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Mecanização do feijão exige planejamento

 

Ricardo Ferreira Garcia

Engenheiro agrícola, doutor em Mecanização Agrícola e professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro – UENF

garcia@uenf.br

Colheita mecanizada do feijão exige planejamento - Crédito Indústrias Colombo
Colheita mecanizada do feijão exige planejamento – Crédito Indústrias Colombo

Com a necessidade de aumentar a produção de alimentos com menos pessoas empregadas na agricultura, surgiram as grandes lavouras e algumas práticas mecanizadas passaram a fazer parte deste processo evolutivo da agricultura.

Com o surgimento de grandes lavouras de feijão, na década de 70, principalmente as irrigadas, a colheita mecanizada passou a ser uma tendência imperativa à expansão das áreas de cultivo do feijoeiro e à sua transformação de simples exploração de subsistência em atividade empresarial.

Pelas dificuldades da colheita direta com colhedoras de grãos automotrizes adaptadas, e pelo fato de a cultura ser muito sensível a danos durante a manipulação, o arranquio e enleiramento manuais e o recolhimento e trilha mecanizados passaram a ser, até o momento, o método mais empregado de colheita.

No Brasil, a região que mais investe na mecanização da cultura do feijão é o sudoeste paulista, onde já se atingiu 100% de manejo mecanizado, desde as operações iniciais de preparo do solo até a fase de colheita.

Do preparo do solo, passando pelo plantio, tratos culturais até a colheita, a mecanização da cultura do feijão pode estar presente em todas as etapas do processo produtivo e é uma importante aliada do produtor que quer mais produtividade, melhor qualidade e menores custos.

Além da escolha do maquinário adequado, em função do tamanho da área e estimativa de horas anuais de utilização, deve-se atentar para a correta escolha da variedade, que deve ser apropriada para o cultivo mecanizado. O uso de uma variedade de feijão não adequada ao sistema mecanizado pode anular os benefícios esperados pela mecanização.

Condução da lavoura

Em relação à forma de conduzir a cultura, o plantio direto é o sistema mais utilizado, em que se busca a redução de passagens com máquinas sobre o solo, buscando a manutenção da cobertura vegetal, que beneficia o sistema, e a redução de custos operacionais.

Neste tipo de prática não há o revolvimento do solo, sendo a semeadura realizada sobre os restos culturais da safra anterior. Porém, em algumas situações é necessário o preparo convencional – onde se requer a descompactação e renovação da área, e plantio em novas parcelas, com preparo profundo.

O sistema convencional se baseia normalmente em aração e gradagem para quebra e homogeneização das camadas superiores do solo, e distribuição de nutrientes para correção de nutrientes e acidez do solo.

Variedade ideal

Com o uso de máquinas, a variedade de feijão utilizada deve apresentar características que facilitem a mecanização da colheita, principalmente sendo uma variedade ereta, sem fechamento da cultura e com ponto de inserção da primeira vagem longe do solo.

Culturas onde ocorre o fechamento, ou plantas que se acamam durante o enchimento das vagens, não são recomendadas, pois vão dificultar o recolhimento de suas partes de interesse pelos mecanismos recolhedores e ceifadores das máquinas de colheita, aumentando o índice de perdas de grãos.

 

Viabilidade

Em comparação a um sistema de colheita manual, a colhedora autopropelida leva enorme vantagem na capacidade operacional ““ segundo produtores, são necessários, aproximadamente, 30 a 40 homens para fazer o serviço diário de uma colhedora.

Segundo a CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), de acordo com os dados obtidos das três safras 14/15, estima-se para que a área total de feijão poderá chegar a 3.092,9 mil hectares, menor em 8,1% que a safra passada. A produção nacional de feijão deverá ficar em 3.274,8 mil toneladas, sendo 5,2% menor que a última temporada.  Em Campo Mourão, na maior região produtora, Paraná, segundo a CONAB, o custo da cultura do feijão, em sistema de plantio direto, com operação de tratores e colhedoras foi de R$ 259,21 ha-1, representando 7,32% do custo total da produção.

Este valor aproximado também foi observado por um prestador de serviço em São Paulo, onde se observou o custo de R$ 250,00 a R$ 290,00 por hectare para a colheita mecanizada, enquanto que a colheita manual custou R$ 540,00 ha-1.

Analisando uma máquina com plataforma de 5,5 m de largura, trabalhando à velocidade de 5 km h-1, sua capacidade operacional teórica é de aproximadamente 2,75 ha h-1. Considerando a produtividade média de 2.240 kg ha-1 das principais áreas produtoras, a máquina colhedora apresenta um rendimento teórico de 6.160 kg h-1. Numa comparação com a colheita manual, seriam necessários, aproximadamente, 40 homens para realizar o serviço de uma máquina.

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