Ricardo Ferreira Garcia
Professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro ““ UENF
O processo de mecanização agrícola consiste na troca do trabalho agrícola manual por máquinas visando à automatização de um processo, tornando-o repetitivo com a manutenção da forma operacional em que o trabalho é realizado.
Como principais benefícios, é possível citar a redução do custo da operação agrícola, tempo operacional, condições insalubres de trabalhadores e de perdas da cultura. Além disso, ocorre o aumento da capacidade operacional, qualidade do produto e capacidade de exploração de grandes áreas em tempo relativamente menor, quando comparado às operações manuais.
Como desvantagens, destacam-se o aumento da perda de grãos, os riscos de danos mecânicos durante a colheita e a exigência de cultivares adaptadas ao sistema de colheita mecanizado.
Faça as contas
No sistema manual de arranquio e enleiramento, gastam-se em média de oito a dez homens/dia/hectare para essas tarefas, resultando num rendimento de 178 m2/h, aproximadamente. Para realizar a mesma função de corte e enleiramento com sistema mecanizado, diversas configurações de ceifadoras podem ser utilizadas, dependendo da disponibilidade de trator ou colhedora.
Com um conjunto mecanizado composto por trator e ceifador de barra mais simples engatado à sua parte frontal, com 2,0 m de largura e à velocidade de 2,7 km/h, obtém-se uma capacidade operacional de 0,6 ha/h aproximadamente. O conjunto mecanizado composto por trator e ceifador de 3,0 m acoplado ao engate de três pontos, à mesma velocidade, alcança uma capacidade operacional de 0,8 ha/h.
Com uma colhedora autopropelida acoplada a uma plataforma de corte e enleiramento de 4,2 m, Ã 2,8 km/h, obtém-se uma capacidade operacional de 1,2 ha/h. E utilizando-se uma plataforma de 4,5 m, a 3,5 km/h, se alcança uma capacidade operacional de até 1,6 ha/h. Para realizar estas mesmas operações manualmente, se gastariam em média, aproximadamente, 40 homens/hora.
Para a operação de recolhimento e trilha, utilizando-se um conjunto mecanizado de trator e recolhedora acoplada de 1,8 m de largura, e trabalhando-se a 5 km/h, obtém-se a capacidade operacional de 2 ha/h.
O que muda
Segundo a Embrapa, a época adequada da colheita constitui o fator determinante de um produto final de alto valor comercial e redução de perdas, e para se obter sementes de boa qualidade as lavouras devem ser colhidas, preferencialmente, logo após elas alcançarem a maturação fisiológica, época que corresponde ao estádio de desenvolvimento em que as plantas estão com folhas amarelecidas, com as vagens mais velhas, quase secas, e com as sementes na sua capacidade máxima de desenvolvimento, mas com umidade ainda alta, necessitando de secagem.
Nas variedades de sementes de cor bege, a maturação fisiológica é alcançada quando o teor de umidade das sementes encontra-se ao redor de 38 a 44%, e nas de cor preta, em torno de 30 a 40%. Na impossibilidade de colher no ponto de maturação fisiológica, recomenda-se iniciar a colheita quando a umidade das sementes atingir 20%. Sementes imaturas, colhidas antes de terem atingido seu ponto de maturação fisiológica, apresentam baixo vigor e baixo poder germinativo.
Segundo o Iapar (Instituto Agronômico do Paraná), algumas variedades são mais recomendadas para a colheita mecânica, independente da coloração, por serem mais resistentes ao impacto e apresentarem porte mais ereto ““ IPR Campos Gerais, IPR 139, IPR Corujinha, Iapar 81 e IPR Juriti (cultivares do grupo Carioca), e IPR Tuiuiú, IPR Tiziu e IPR Uirapuru (cultivares do grupo Preto).
Custo
Ao comparar o custo de colheita manual com a mecanizada, foi analisada a participação percentual dos itens componentes do custo de produção de feijão, em sistema de plantio direto, em área de 50 sc/ha na região de Capão Bonito (SP). O custo do sistema de colheita semimecanizado, realizado por arranquio manual seguido do uso da recolhedora de feijão, foi de R$ 428,00, representando 18% do total do custo de produção da cultura.
Numa propriedade com o mesmo rendimento e na mesma época, também em São Paulo, obteve-se o custo de R$ 270,00/ha para a realização da operação de colheita com colhedora autopropelida, confirmando a viabilidade da mecanização.
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