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A importância da calagem e gessagem na cultura do cedro australiano

 

Eduardo Stehling

Biólogo e gestor de melhoramento da Bela Vista Florestal

 

Créditos Bela Vista Florestal
Créditos Bela Vista Florestal

Talvez por ser biólogo, tendo trabalhado como professor por alguns anos, gosto de escrever para a Campo e Negócios textos que visam orientar os produtores de cedro australiano partindo de suas próprias dúvidas.

Trabalhando agora com a extensão da pesquisa que ajudei a realizar, são essas dúvidas que eu apresento aqui em cada edição, como o uso de materiais genéticos superiores, a condução leve de desrama das plantas, o controle da matocompetição, a qualidade da madeira, entre outros temas. Hoje vou abordar um clássico: “Preciso fazer calagem no cedro australiano“?

Podemos desdobrar esta pergunta em outras variantes, mas a resposta mais correta é: “Depende do seu sítio de cultivo“.

Então, antes de falar propriamente sobre a calagem e gessagem no cedro, vamos apresentar um apanhado de informações básicas ao produtor para muni-lo de conhecimento básico sobre o tema.

Informe-se

ð Os solos brasileiros, especialmente em regiões de cerrado, são ácidos, principalmente devido aos elevados teores de alumínio, assim como aos baixos teores de cálcio e magnésio;

ð Em solos ácidos, a absorção de nutrientes pelas plantas é dificultada, sendo necessárias correções;

ð A adição de fertilizantes amoniacais (nitrogênio) pode aumentar a acidez do solo;

ð A acidificação pode ocorrer naturalmente devido à pobreza do solo ou a processos que favorecem a remoção dos elementos básicos (K, Ca, Mg, Na, etc.);

ð A textura dos solos influencia na forma que a correção acontecerá, pois solos arenosos respondem de forma diferente à calagem do que solos argilosos;

ð O crescimento das plantas promove naturalmente a acidificação do solo;

ð Fazer uso da calagem é uma forma de adubação (com Ca e Mg), e não apenas de correção;

ð Fazer a correção do solo permite disponibilizar nutrientes antes imobilizados pela acidez, aumentando a fertilidade geral das áreas;

ð A maneira mais fácil, correta e economicamente viável para se corrigir a acidez do solo, principalmente na camada arável, é pela prática da calagem;

ð A calagem também corrige a toxidez por alumínio e manganês no solo, aumentando sua atividade biológica.

ð Calcário não é tudo igual. Existe um tipo certo para correção da sua área e está relacionado com o teor de Ca e Mg;

ð Super calagens aumentam muito o pH do solos, indisponibilizando micronutrientes.

Essencialidade da correção do solo

Apresentadas algumas premissas básicas sobre o tema, agora podemos discutir um pouco sobre a importância da calagem e gessagem na cultura do cedro australiano. Importantíssimo lembrar que grande parte das informações colocadas aqui foram obtidas pelo Programa de Melhoramento do Cedro Australiano, desenvolvido pela Bela Vista Florestal, com o apoio da Ufla.

O professor Furtini Neto e colaboradores realizaram mais de uma dezena de trabalhos com a espécie, ajudando a desvendar informações básicas sobre sua nutrição e cultivo.

O cedro australiano é uma planta sensível à acidez do solo e à presença de alumínio. A cultura terá um desenvolvimento inferior em comparação ao seu pleno potencial de crescimento, dependendo da acidez e da disponibilidade de alumínio no solo. Daí a necessidade da calagem na fase de implantação (entenda implantação como os três primeiros anos da cultura).

Solos bem corrigidos muitas vezes não necessitam de correções anuais, entretanto, solos brutos precisam ser acompanhados anualmente até se criar um ambiente radicular adequado para as plantas.

 

 Aspecto visual de mudas de cedro australiano cultivadas em diferentes saturações por bases - Créditos Bela Vista Florestal
Aspecto visual de mudas de cedro australiano cultivadas em diferentes saturações por bases – Créditos Bela Vista Florestal

Ponto a ponto

Para saber como deve ser feita a calagem das áreas para o estabelecimento ou manutenção da cultura, deve-se fazer análises de solo anuais durante o inverno. Devem-se realizar amostras compostas de solo nas profundidades de 0-20 cm e 20-40 cm dentro do talhão.

É necessário analisar os parâmetros de fertilidade, acidez potencial, alumínio, matéria orgânica e textura do solo. Coloco os parâmetros desta forma, pois existem centenas de laboratórios e pacotes de análises, e muitas vezes, quando os resultados já estão prontos o laboratório não ofereceu alguma análise importante no pacote contratado ou o produtor não sabia o que realmente deveria ser analisado.

É fundamental que o produtor se informe junto a um técnico ou agrônomo, pois sem uma coleta de solo bem feita e os parâmetros corretos analisados, às vezes não é possível fazer um bom diagnóstico da propriedade.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de outubro/novembro  da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira já a sua para leitura integral.

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