Luiz Fernando Favarato
Engenheiro agrônomo, mestre em Fitotecnia e pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (INCAPER)
luiz.favarato@incaper.es.gov.br
O sucesso do cultivo da couve-flor começa pela produção de mudas de alta qualidade, que originam plantas com alto potencial produtivo, enquanto aquelas com o sistema radicular ou a parte aérea danificada originam vegetais com potencial produtivo limitado.
Os cultivares de couve-flor necessitam de condições climáticas muito específicas, sendo fundamental a escolha do cultivar correto às épocas e regiões de cultivo. Além disso, as plântulas de couve-flor são bastante sensÃveis a estresses. Para as mudas formadas na primavera e no início do verão, há o risco das mudanças bruscas de temperatura, que podem induzir à formação de cabeças precoces. Por isso, é importante manter as mudas em ambiente protegido.
Recomendações
A produção de mudas deve ser feita preferencialmente em bandejas de poliestireno expandido (isopor) com 128 a 200 células, dependendo do tamanho das mudas que se deseja levar ao campo.
Em diversos trabalhos observa-se que bandejas de 128 células proporcionam plantas com inflorescência maior do que aquelas formadas em bandeja de 200 células. As bandejas devem ser higienizadas para serem reutilizadas; nesse caso, recomenda-se a lavagem dos recipientes com uma solução de água sanitária a 2%, seguida de secagem ao sol, para a evaporação do cloro.
A produção é influenciada pela restrição das raízes e, portanto, pelo tamanho do recipiente. Maior peso de raízes em recipientes pequenos contribui para a redução do espaço poroso e propicia maior competição por oxigênio. Os recipientes devem ter tamanho que permita a otimização do fornecimento de água, luz e nutrientes até que a muda atinja o tamanho necessário para o transplantio. As mudas com sistema radicular restrito, quando transplantadas para o campo, têm dificuldade de compensar a evapotranspiração, mesmo se bem irrigadas após o transplantio.
Critérios
A idade da muda é outro fator que pode influenciar a planta no campo, pois seu desenvolvimento radicular é dependente do volume de substrato disponível. Se for mantida por período muito grande na bandeja, poderá apresentar deficiências nutricionais ou até enovelamento das raízes.
Na produção de couve-flor, a exemplo de qualquer outra cultura, imprevistos como chuvas podem obrigar o produtor a atrasar o transplantio, utilizando mudas velhas. O substrato a ser utilizado deverá ter características físicas adequadas, principalmente no que se refere à drenagem e aeração, e atender às exigências nutricionais e hÃdricas da muda, além de ser isento de fitopatógenos.
Substratos e nutrição
Recomenda-se o uso de substratos ricos em fósforo e balanceados na proporção de uma parte de nitrogênio para uma parte de potássio, de modo que as plântulas cresçam fortes e vigorosas.
São necessários, aproximadamente, 150-200 gramas de sementes para a formação de mudas para o plantio de um hectare, considerando-se 20 mil plantas por hectare. Faz-se a semeadura na bandeja a uma profundidade de até 0,5 cm.
A complementação foliar de micronutrientes na fase de muda é indispensável e, por isso, devemos fazê-la em relação ao boro e molibdênio. Sugerimos que os produtores façam duas aplicações de molibdato de sódio, a 2 ou 3 g por litro de água, aos 13 e 20 dias da sementeira. Já em relação ao boro, recomendamos outras duas aplicações aos 15 e 25 dias na base de um grama por litro de água.
A temperatura ideal dentro das estufas deve oscilar entre 20 e 25° C. O transplante ocorre quando as mudas tiverem de quatro a cinco folhas definitivas, ou 10 a 12 cm. Não recomendamos o uso de mudas passadas, estressadas ou fora do padrão.