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Ação e reação das novas moléculas sobre as pragas

Cristiane Bezerra da Silva

Bióloga e doutora em Ciências Farmacêuticas UFPR

cris.mpj@gmail.com

Aurora Maria Rosa de Oliveira

Mestre em Biologia Vegetaledoutora em Ciências de Florestas Tropicais – Inpa

 

As novas moléculas apresentam alta eficiência de controle do complexo de lagartas da soja, milho e algodão - Crédito Shutterstock
As novas moléculas apresentam alta eficiência de controle do complexo de lagartas da soja, milho e algodão – Crédito Shutterstock

A safra brasileira de grãos 2014/15 teve um aumento de 8,2%, ou 15,9 milhões de toneladas, sobre a produção de 2013/14, de 193,62 milhões de toneladas. A soja apresentou incremento de 11,8%, chegando a 96,2 milhões de toneladas.

A safra do milho registrou 54,5 milhões de toneladas, avanço de 12,6% sobre o ciclo. Já a safra de algodão teve aumento de 8% na produção, com 1,44 milhão de toneladas, segundo dados divulgados pelo Ministério da Agricultura.

Muito desse resultado foi graças às novas moléculas que têm ajudado a reduzir a população de lagartas nas culturas. Mas, fique atento – é muito importante ter um agrônomo para decidir qual o melhor inseticida a ser usado na lavoura.

Comercialmente disponíveis

Os inseticidas vírus VPN-HzSNPV (Baculovírus), Bacillus thuringiensis, clorantraniliprole, clorfenapyr e indoxacarbe foram liberados para uso a partir de 2013, enquanto os outros inseticidas vêm sendo utilizados com maior frequência desde 2000. Porém, a partir de 2011 surgiram a maior parte dos estudos que comprovam a ação deles contra as lagartas.

Com relação aos pesticidas comerciais, estes se encontram no mercado desde o ano de 2013, sendo autorizados para uso no Brasil a partir de 2014.

As moléculas baculovírus, clorantraniliprole, clorfenapyr e indoxacarbeainda estão sendo estudadas, mas já foi verificado que elas podem agir como reguladoras de crescimento nas lagartas jovens.

Os piretroides, carbamatos, fosforatos, spinosad e as diaminas possuem ação sobre os nervos e músculos das lagartas, enquanto os benzulureias e diacilhidrazinasatuam durante a muda das lagartas, o clorofenapir causa danos na respiração e o Bt na digestão das lagartas.

Porém, para melhor eficiência dessas moléculas é necessário que se faça a rotação de uso entre esses inseticidas, ou seja, não se pode misturar as moléculas bensoilureia, spinosas, diamidas, indoxicarbe e diacilhodrazinano mesmo ciclo, sendo importante iniciar o tratamento das culturas assim que forem avistadas as primeiras lagartas jovens.

É importante destacar que, na maioria dos estudos, as diamidas têm apresentado os melhores resultados, podendo ser utilizadas antes da semeadura, mas para que ela continue com esse poder de ação, destacamos novamente a necessidade da rotatividade no uso das moléculas, para que as lagartas não se tornem resistentes a uma ou outra molécula.

Além disso, os novos pesticidas são destinados ao controle dos principais percevejos na soja e algodão, contendo o acetamiprido e a alfacipermetrina.

 Lagarta morta por fungos - Crédito Edson Hirose
Lagarta morta por fungos – Crédito Edson Hirose

Dicas importantes

Os baculovírus, Bt, clorantraniliprole, clorfenapyr e indoxacarbe apresentam bons resultados em culturas de café e algodão. Já as outras moléculas têm apresentado resultados positivos nas culturas de milho, café, algodão, e até de algumas espécies de árvores. Porém, é importante destacar que é necessário que esses inseticidas sejam aplicados antes do fechamento das culturas, o que dificulta a ação dessas moléculas nas camadas mais baixas das plantas.

A composição exclusiva de princípios ativos de clorantraniliprole duo confere seletividade e eficácia biológica. Além disso, o produto pode ser utilizado de forma rotacionada com outros ingredientes ativos e, consequentemente, auxiliar no manejo de resistência dos insetos.

O inseticida clorfenapyr possui ação translaminar, pois quando aplicado na face superior de uma folha exerce sua ação contra insetos alojados inclusive na face inferior. Além disso, tem amplo espectro de ação e excelente efeito de choque, eliminando as lagartas rapidamente e com residual de controle.

Trata-se de um inseticida químico de suspensão concentrada, granulado dispersível para uso em algodão e soja. Tem como vantagem ligar-se a um novo local de ação nos insetos e larvas após ingestão.Após ligar-se ao canal de sódio, causa rapidamente paralisia e morte. Não há resistência conhecida ao indoxacarbe e, como este se liga a um único local no canal de sódio de insetos e larvas, diferentemente de outras classes de inseticidas, o potencial de uma resistência cruzada é mínimo.

A destruição da lavoura pode ser total, em ataques severos - Crédito José Fernando JurcaGrigolli
A destruição da lavoura pode ser total, em ataques severos – Crédito José Fernando JurcaGrigolli

Vantagens das novas moléculas

Os pesticidas conhecidos como fisiológicos (vírus VPN-HzSNPV (baculovírus) eBacillus thuringiensis) têm como vantagem atuar nas diferentes enzimas durante o desenvolvimento do inseto. Esse tipo de mecanismo seletivo o torna um herbicida com baixa toxicidade em outros organismos, como os mamíferos ou inimigos naturais. Além disso, a taxa de contaminação no ambiente é relativamente baixa quando comparada a outras classes de pesticidas.

As características que diferenciam os inseticidas fisiológicos dos fosforados, carbamatos e piretroides são variadas. Dentre estas, podemos citar que eles não possuem ação de choque, ou seja, não eliminam o inseto de forma instantânea; não possuem amplo espectro, além de atuarem principalmente por ingestão, serem relativamente seletivos a determinadas espécies, além de possuírem um prolongado período de proteção, e atuarem principalmente sobre formas juvenis.

Lagarta morta por vírus - Crédito Edson Hirose
Lagarta morta por vírus – Crédito Edson Hirose

Essa é parte da matéria de capa da revista Campo & Negócios Grãos, edição de maio 2016. Adquira a sua para leitura completa.

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