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Além de revestir e padronizar as sementes, os polímeros levam proteção contra agentes externos e internos para o futuro da planta
Polímeros são substâncias formadas por macromoléculas a partir de unidades estruturais menores, cujo objetivo principal, quando aplicado à semente, é de facilitar a fluidez durante o plantio e aumentar o poder de fixação dos produtos químicos utilizados no tratamento de sementes. “A utilização de polímeros no tratamento de sementes já é uma técnica de uso quase que generalizado para todas as espécies“, declara João Almir Oliveira, professor da Universidade Federal de Lavras.
Das pequenas para as grandes
Antigamente, os polímeros eram mais utilizados em sementes menores de hortaliças, forrageiras e algumas espécies florestais, mas atualmente as grandes culturas, como soja, milho e algodão também vêm sendo beneficiadas pela tecnologia.
Além do efeito adesivo, João Almir diz que o polímero proporciona à semente uma superfície mais lisa e escorregadia. “Assim, se a semente tem, por exemplo, alguma saliência ou pilosidade, como a de arroz, de algodão ou de milho, o polímero faz com que elas fiquem mais lisas e escorregadias, o que facilita a regulagem da máquina na hora do plantio, uniformizando a operação, por favorecer o deslizamento da semente“, justifica.
Para essa função há ainda quem use a grafite, que, no entanto, apresenta alguns inconvenientes, como acontece em períodos chuvosos, com a umidade relativa muito alta, que pode aglomerar o produto nos bicos da plantadeira, promovendo o entupimento. Os polímeros, entretanto, podem substituir o uso de grafite, sem causar estes inconvenientes.
Fator adesivo
Outro fator importante é a utilização de polímeros para agregar os produtos químicos que são aplicados na semente, como os inseticidas, fungicidas e aditivos, como promotores de crescimento, dentre outros. “Quando se aplica um inseticida ou fungicida na semente, dependendo da formulação, este pode dispersar, ocasionando perdas de princÃpio ativo na forma de pó, podendo ocasionar uma subdosagem. Usando esse polímero podem-se agregar diversos produtos, na dosagem correta, com melhor fixação e, além disso, sem impacto ao meio ambiente ou ao aplicador“, detalha João Almir.
Ainda, o polímero é utilizado no processo de peletização e incrustação, o que possibilita alterar o tamanho de sementes muito pequenas e/ou o formato daquelas sementes irregulares, beneficiando culturas como: tomate, cebola, cenoura, alface, sementes de forrageiras, fumo, etc. Possibilita, dessa forma, o plantio com semeadura direta em campo, sem a necessidade de formar mudas, como já acontece no cultivo de tomate e pimentão para a indústria.
Modo de aplicação e equipamentos a serem utilizados
A escolha do equipamento adequado a ser utilizado para a realização do tratamento é muito importante, tanto que se ele não for apropriado para o tratamento de sementes da espécie em questão poderá não haver uma boa uniformidade na distribuição do polímero, prejudicando o efeito esperado de recobrir toda a semente e de não agregar bem os produtos químicos utilizados. Além disso, poderá ocasionar danos mecânicos, os quais prejudicarão a qualidade das sementes.
“Outro fator importante é a utilização do polímero indicado para cada espécie, na dosagem recomendada, sem, contudo, alterar o volume de calda indicado, pois o excesso de calda poderá causar danos irreversÃveis, como no tratamento de sementes de soja, que é bastante sensÃvel, ou no processo de tratamento pela embebição muito rápida“, pontua João Almir.
Qual escolher?
Existem vários polímeros no mercado, sendo necessário realizar um teste para avaliar se não há efeito fitotóxico, pois, dependendo da sua composição, poderá prejudicar a germinação e o desenvolvimento inicial das plântulas. “Sementes de alface, por exemplo, são muito sensÃveis, e dependendo do polímero ele pode causar algum efeito fitotóxico. Por isso a importância de usar um produto que seja recomendado para a cultura“, alerta o professor da UFLA.
Quanto custa?
“O valor da aplicação de polímero, dependendo da espécie que está sendo trabalhada, é quase insignificante, em relação aos benefícios que irá promover, pela maior agregação dos produtos químicos e pela facilidade da semeadura, promovendo um estande mais uniforme da lavoura“, conclui João Almir, garantindo que a operação vale, sim, a pena.
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