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Ácidos húmicos estimulam o enraizamento da cebola

Nilva Teresinha Teixeira

Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora do Curso de Engenharia Agronômica do Centro Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal (UNIPINHAL)

nilvatteixeira@yahoo.com.br

 

 Créditos Shutterstock
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A qualidade do solo depende das suas propriedades físicas, químicas e biológicas. Os ácidos húmicos interferem diretamente na qualidade física do solo, por promoverem uma aproximação das partículas e, consequentemente, sua união, gerando, dessa forma, uma maior agregação dos solos.

O processo de agregação dos solos influi diretamente sobre outras características dele como, por exemplo, a densidade, porosidade, aeração, capacidade de retenção e infiltração de água no perfil. Contudo, a agregação é o ponto de partida, sem a qual os demais benefícios para o solo não ocorrem.

Por possuírem cadeias muito grandes, as substâncias húmicas têm alta capacidade de retenção de água, o que colabora para a manutenção de agregados estabilizados nos solos. Sua capacidade de reter água é 20 vezes maior que a dos solos sem matéria orgânica, o que justifica a maior capacidade das plantas sobreviverem melhor em solos com grande quantidade de substâncias húmicas durante o período de déficit hídrico.

Essencialidade

A população microbiológica dos solos é fundamental para a agricultura: os microrganismos são extremamente importantes na disponibilização de nutrientes às plantas, por meio dos papéis que exercem na mineralização da matéria orgânica (importante fonte de nutrientes) e na fixação do nitrogênio atmosférico.

Há referências de que a presença dos ácidos húmicos aumenta o nível populacional de microrganismos benéficos, como os fixadores de nitrogênio e de micorrizas. Os teores de carbono que tais ácidos contêm favorecem o desenvolvimento dos microrganismos: o carbono orgânico é a fonte energética dos microrganismos.

Produtos à base de substâncias húmicas podem passar 26% de carbono orgânico total, sendo excelente fonte energética para o meio biológico. Especificamente com cebola, informações de literatura evidenciam que a adição de substâncias húmicas beneficia a esporulação, produção de micélio e colonização micorrízica, melhorando a eficiência do uso de fertilizantes e a produção.

Causas e efeitos

Os efeitos químicos causados pelas substâncias húmicas no solo estão relacionados com o aumento da disponibilidade de nutrientes para as plantas, o que se concretiza devido às características coloidais das substâncias húmicas, que possuem essa propriedade devido ao seu tamanho, maior que 250 μm, atribuindo às substâncias húmicas características próprias, destacando sua elevada superfície, o que lhes confere alta reatividade, podendo, então, interferir diretamente no pH, efeito tampão, CTC e dessalinização de solos com altos índices de sódio.

Os efeitos relacionados à disponibilidade de nutrientes às plantas por substâncias húmicas não ocorrem devido aos nutrientes nelas contidos. Colaboram, entretanto, para a capacidade do solo de reter e disponibilizar nutrientes adsorvidos ao solo, principalmente com relação ao fósforo retido, influenciando, inclusive, na capacidade de troca catiônica do solo.

Como as substâncias húmicas apresentam alta CTC, são capazes de promover o aumento de tal característica dos solos, principalmente nas camadas superficiais, onde ocorre grande parte da vida microbiológica do perfil.

As substâncias húmicas também influem no tamponamento da acidez do solo e, como consequência, atuam diretamente no aumento do pH dos solos, pois essas substâncias, por possuírem baixos níveis de potencial de dissociação ácida, conseguem liberar (dissociar) íons H+ que, em reação com o CO2 resultante da decomposição de resíduos vegetais ou animais no solo, formam ácido carbônico, tornando, desta forma, o meio mais alcalino, promovendo o aumento do pH do solo.

Foto 02 - Créditos Shutterstock
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Maior enraizamento

É de consenso que as substâncias húmicas promovem maior enraizamento. Esta ação é atribuída, em geral, a um efeito estimulante dos ácidos húmicos, que promovem o aumento do fluxo de H+ na região da rizosfera aumentando, por meio de estímulos químicos, o crescimento do sistema radicular das plantas, que influencia processos de absorção de água e de nutrientes.

Entretanto, outros aspectos têm que ser destacados: as substâncias húmicas estimulam a ação de várias enzimas da glicólise e do ciclo de Krebs, que são vias importantes para a geração de intermediários metabólicos para a síntese de aminoácidos, ácidos nucleicos, açúcares da parede celular, etc.

Ainda, as substâncias húmicas aumentam os teores de clorofila e da taxa fotossintética.Assim, os ácidos húmicos e fúlvicos podem influenciar positivamente a vida vegetal, pois favorecem a estruturação do solo e a ativação que promove no metabolismo,e aumenta o nível de energia, tão importante para o enraizamento, desenvolvimento e produtividade das culturas.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de janeiro 2017  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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