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Ademilson de Oliveira Alecrim
Engenheiro agrônomo, mestrando em Fitotecnia pela Universidade Federal de Lavras ““ UFLA e membro do Grupo de Estudos em Herbicidas, Plantas Daninhas e Alelopatia ““ GHPD
Marcos VinÃcius de Oliveira Gonçalves
Giovani BeluttiVoltolini
Graduandos em Agronomia pela UFLA e membros do GHPD
A fruticultura brasileira possui relevante importância no mercado mundial de frutas frescas, sendo um dos principais exportadores de variadas espécies de frutas para diversos países. Sobretudo, as exportações são influenciadas diretamente pela qualidade dos frutos que, na maioria das vezes, é reduzida pela incidência de pragas e doenças.
Entre as principais pragas da fruticultura podemos destacar a mosca-das-frutas, sendo as espécies Anastrepha spp. eCeratitiscapitata as que causam maiores prejuízos. No mundo, anualmente são perdidos aproximadamente cerca de US$ 1 bilhão devido aos danos causados por essas moscas.
Os danos causados por esta praga podem ser divididos em três classes, sendo aqueles causados diretamente à produção, outros causados à comercialização e também à redução na aceitação das frutas no mercado externo.
Nas lavouras, os danos causados são de grande importância, visto que eles são ocorrentes diretamente nos frutos, onde a fêmea adulta perfura por ocasião da oviposição, e as larvas consomem a polpa, provocando um apodrecimento interno e, consequentemente, a queda do fruto.
Os danos oriundos da comercialização são aqueles causados pela ação do inseto depois da colheita, em que o surgimento de lesões e o apodrecimento dos frutos ocorrem principalmente quando expostos em hortifrútis.
Os países importadores de frutas do Brasil têm baixa aceitação a frutos com lesões oriundas da perfuração da mosca-das-frutas, portanto, lotes com incidência destas injúrias são descartados e, consequentemente, diminuem a lucratividade deste mercado.
Espécies mais atacadas
Atualmente, sabe-se que as moscas-das-frutas atacam mais de 400 espécies de frutas, destacando-se a laranja, limão-cravo, tangerina, ameixa, manga, caju, goiaba, mamão e maracujá. Preferencialmente, as moscas escolhem frutos que tenham a polpa mais mole, assim como a casca (exoderme), para facilitar a perfuração e realizar posterior oviposição.
As espécies Anastrepha spp. eCeratitiscapitata, que são as causadoras dos danos mais severos à fruticultura, possuem ampla distribuição geográfica, estando restritas somente às regiões árticas e antárticas do globo. Portanto, sua disseminação é muito grande, principalmente em locais de clima temperado e com maior umidade, que propiciam melhores condições para as moscas perfurarem os frutos e depositarem seus ovos.
Para evitar a entrada dessa praga nos pomares deve-se fazer um bom manejo preventivo, que consiste basicamente em evitar plantios próximos a áreas com plantas hospedeiras das moscas, principalmente as sem cuidados ou abandonadas.
A seleção de cultivares adaptados para a região de plantio, assim como o recolhimento dos frutos caÃdos no solo e o monitoramento da área são também métodos que ajudam na prevenção desta praga.
Controle
O monitoramento da população na natureza é um fato absolutamente importante, pois demonstra como se deve avaliar a população do pomar para tomar as medidas de controle mais efetivas. O ideal é fazer a detecção das moscas-das-frutas antes mesmo de se iniciar maciçamente as posturas. Isto é possível utilizando-se armadilhas do tipo McPhail ou aquelas confeccionadas com embalagens plásticas, contendo atrativos alimentares.
Além da Anastrepha, esta armadilha também captura outros gêneros de moscas-das-frutas. Os atrativos alimentares considerados mais eficientes são: proteÃna hidrolisada na dosagem de 5% e melaço de cana a 10%.
Para se capturar exclusivamente a mosca C. capitata utiliza-se a armadilha do tipo Jackson, com isca de feromônio sexual Trimedilure. Recomenda-se, durante todo o ano, duas vistorias por semana.
O nível de controle por armadilha é de 0,5 mosca/armadilha/dia. O controle da mosca-das-frutas pode ser feito de forma cultural utilizando-se de práticas como o ensacamento dos frutos, que tem se constituÃdo em tática eficiente para evitar a oviposição.
A eliminação de frutos “˜temporões’, que não serão aproveitados economicamente, deve ser realizada. Os frutos atacados presentes nas plantas deverão ser derrubados e triturados ou enterrados para interromper o ciclo do inseto. Cada larva de fêmea morta poderá significar de 278 a 437 posturas a menos no pomar.