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Ácaro-rajado em tomate tem assustado produtores

Mário Eidi Sato

Pesquisador do Laboratório de Acarologia/Instituto Biológico

mesato@biologico.sp.gov.br

Ácaro em tomate tem assustado produtores
Ácaro em tomate tem assustado produtores

Os produtores de tomate têm amargado prejuízos entre 20 e 30% com os ataques do ácaro-rajado, que, juntamente com a Helicoverpa armigera, infestam essas lavouras. O motivo parece ser o desequilíbrio provocado pelos neonicotinoides.

Alguns produtores encontraram como solução para o ácaro o controle biológico, mas tem sido preciso aplicar produtos químicos contra a Helicoverpa, os quais eliminam os agentes biológicos.

A praga

O ácaro Tetranychusurticae (Acari: Tetranychidae), popularmente conhecido como ácaro-rajado, é um dos ácaros-praga de maior importância no mundo. Trata-se de uma praga polífaga e cosmopolita, que geralmente apresenta cor esverdeada.

As folhas atacadas por este ácaro mostram manchas branco-prateadas na face inferior; pela face superior aparecem áreas inicialmente cloróticas, que passam a bronzeadas; as folhas secam e caem, com consequente queda na produção.

Em tomateiro, ataca preferencialmente as folhas situadas na parte mediana da planta de tomate, sendo que uma infestação intensa produz o amarelecimento e o secamento das folhas, com diminuição no número e tamanho dos frutos, levando à maturação mais precoce e baixo teor de sólidos solúveis.

Ácaro em tomate tem assustado produtores
Ácaro em tomate tem assustado produtores

Condições para o ataque

O ataque do ácaro-rajado normalmente se torna mais intenso em condições de baixa umidade relativa e temperaturas elevadas. O ácaro encontra condições muito favoráveis em cultivo protegido. Em 2014, em consequência da escassez de chuvas em muitas regiões brasileiras, o ataque da praga foi bastante intenso em várias culturas, incluindo tomateiro.

Prevenção

Em tomateiro e outras culturas, o aumento exagerado da densidade populacional do ácaro-praga normalmente está associado a algum desequilíbrio biológico provocado por algum problema nutricional da planta ou eliminação de inimigos naturais.

Estratégias como o uso de variedades mais resistentes ou tolerantes ao ácaro-rajado, adubação e irrigação adequadas, e redução no uso de inseticidas não seletivos poderiam ser muito úteis para minimizar os problemas causados pelo ácaro-rajado.

Ácaros observados em folha do tomateiro - Crédito Mário Eidi
Ácaros observados em folha do tomateiro – Crédito Mário Eidi

Efeito curativo

O uso de produtos químicos ainda tem sido uma das principais estratégias adotadas para reduzir as infestações do ácaro-rajado. Nesse caso, o uso de acaricidas mais seletivos aos inimigos naturais, principalmente aos ácaros predadores, seria aconselhável.

Dentre os acaricidas recomendados para tomateiro, aqueles como espiromesifeno, azadiractina e propargito têm se mostrado menos prejudiciais aos ácaros predadores da família Phytoseiidae, como os da espécie Phytoseiulusmacropilis.

O uso de produtos seletivos associados à liberação de ácaros predadores poderia ser uma boa estratégia em cultivos com intenso ataque da praga.

O manejo integrado de pragas parece ser o caminho mais adequado contra os ácaros - Crédito Luize Hess
O manejo integrado de pragas parece ser o caminho mais adequado contra os ácaros – Crédito Luize Hess

Controle biológico

Algumas espécies de ácaros fitoseídeos, como os do gênero Phytoseiulus, mostram-se promissores para o controle dos ácaros tetraniquídeos em tomateiro. Cada fêmea adulta do ácaro predador da espécie Phytoseiulusmacropilis chega a consumir 40 ovos de ácaro-rajado por dia, alimentando-se também de outras fases do desenvolvimento da praga.

Em cultivos com liberação de P. macropilis, que é comercializado no Brasil, devem ser evitadas aplicações de inseticidas ou acaricidas de elevada toxicidade ao predador (ex.: abamectina, milbemectina, clorfenapir, etoxazol, piretróides).

Liberações de ácaros predadores da espécie Neoseiuluscalifornicus, que se mostra mais tolerante que P. macropilis a diversos agroquímicos, pode não resultar em um controle biológico efetivo do ácaro-rajado, em diversas variedades de tomateiro, devido à presença de tricomas glandulares que podem limitar a capacidade de busca e alimentação desses predadores.

Os ácaros predadores podem exercer um bom controle da praga, principalmente em condições de umidade relativa mais elevada. Em cultivos de tomate, em locais abertos, com presença de vento, pode haver dificuldade para o estabelecimento dos predadores, devido ao aumento na taxa dispersão.

Nesse caso, a implantação de barreiras que sirvam de quebra-vento pode resolver o problema.

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