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domingo, novembro 24, 2024
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Cultivo de flores comestíveis merece hidroponia

 

É sabido por todos que os produtos hidropônicos, além de mais saborosos, por não terem contato com o solo se mostram também mais saudáveis, livres de patógenos e agrotóxicos. Imagine o resultado ao se tratar das flores comestíveis

 

Glaucio da Cruz Genuncio

Doutor em Nutrição Mineral de Plantas ““ UFRRJ

glauciogenuncio@gmail.com

Everaldo Zonta

Doutor em Agronomia – UFRRJ

Elisamara Caldeira do Nascimento

MSc em Fitotecnia – UFRRJ

 

Crédito Internet
Crédito Internet

A necessidade de diversificação da produção em hidroponia é constante, dada a profissionalização do setor e a garantia de preços mínimos dos produtos comercializados. Associado a este fator, o crescimento do consumo de flores comestíveis abre um mercado importante no setor de produtos hidropônicos.

Segundo a Epamig, a produção flores comestíveis no estado de Minas Gerais ocupa o segundo lugar no Brasil (São Paulo encontra-se no primeiro lugar) e esse mercado apresenta um potencial de expansão de cerca de 12% por ano.

O volume comercializado de uma única produtora, empresária que se especializou na produção de flores comestíveis, é de aproximadamente 12 mil molhos anuais, com a média de 20 unidades de flores comestíveis por molho. Esta produção é escoada para mercados específicos localizados em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.

Para estudo quanto ao escoamento de produção, valores comercializados e espécies mais requeridas, é altamente recomendável que se faça um estudo mercadológico baseado em um plano de negócios.

O sistema de hidroponia para flores comestíveis requer conhecimento e acompanhamento técnico - Crédito Janine Farias
O sistema de hidroponia para flores comestíveis requer conhecimento e acompanhamento técnico – Crédito Janine Farias

Espécies comestíveis

Visando a produção de flores comestíveis em sistema hidropônico e baseando-se em artigos científicos publicados sobre este tema, pode-se verificar que a principal flor comestível pesquisada é a Capuchinha ou Nastúrcio (Tropaeo lummajus).

A capuchinha é uma planta que tem como centro de origem o Peru. Destaca-se pelo seu uso como planta ornamental desde o século XVI, quando foi levada, pelos espanhóis, ao continente Europeu.

Tanto a flor como os brotos da capuchinha destacam-se pelo crescente uso no preparo de saladas, principalmente associadas às saladas que utilizam alface e rúcula como base. Já em relação às suas características organolépticas, tais flores e brotos apresentam-se com gosto levemente apimentado, sendo rica em vitamina C, vitamina A e carotenoides. Os frutos ainda verdes também podem ser consumidos na forma de conserva, sendo as suas partes comestíveis de sabor picante e aroma suave.

Outra flor bastante apreciada é a flor de jambu, tipicamente brasileira, que destaca-se por ser muito consumida na região norte e nordeste (Acmella oleracea L.). Possui sabor intenso e diferenciado, que anestesia levemente a boca. É da flor que se obtém o princípio ativo que causa dormência na língua e boca, ao se consumir o tacacá, prato típico da região Norte.

Outra flor comestível que merece destaque é a lavanda (Lavandula angustifólia). Devido à sua diversidade quanto aos usos culinários, é utilizada no preparo de biscoitos, bolos, cheesecakes, geleias, tortas e chá, dentre outros.

Já as violetas (Viola odorata) são, no Brasil, amplamente utilizadas para fins ornamentais, porém, podem ser usadas na confecção de saladas e geleias, via de regra.

