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Ernane Miranda Lemes
Doutorando ICIAG ““ UFU
José Geraldo Mageste da Silva
Professor UFVJM/ Instituto de Ciências Agrárias ““ ICIAG /UFU
jgmageste@ufu.br
Vinicius Evangelista Silva
Especialista em Nutrição e Manejo Florestal da Eldorado Brasil Celulose
vinicius.silva@eldoradobrasil.com.br
Antes de entendermos o que são biorreguladores é necessário comentarmos que entre os fatores que mais afetam o desenvolvimento das plantas está a presença e a quantidade dos fitohormônios (auxinas, giberelinas, citocininas, etileno, ácido abscÃsico, brassinoesteroides, jasmonatos e salicilicatos) que existem nelas.
Estes compostos funcionam como sinais químicos que promovem ou inibem processos metabólicos nas células vegetais, alterando a fisiologia e a morfologia de uma determinada parte da planta.
Produtos contendo fitohormônios ou compostos químicos com algum efeito hormonal são regularmente chamados de bioativadores, biorreguladores ou bioestimulantes, embora ainda haja outras denominações para compostos que de outras formas beneficiam o desenvolvimento das plantas.
Os bioativadores são substâncias orgânicas ou minerais que induzem a síntese de fitohormônios. Os produtos biorreguladores são substâncias orgânicas, não nutrientes, aplicadas em baixas concentrações e que apresentam efeito similar ao dos fitohormônios, podendo antecipar ou atrasar a maturação, uniformizar a germinação, estimular o desenvolvimento radicular e perfilhamento e melhorar a produção de biomassa.
Os efeitos dos reguladores variam basicamente com a espécie vegetal, o estádio de desenvolvimento e com fatores ambientais. Já os bioestimulantes são misturas de biorreguladores, e variam basicamente com:
- A espécie vegetal: existem aqueles que devem ser específicos para uso na cultura da seringueira, assim como aqueles que são específicos para outras culturas como café, cana-de-açúcar, cenoura, etc.
- O estádio de desenvolvimento da planta: devem ser usados em plantas adultas e já maduras fisiologicamente. Não devem ser usados nas sangrias de punctura, comuns para antecipação da produção. Neste tipo de sangria haverá grande redução do crescimento.
- Fatores ambientais:sob variações de temperatura e umidade relativa, para a seringueira, em épocas de déficit hídrico elevado, comum nos meses de agosto e/ou setembro, nas regiões de escape desta cultura, não devem ser usados os estimuladores de produção de látex. Este déficit hídrico elevado (como em Governador Valadares ““ MG), induz a um “esgotamento da planta“, primeiramente reduzindo seu crescimento e desenvolvimento, depois podendo levar à morte indivíduos com até 20 cm de diâmetro à altura do peito (DAP).
Vantagens para a seringueira
As vantagens da utilização de biorreguladores em sistemas de sangria de seringueira são enormes. O primeiro grande benefÃcio é reduzir a frequência do número de cortes do painel ““ assim, existirá uma “economia de casca“, evitando-se reabertura de painéis de sangria.
Por esta razão, esta tecnologia vem sendo praticada regularmente, principalmente nos seringais de cultivo das regiões de escape. Esta prática reduz a quantidade de mão de obra necessária para extração do látex, já que reduz consideravelmente a frequência de sangria.
Como exemplo, num sistema S2/D2, que significa sangrar a metade do tronco dia sim, dia não, pode passar para sangrar a cada quatro dias. Então, um sangrador, que normalmente é responsável por extrair o látex de 800 plantas (em MG, nas regiões de escape) pode passar a “tomar conta“ de 1.600 plantas. O sistema pode migrar para S2/D4 com muita facilidade e sem prejuízos de produtividade.
Além disto, haverá uma melhora nas propriedades do látex extraÃdo, em comparação com os sistemas mais intensivos de extração de látex. Os biorreguladores podem contribuir para aumentar a eficiência produtiva do seringal, diminuir o número de horas de trabalho na cultura e finalmente reduzir consideravelmente os custos de produção.
A utilização de biorreguladores reduz o número de cortes no painel de corte da seringueira, diminuindo os traumas à planta, contribuindo para maior produção do látex e facilitar a regeneração da casca nos painéis de corte.
Toda vez que é realizado um corte para produção de látex, deve ser considerada a possibilidade de haver um erro do sangrador. Pode haver corte mais profundo (atingindo a região cambial) ou retirando excesso de casca, dificultando o fluxo contÃnuo do líquido.
Reduzir o número de cortes com igual ou maior produtividade (já que o bioestimulante mantém o vaso lactÃfero aberto por mais tempo) será um ganho extraordinário de funcionalidade. Outro ganho considerável é a redução dos problemas fisiológicos, como a seca do painel (se o estímulo for em condições ambientais propÃcias, de não existência de déficit hídrico acentuado).
Existem relatos de ausência de respostas à aplicação de biorreguladores em seringueiras, em casos de seringais mal manejados.Por outro lado, ganhos de até 150% de produtividade de látex foram constatados. É fundamental, portanto, ao utilizar esses produtos, respeitar o potencial produtivo das árvores.