Autores
Letícia Galhardo Jorge
Bióloga e mestranda em Botânica – IBB/UNESP
leticia_1307@hotmail.com
Bruno Novaes Menezes Martins
Engenheiro agrônomo, doutor em Horticultura – FCA/UNESP e professor do Centro Universitário Sudoeste Paulista (UNIFSP)
brunonovaes17@hotmail.com
O milho é um dos cereais mais importantes do mundo devido às suas diversas formas de utilização, que vão desde a base da alimentação humana e animal, até a indústria de alta tecnologia.
No mercado do milho, os maiores produtores do mundo são os países da América do Norte, China, Brasil e membros da União Europeia, e apesar de estar entre os três maiores produtores, o Brasil não se destaca entre os países com maior produtividade. Um dos fatores do baixo nível de produtividade é a ação de insetos-praga que reduzem o potencial produtivo dos híbridos de milho.
As principais espécies de insetos que ocorrem com maior frequência no milho cultivado na safrinha são o pulgão-do-milho, seguido da lagarta-do-cartucho, de adultos de vaquinha, da cigarrinha-do-milho e do percevejo barriga-verde.
Em destaque
A lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) é considerada praga-chave da cultura, uma vez que seu ataque na planta ocorre desde a emergência até o pendoamento e espigamento. Outra espécie de inseto que ocorre no milho, principalmente na safrinha, causando-lhe danos, é o pulgão-do-milho (Rhopalosiphum maidis). Este pulgão causa danos diretos e principalmente indiretos, uma vez que é apontado como vetor do vírus do mosaico comum, que pode causar prejuízos severos à cultura.
O controle dessas pragas é realizado principalmente por aplicações de inseticidas, o que pode provocar o surgimento de populações de insetos resistentes aos diferentes produtos químicos disponíveis, bem como causar sérios danos ao meio ambiente. Sendo assim, são necessários métodos de controle que visem aumentar o grau de resistência das plantas ao ataque de insetos-praga e, assim, reduzir o uso de produtos químicos.
Ação do silício
O silício, apesar de não ser um elemento essencial para o crescimento e desenvolvimento de plantas, tem sido aplicado visando principalmente aumentar a resistência da planta a pragas e doenças.
O silício é absorvido pelas raízes das plantas na forma neutra, como ácido monosilícico, por processo passivo ou ativo, através de transportadores de membrana específicos para este fim. O transporte do ácido monosilícico é feito via xilema, e pode ser regulado pela transpiração ou por processo ativo.
O ácido monosilícico, depois de absorvido pelas plantas, é depositado principalmente nas paredes das células da epiderme, contribuindo substancialmente para fortalecer a estrutura da planta e aumentar a resistência ao acamamento e ao ataque de pragas e doenças, além de diminuir a transpiração.
A aplicação de silício tem proporcionado o aumento do grau de resistência de plantas ao ataque de diversos insetos, principalmente em gramíneas, estimulando o crescimento, aumentando a produção, protegendo contra estresses bióticos e abióticos, devido à proteção mecânica proporcionada pelo silício nas plantas, que é atribuída à deposição de Si abaixo da cutícula, tornando a planta mais resistente ao ataque de fungos, insetos mastigadores e sugadores. A silicificação da epiderme previne a penetração e a mastigação pelos insetos porque as células ficam mais endurecidas.
A ação do silício sobre os insetos fitofágos pode ser considerada de duas formas: ação direta, como no desgaste da mandíbula de insetos mastigadores, e ação indireta, por meio da atração de inimigos naturais da praga. Os efeitos diretos podem incluir a redução no crescimento e na reprodução do inseto, normalmente associados à diminuição dos danos para a cultura. Os efeitos indiretos estão normalmente relacionados à diminuição ou atraso na penetração do inseto na planta.
Pesquisas
Alguns estudos mostram um desgaste das mandíbulas das lagartas-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) quando estas se alimentaram de folhas, apresentando maior concentração de Si, sugerindo que a aplicação de Si pode dificultar a alimentação de lagartas, causando aumento de mortalidade e de canibalismo, tornando, portanto, as plantas de milho mais resistentes a essa praga.
Manejo
Apesar de o silício ser um dos elementos mais abundantes na crosta terrestre e a maioria dos solos conter quantidades consideráveis do mesmo, cultivos consecutivos podem reduzir o nível deste elemento até um ponto em que a adubação com silício seja necessária para obtenção de máximas produções.
O silício tem sido empregado no Brasil na forma de adubação por ocasião da semeadura ou em cobertura, além de existir a possibilidade do emprego desse elemento em pulverização, visando não só a adubação foliar, como também o controle de pragas e doenças. Um dos paradigmas da adubação de silício está no uso das fontes em que ele pode ser encontrado e que possa estar mais disponibilizado.
A aplicação no solo de silicatos de cálcio ou silicatos de cálcio e magnésio pode trazer inúmeros benefícios para as culturas, como cereais, frutíferas, hortaliças, cana-de-açúcar, etc. Pesquisas também têm demonstrado que a adubação foliar com silicato de potássio pode ser uma boa estratégia para diminuir o uso de agrotóxicos no combate a doenças e pragas, principalmente.
O silicato de potássio não é um fungicida, mas pode ser usado como um complemento para aumentar a resistência das plantas a várias doenças, ocasionando diminuição no uso de agrotóxicos nas culturas.
Na prática
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