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Renato Brandão
Engenheiro agrônomo, mestre em Nutrição de Plantas e Gestor agronômico da Bio Soja
Daniela Vitti
Engenheira agrônoma, doutora em Ciências e Coordenadora Técnica da Bio Soja
A perspectiva das chuvas no final do ano, de forma a se restabelecer uma nova florada nos cafezais, deve ser motivo para que os produtores retomem os tratos culturais e adubação nos cafezais e logrem mitigar os efeitos da severa seca que castigou as plantas até então.
Atualmente, o Brasil é o maior produtor mundial de café, com cerca de 30 a 35% da produção mundial, e também o maior exportador. É o segundo mercado consumidor de café, superado apenas pelos Estados Unidos. Possui uma das maiores tecnologias para a produção cafeeira, fruto de enormes investimentos na pesquisa agropecuária.
O aumento na produtividade do cafeeiro é resultado dos maiores investimentos nos tratos culturais envolvendo um melhor controle de pragas, doenças e plantas daninhas, renovação das lavouras com materiais genéticos com maior potencial produtivo e aumento na densidade no plantio.
Dentre deste contexto, o manejo nutricional é fundamental para que o cafeeiro possa expressar o seu potencial produtivo, manter o seu vigor em safras sucessivas e reduzir a sua bienalidade.
Necessidades nutricionais do cafeeiro
Segundo Malavolta, E. (1986), citado por Palma (1991), a quantidade de minerais que o café retira do solo e que está contida em todas as partes da planta se denomina “extração“; a “exportação“ se refere aos elementos existentes nos frutos colhidos. Em ordem de importância, um cultivo típico de café realiza as seguintes exportações:
- Macronutrientes: K>N>Ca>Mg>S>P
- Micronutrientes: Fe>Zn>B>Mn>Cu>Mo
ü Boro (B): o boro intervém na reprodução das plantas e germinação do grão de pólen; está envolvido com a translocação dos açúcares atuando no transporte das folhas para os demais órgãos da planta; atua na divisão, maturação e na diferenciação celular; atua na síntese de celulose e lignina, conferindo maior tolerância do cafeeiro às pragas e doenças; está diretamente envolvido com o metabolismo do Ca, atuando na formação da parede celular.
O boro é um micronutriente com baixa mobilidade no floema do cafeeiro. Portanto, os sintomas de deficiência do B ocorrem inicialmente nas folhas mais novas do cafeeiro. A deficiência de B desorganiza os vasos condutores do cafeeiro. Com o agravamento da deficiência de B, pode ocorre a morte da gema apical, provocando o superbrotamento.
ü Cobre (Cu): o cobre é necessário para a formação da clorofila e também atua no processo da fotossíntese, apresentando papel importante no transporte eletrônico via plastocianina.            Aumenta a resistência às doenças e atua na síntese proteica.
O Cu é um micronutriente com baixa mobilidade no floema do cafeeiro. Portanto, os sintomas de deficiência do Cu ocorrem inicialmente nas folhas mais novas do cafeeiro. A deficiência de Cu no cafeeiro causa redução no crescimento das plantas. As folhas mais novas adquirem coloração verde-acinzentada ou verde-azulada. Ocorre redução no crescimento das plantas pelo encurtamento dos internódios.
ü Manganês (Mn):  é ativador de várias enzimas no cafeeiro, tais como descarboxilases, hidrolases, fosfoquinases e fosfotransferase. Participa da reação da fotólise da água no fotossistema II, formação da clorofila, multiplicação e funcionamento dos cloroplastos. Participa no metabolismo do nitrogênio e na fotossíntese, e exerce influência no transporte e utilização do ferro.
O Mn é um micronutriente com baixa mobilidade no floema do cafeeiro. Portanto, os sintomas de deficiência ocorrem inicialmente nas folhas mais novas, que apresentam clorose internerval com tonalidade amarelo-esverdeados. As nervuras permanecem com coloração verde-escura.