipe, na região de Utinga (BA), onde se pode ver claramente a importância desse micronutriente. Doses excessivas de calcário e falta de monitoramentona fase de pré-florada podem ser decisivos para o lucro ou o prejuízo.
Observartambémas 13 relações entre nutrientes que, na prática, são muito mais importantes que os teores absolutos.A seguir a justificativa para cada uma das relações escolhidas.
- N/P – o nitrogênio, como a purina ou a pirimidina(bases nitrogenadas) e fósforo com ácido fosfórico, com proporções fixas nos ácidos nucleicos (DNA e RNA).
- N/K – nitrogênioe potássio estão juntos em vários processos relacionados com vegetação e crescimento. Sem nitrogênio o potássio não funciona e vice-versa.
- N/S – as proteínas são formadas de unidadeschamadas aminoácidos. Alguns aminoácidos, como por exemploa cisteÃna, cistina, metionina e taurina contêm enxofre. Todas as proteínas vegetais possuem aminoácidos sulfurados etodos os aminoácidos contêm nitrogênio. Daà existir uma proporçãodeterminada entre o N e o S.
- N/B e N/Cu – o aumento na absorção do nitrogênioprovoca maior crescimento, que pode acarretar diluição na concentraçãoN/Cue N/B, e consequentementeaumentam as relações N/B e N/Cu.
- P/Mg – o magnésio é indispensável para a absorção do fósforo. Existem reações em que há armazenamento ou transferência de energia. Em compostos de fósforo há sempre participação do magnésio.
- P/Cu, P/Fe, P/Mn, P/Zn““ excessode fósforo provoca deficiência de cobre, ferro, manganês e zinco.
- K/Ca, K/Mg, K/Mn – excesso de potássio inibe a absorção de cálcio, magnésio e manganês.
- Ca/Mg, Ca/Mn – o cálcio é essencial para a absorção do magnésio e todos os outroselementos, entretanto,em excesso causa diminuição na absorção de diversos cátions, com K, Mg, Mn e alumÃnio tóxico.
- Fe/Mn – excesso de ferro provoca diminuição na absorção do manganês e excesso de manganês provoca diminuição na absorção do ferro.
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