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Manejo integrado de formigas cortadeiras em florestas

 

Robson AntonioBotta

Acadêmico do nono semestre do curso de Agronomia e integrante do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Manejo Integrado de Pragas (NEMIP)

Fernando Felisberto da Silva

Professor adjunto da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) ““ Campus Itaqui e coordenador do NEMIP

fernando.silva@unipampa.edu.br

Foto 01 - Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

No que diz respeito aos insetos-praga das florestas, em primeiro lugar estão asformigas-cortadeiras, consideradas fatores limitantes às espécies vegetais cultivadas, sobretudo em reflorestamento, causando grandes prejuízos para seu controle e podendo gerar gastos de até R$ 25,00/ha para manejá-las ““ cerca de 70% dos custos de controle de pragas em cultivos florestais são gastos para manejar as formigas-cortadeiras.

Os danos causados por esses insetos são relatados desde o sul dos Estados Unidos até o centro da Argentina. No Brasil, há uma grande diversidade de espécies de formigas-cortadeiras, sendo as de maior importância econômica, bem como as mais pesquisadas, as formigas dos gênerosAtta (formigas-saúvas) e Acromyrmex (quenquéns).

Para fins de estudo e de manejo eficaz, é fundamental a identificação das espécies que apresentam potencial de dano econômico às culturas, sendo as diferenças existentes entre os gêneros e as espécies utilizadas para esse fim.

Por muito tempo, acreditou-se que o alimento das formigas eram as partes vegetais transportadas para o interior do ninho. Posteriormente, foi descoberto que o material vegetal servia como meio de cultura para uma espécie de fungo (da família Lepiotaceae, Basidiomycota) que, por sua vez, produz substâncias das quais as formigas se alimentam.

Essas pragas atacam as plantas em qualquer estádio de desenvolvimento, cortando folhas, flores, brotos e ramos mais finos. Os danos causados pelas formigas-cortadeiras são bastante graves. Em florestas com Eucalyptussaligna, pode haver uma redução de até 40% na desfolha, e mais de 13% na produção de madeira, quando ocorre desfolha de 100% e 50%, respectivamente.

Para Pinus caribaea, o ataque desses insetos-praga pode reduzir tanto a altura como o diâmetro das plantas. Estudos realizados mostram que um formigueiro adulto, de três a seis milhões de indivíduos, podendo chegar a 200 m², consome uma tonelada de vegetal no ano, o que corresponde a aproximadamente 86 árvores por ano.

O ataque por dois anos consecutivos pode ocasionar não só danos diretos, a exemplo da redução do crescimento e da produção de madeira, como também a morte das plantas. Contudo, são observados danos indiretos, pois o corte da planta a deixa mais suscetível ao ataque de outros patógenos.

 

MIP

Para proceder com o controle das diferentes pragas que podem ocorrer nas florestas, devem ser seguidas as bases técnicas do Manejo Integrado de Pragas (MIP). Ele prevê a integração de diferentes métodos para a redução populacional de determinada praga, buscando, sempre que possível, diminuir o uso de agrotóxicos.

O manejo a ser adotado não pode ser implantado visando apenas uma espécie ou um gênero, mas sim analisando o ecossistema como um todo. As formigas-cortadeiras apresentam hábitos comportamentais não muito distintos; portanto, as técnicas de controle não devem priorizar um gênero ou outro, mas combater esse tipo de praga de um modo geral.

Entre os métodos existe o mecânico manual, por meio da destruição direta do formigueiro e da rainha ““ esse tipo de manejo é restrito a pequenas áreas, em função de sua viabilidade a pequenas áreas; o método cultural, utilizando a consorciação de culturas com a espécie florestal, que servirão de alimento alternativo às formigas; o método físico, com a adoção de fogo, temperatura, radiação e umidade; e o método biológico, com fungos entomopatogênicos. Porém, ainda faltam mais estudos sobre esse controle e o método químico, além da aplicação de iscas tóxicas e termonebulização.

Novidades

Além das táticas de controle citadas, há estudos sobre a resistência de plantas, em que pesquisadores observaram que as cortadeiras rejeitavam alguns vegetais. A resistência se dá por dois tipos principais: a) antibiose, quando a planta apresenta alguma substância química que promove a intoxicação ou a morte dos insetos; b) antixenose, em que grupos de vegetais são menos preferidos para alimentação, abrigo ou ovoposição dos insetos.

O controle químico é a principal forma utilizada pelos produtores para o controle de formigas-cortadeiras. Dentre os produtos químicos mais usuais, destacam-se as iscas tóxicas e as termonebulizações. As iscas formicidas granuladas são largamente utilizadas, pois apresentam alta eficiência de manejo, próxima a 100%, e pela praticidade de aplicação.

Normalmente, são utilizadas as sulfluramidas como ingrediente ativo na formulação das iscas misturado a um veículo, bagaço de laranja, por exemplo. No entanto, as iscas formicidas necessitam de alguns cuidados: deve-se evitar a aplicação em dias chuvosos, pois o produto se degrada e as formigas não conseguem carregar.

A aplicação das iscas pode ser realizada de forma localizada, próxima aos olheiros ou às trilhas mais ativas, ou de forma sistemática, que consiste em distribuir as iscas em toda a área cultivada, independentemente da localização dos olheiros. Outro fator que merece destaque é o volume de isca a ser aplicado, que pode ser calculado ao multiplicar a dosagem recomendada do produto pela área de terra solta do formigueiro. O volume calculado deve ser aplicado próximo aos olheiros mais ativos.

Outra técnica bastante eficiente é a termonebulização, em que um equipamento (termonebulizador) aplica o produto, em forma de fumaça, no interior do formigueiro. Tal procedimento pode ser adotado em períodos chuvosos, ao contrário das iscas granuladas. Esse tipo de controle é altamente eficiente, sendo que os cuidados com intoxicação dos operadores devem ser redobrados, pois a fumaça é altamente tóxica. Essa técnica não é totalmente difundida pela necessidade de manutenção do equipamento, o que eleva os custos de controle.

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