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O adensamento, não há dúvida, é o novo fator de competitividade da cultura
A área plantada com mangas no Brasil se encontra em torno de 60 a 70 mil hectares. As regiões produtoras são Nordeste (Bahia, Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte), Norte de Minas (na região dos projetos JaÃba e Janaúba) e São Paulo. Atualmente, a região mais expressiva em área e em produção para exportação é o Vale do São Francisco.
Toda a região produtora no Brasil passa por transição de espaçamento convencional para o espaçamento adensado. Nas décadas de 80 e 90 eram predominantes os plantios com espaçamento aberto ““ 10m x 10m, 12m x 10m e 10m x 8m. Em seguida vieram os plantios de 8m x 5m e depois 7m x 4m.
Nos últimos 12 anos os espaçamentos reduziram mais ainda. Luiz Eduardo Ferraz é consultor e produtor de mangas, e pioneiro na implantação do sistema adensado, com espaçamento de 6m x 2m, 6m x 1,5m, e 6m x 1m.
Nos últimos dois anos seu objetivo tem sido plantar 5m x 2m, 5m x 1m e 4m x 2m. Para esses espaçamentos ele utilizará as variedades, Palmer, Keitt, Kent e Tommy Atkins, adaptando os tratos culturais e conceitos de podas a essas variedades. “Algumas variedades se adéquam melhor, outras nem tanto, mas no geral ainda usamos as mesmas“, relata.
Como funciona
Luiz Eduardo conta que no sistema convencional (10 x 10 m ou 12 x 10 m) a planta leva de oito a dez anos para atingir o máximo da produtividade, pois é necessário que ela cresça o suficiente para atingir um volume de copa que permita a produtividade elevada.
Com o sistema adensado, que tem como objetivo ocupar o espaço mais rapidamente e produzir mais, em menor tempo, os bons rendimentos (produção) podem ser alcançados em quatro anos, com produtividade inicial de 30 toneladas por hectare, enquanto que nos sistemas abertos seria algo em torno de seis toneladas por hectare no primeiro ano de produção (plantas com mesma idade e em espaçamentos diferentes).
“O objetivo é fazer com que a planta, mesmo com um porte pequeno, tenha uma produtividade mais alta. No espaçamento 10 x 10m, por exemplo, tem-se 100 plantas por hectare. Já no espaçamento 6 x 2m chegamos a 833 plantas por hectare. Para conseguir produzir 30 toneladas em espaçamento de 10 x 10m, seria preciso 300 quilos de frutas por planta (plantas muito grandes). Já no sistema adensado, produzindo apenas 36 quilos por planta (plantas pequenas) já é possível atingir essa mesma produtividade“, compara Luiz Eduardo.
Além de a alta produtividade ser antecipada, o consultor conta que o produtor ainda tem outras vantagens no trato cultural das mangas, como pulverização, rendimento de mão de obra, qualidade das frutas, eficiência de pulverização e uma série de ganhos que são muito importantes para a viabilidade do negócio.
Adensado é aposta no ES
Edercir Tertel é produtor de mangas há 12 anos no Vale de Santa Joana, em Colatina (ES). No começo da atividade, ele adotou o sistema convencional (10 x 10m), que produz por ano 600 caixas de manga Ubá. Destes, atualmente ele mantém 100 pés da fruta.
Mas, apostando na inovação da atividade, ele adotou o plantio adensado há um ano e meio, com 200 pés de manga no espaçamento de 7 x 6m, que ainda não entraram em produção, mas a estimativa é que chegue a 1.500 caixas por ano, o que deve acontecer daqui a três anos.
O produtor conta que a ideia inicial foi ter maior controle da produção, com podas anuais para que o pé não cresça muito. “Com o pé menor, a colheita é facilitada, já que as plantas são menores e mais próximas umas das outras. Consegui profissionalizar mais no segmento“, pontua.
Acertando o ponto
O cultivo de manga adensada é todo irrigado por microaspersão, que contribui para o maior crescimento, qualidade e produtividade das frutas. Edercir garante que o custo entre este e o cultivo convencional não muda.
Entretanto, no adensado a exigência por profissionalização é maior, especialmente quanto à condução dos pomares, adubações e podas, estas últimas devendo ser realizadas a cada três meses.
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Podas intensivas
Os critérios de adubação são os mesmos nos dois sistemas, pois as doses são recomendadas por hectare. O que muda é o critério de poda, que obrigatoriamente deve ser mais intensivo. “Como o espaço é pequeno, a planta tem que ser podada para ser mantida no espaçamento determinado. Se a poda não for feita, a pulverização é inviabilizada, dificultando a entrada de tratores, seja para colher, adubar ou pulverizar. Ou seja, a poda anual é obrigatória“, pontua o consultor.
Luiz Eduardo iniciou o plantio adensado há doze anos, e atualmente tem 22 hectares em plena produção, e mais 45 hectares sendo implantados no espaçamento 4m x 2m, no total de 1.250 plantas por hectare.
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