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A viabilidade da genética para as florestas

 

Evandro Novaes

PhD e professor responsável pela área de Genética e Melhoramento Florestal da Universidade Federal de Goiás

novaes@ufg.br

Evandro Tambarussi, professor da Unicentro - Crédito Arquivo pessoal
Evandro Tambarussi, professor da Unicentro – Crédito Arquivo pessoal

A escolha da espécie e do material genético a ser utilizado está intimamente ligada ao objetivo final a que se destina a madeira e a aptidão silvícola local. É importante que clones ou sementes melhoradas sejam preferidas, mesmo com custo superior, devendo ser provenientes de locais com características de clima, solo e geográficas semelhantes às da área onde se pretende plantar.

As mudas tradicionais, de origem seminal (de sementes), possuem certamente maior diversidade genética quando comparadas às clonais. Isso porque cada semente gera um indivíduo único, mesmo que as sementes sejam advindas de uma mesma árvore, podendo ser, portanto, meios-irmãos ou irmãos-completos.

Por outro lado, os clones provenientes de programas de melhoramento sólidos são mais produtivos. Isso porque foram selecionados com base em muita experimentação a campo, comprovando sua superioridade genética.

Dada a menor diversidade genética existente em florestas clonais, é importante que os produtores minimizem os riscos por meio: a) da avaliação de uma diversidade de clones em suas fazendas/regiões, se possível com técnicas de experimentação e apoio de um professional competente, antes de ampliar os plantios com um ou outro clone; b) do plantio de mais de um clone para minimizar os riscos na eventualidade de uma intempérie climática ou da introdução de nova praga ou doença.

É muito comum as grandes empresas florestais plantarem 05 a 10 clones em uma dada região, com cada talhão contendo um clone diferente. Essa configuração em mosaico minimiza os riscos de disseminação de pragas e doenças. Existem, inclusive, estratégias mais modernas que vêm sendo avaliadas pelas empresas, como o plantio de vários clones misturados em um mesmo talhão.

Existe, também, a polêmica sobre a arquitetura das raízes de mudas seminais e clonais. As mudas clonais certamente possuem raízes com arquitetura diferente das mudas seminais. Enquanto as raízes de mudas seminais possuem uma raiz central, mais pivotante, as raízes das mudas clonais são ditas fasciculadas, em que existe mais de uma raiz principal que se aprofunda no solo em busca de água e sustentação.

Isso não quer dizer que as raízes dos clones são mais suscetíveis à queda por vento. Se isso fosse verdade, a eucaliptocultura não seria hoje fortemente baseada em plantios clonais. O fato de não se ter uma única raiz principal não significa que o sistema radicular não seja profundo.

Produtividade

As mudas clonadas tendem a ser mais produtivas se foram selecionadas com base em várias etapas de experimentação no contexto de um programa de melhoramento sólido. Essa superioridade ocorre porque nesses experimentos foram avaliadas milhares de árvores e os clones selecionados são aqueles absolutamente melhores.

Dessa forma, o ganho de seleção é potencialmente muito grande, na medida em que esses 01 a 05 clones realmente são aqueles que melhor crescem e que possuem as melhores características da madeira, se isso foi avaliado durante o processo de seleção.

Dito isso, é importante reconhecer que nem toda planta clonada (propagada vegetativamente) foi selecionada com vários ciclos de experimentação. Portanto, a clonagem em si não garante a superioridade do material.

Este é só um método de propagação do material genético. Sabe-se que alguns viveiros de mogno-africano, por exemplo, multiplicam as plantas via estaquia (propagação vegetativa) porque a semente é muito cara. É fundamental o produtor entender que essas plantas, apesar de serem todas geneticamente iguais (clones), não apresentarão superioridade em relação às mudas seminais. Isso porque elas não foram selecionadas.

Mudas clonais darão origem a florestas mais homogêneas - Crédito Luize Hess
Mudas clonais darão origem a florestas mais homogêneas – Crédito Luize Hess

O que garante a superioridade do clone é o modo como ele foi selecionado. Para se ter uma ideia, as grandes empresas florestais levam no mínimo 12 anos desde a seleção até a recomendação de um clone para plantios comerciais.

Nesse tempo, o clone é avaliado em pelo menos dois ciclos de experimentação (testes clonais) com delineamento que permite separar o componente genético do ambiental. Esses experimentos são multiplicados em vários locais para acessar onde o clone irá bem (interação genótipo x ambiente). Com todo esse investimento, é muito importante para as empresas detentoras dos clones protegerem esses cultivares.

Resistência às doenças

A resistência a doenças depende do clone. Cada clone diferente possui a sua constituição genética (o seu DNA), podendo ser resistente ou suscetível a uma doença. Dessa forma, é fundamental que cada clone, antes de ser recomendado para uma dada região, seja avaliado quanto à resistência as doenças que ocorrem naquele local.

As mudas seminais também podem ser resistentes ou suscetíveis. Porém, como geralmente possuem ampla variabilidade genética, acabam tendo também uma diversidade de condições de resistência e suscetibilidade a doenças. Dessa forma, fica mais difícil que uma doença acometa com grande severidade todas as plantas oriundas de sementes.

 

Floresta adentro

Muitas espécies possuem tecnologia de clonagem, como o Eucalyptus, a seringueira, a teca, o paricá e os mognos africanos. O método de clonagem depende da espécie, mas geralmente é feito via enraizamento de estacas (Eucalyptus, paricá e mogno africano), enxertia (seringueira e mogno africano) ou via micropropagação em cultura de tecidos (teca).

Essa matéria completa você encontra na edição de janeiro/fevereiro 2018  da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira já a sua para leitura integral.

 

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