Dentre outras flores, pode-se destacar a flor da aboborinha, utilizada na gastronomia para a decoração de pratos e no preparo de saladas e risotos. Destaca-se por ser rica em vitamina C, minerais, flavonoides e ácido salicílico. Por outro lado, as flores de amor-perfeito (Viola tricolor), hemerocallis (Hemerocallis sp), cravina (Dianthus chinensis), girassol (Helianthus sp), crisântemo (Dendranthema grandiflorum), tagetes (Tagetes patula), petúnia (Petunia sp), camomila (Matricaria recutita), dente-de-leão (Taraxacum officinalis), cebolinha (Allium fistolosum), trevo (Oxalis deppei), manjericão (Ocimum basilicum), alecrim (Rosmarinus officinalis), mostarda (Sinapsis alba), pepino (Cucumis sativus), rabanete (Raphanus sativus), cebola (Allium cepa) e de almeirão (Cichorium intybus) podem ter diversas utilidades, tais como: preparo de saladas, gelatinas, patês, sopas, sucos, chá, bolos, aromatizante, além do efeito da ornamentação do prato.

O-mercado-se-mostra-disposto-a-pagar-um-valor-agregado-pelas-flores-comestíveis-Crédito-Internet
O-mercado-se-mostra-disposto-a-pagar-um-valor-agregado-pelas-flores-comestíveis-Crédito-Internet

Fique atento

É importante ressaltar que as flores utilizadas na alimentação não são as mesmas comercializadas em floriculturas. As flores comestíveis devem ser produzidas de forma especializada e não se pode utilizar qualquer tipo de agrotóxico ou outro tratamento químico no seu cultivo, pois o tempo entre a produção e a comercialização é muito curto.

Além disso, é fundamental saber que não são todas as espécies que podem ser ingeridas. Existem flores que apresentam princípios tóxicos e não devem ser usadas na alimentação de forma alguma. Exemplos são a violeta africana (Saintpaulia ionantha), o copo-de-leite (Zantedeschia aethiopica), a azálea (Rhododendron indicum), o bico de papagaio (Euphorbia pulcherrima) e o lírio (Euphorbia pulcherrima). Assim, é imprescindível que se pesquise sobre o produto a ser produzido antes de iniciar qualquer trabalho.

Entre os benefícios da produção de flores em hidroponia está a maior garantia de qualidade do produto - Crédito Janine Farias
Entre os benefícios da produção de flores em hidroponia está a maior garantia de qualidade do produto – Crédito Janine Farias

Hidroponia para flores comestíveis

O custo de produção das flores comestíveis é alto. Tal fato deve-se à alta exigência por qualidade com o mínimo defeito apresentável. Assim, no processo produtivo aproveita-se, em média, apenas 30% da produção.

Foi daí que surgiu a ideia de se plantar em hidroponia, justamente visando reduzir as perdas e otimizar a qualidade dessas flores. O investimento em novas tecnologias relacionadas a estufas, telas, sistemas de irrigação e produção de mudas é um fator determinante para ampliação da renda do produtor.

Como o uso de agroquímicos deve ser nulo, os tratos culturais estão ligados à poda, limpeza da área, tutoramento das plantas, quando necessário, manejo da irrigação, temperatura e adubação, além da aquisição de sementes de qualidade. Neste aspecto, as sementes podem ser adquiridas dos mais diversos locais e produtores, incluindo produção própria.

A colheita das flores tem momento certo para acontecer - Crédito Internet
A colheita das flores tem momento certo para acontecer – Crédito Internet

Deborah Gaiotto, produtora de flores comestíveis na Fazenda Maria, no interior de São Paulo - Crédito Arquivo pessoal
Deborah Gaiotto, produtora de flores comestíveis na Fazenda Maria, no interior de São Paulo – Crédito Arquivo pessoal

O Jardins das Ervas Dei Falci é pioneiro na produção de flores comestíveis em Minas Gerais - Crédito Divulgação
O Jardins das Ervas Dei Falci é pioneiro na produção de flores comestíveis em Minas Gerais – Crédito Divulgação

O nicho de flores comestíveis está em franca expansão - Crédito Internet
O nicho de flores comestíveis está em franca expansão – Crédito Internet

 

Essa é parte da matéria de capa da revista Campo & Negócios Hortifrúti, edição de julho. Adquira a sua para leitura completa!

 

 

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