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Adubação da cebola com base em curvas de absorção

 

Claudinei Kurtz

Engenheiro agrônomo, doutor em Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas e pesquisador da Epagri

kurtz@epagri.sc.gov.br

 

Crédito Carlos Inácio Garcia
Crédito Carlos Inácio Garcia

As curvas de absorção e acúmulo de nutrientes constituem uma ferramenta auxiliar de grande importância na recomendação da adubação visando a maior eficiência agronômica e minimização dos riscos ambientais. Elas indicam a absorção de nutrientes em cada fase do desenvolvimento da planta, auxiliando no estabelecimento de um programa de adubação para as culturas, especialmente para as espécies com altas exigências nutricionais, como as plantas olerícolas.

Além disso, permitem determinar as épocas em que os nutrientes são mais exigidos e prevenir deficiências que possam ocorrer durante o desenvolvimento da cultura. Aliado a isso, a quantificação da distribuição dos nutrientes nas diferentes partes da planta é importante para estimar a exportação, e com isso prevero retorno de nutrientes ao solo.

Para obter um sistema de recomendação de adubação mais eficiente, uma das alternativas é determinar e caracterizar a curva de absorção de nutrientes e de crescimento e ajustar a dose e época de aplicação deles, especialmente nitrogênio (N) e potássio (K), que são os nutrientes mais exigidos por esta espécie. No entanto, no Brasil existem poucos estudos gerando curvas de acúmulo de nutrientes para as culturas olerícolas.

Estudos

Foto 02Segundo trabalho realizado por Kurtzet al. (2016), o acúmulo de massa seca (MS) das plantas de cebola émuito lento até metade do ciclo, aos 60 dias após o transplante (DAT),acumulando 3,9 g planta-1, o que representa 16% da MS total acumulada, considerando um ciclo de 119 dias no sistema de transplante de mudas.

Após este período, quando inicia a fase de bulbificação, o acúmulo de MS é intensificado (61-90 DAT), acumulando 20,7g planta-1, equivalente a 84%da MS total acumulada. Para um rendimento de aproximadamente 40 t ha-1 de bulbos frescos, obteve-se uma produção de 6.155 kg ha-1 de MS na planta toda, distribuídos em 2.324 kg ha-1 na parte aérea e 3.831 kg ha-1 nos bulbos, ou seja, 38 e 62%, respectivamente.

A taxa máxima de crescimento absoluto ocorreu aos 89 dias, quando atingiu 0,447g planta-1 dia-1de MS (111,75 kg ha-1 dia-1), o que representa mais de 2.000 kg ha-1 dia-1de massa fresca acumulada(Figura 1B).

Figura 1. Acúmulo de massa seca (A) e taxa de crescimento absoluto (B) na planta toda (●), parte aérea (â—‹) e bulbos (â–¼) de plantas de cebola da cv. Bola Precoce cultivada em sistema de transplante. Ituporanga(SC).

Curvas de absorção

Adubação equilibrada garante alta produtividade - Crédito Ana Maria Diniz
Adubação equilibrada garante alta produtividade – Crédito Ana Maria Diniz

As curvas de acúmulo de nutrientes para a planta de cebola apresentam comportamento similar às curvas de acúmulo de massa seca. De maneira geral, há maiores taxas de acúmulo de nutrientes na segunda metade do ciclo da cultura, durante a fase de bulbificação (61-119 DAT). Desta forma, observa-se que a planta de cebola prioriza a alocação de fotoassimilados e nutrientes para o bulbo assim que inicia a formação deste órgão.

Neste trabalho, realizado em Ituporanga (SC), o N foi o nutriente mais acumulado pelas plantas de cebola, estimado em 409 mg planta-1, o que equivale a uma extração de 101,4 kg ha-1 de N para a condição estudada (Tabela 1). Do total de N acumulado pela planta, 43% foram depositados na parte aérea e 57% nos bulbos.

As curvas de absorção constituem uma ferramenta importante no manejo nutricional - Crédito Ana Maria Diniz
As curvas de absorção constituem uma ferramenta importante no manejo nutricional – Crédito Ana Maria Diniz

Na primeira metade do ciclo, antes do início da bulbificação as plantas acumularam menos de 1/3 (27%) do N total. A grande demanda (73%) ocorreu após este período, e a taxa máxima de absorção foi aos 73 DAT para a planta toda, com 6,82 mg planta-1 dia-1.

O fósforo (P) foi o quarto nutriente mais acumulado pela planta de cebola, depois de N, K e Ca, com acúmulo de 140,13 mg planta-1, totalizando 34,9 kg ha-1de P, ou 80,3 de kg ha-1de P2O5. Dentre os macronutrientes, o P foi o que proporcionalmente teve maior acúmulo no bulbo, com 69%, enquanto que a parte aérea contribuiu com 31%.Cerca de 83% do total de P foi acumulado no período de bulbificação.

O K foi o segundo nutriente em quantidade acumulada pela cebola, totalizando 345,9 mg planta-1, 86,5 kg ha-1 de K, ou 104kg ha-1de K2O, sendo superado apenas pelo N (tabela 1).O K caracterizou-se também por apresentar acúmulo pela planta, concentrado no período de bulbificação, com aproximadamente 87% do total acumulado nesta fase.

A taxa máxima de acúmulo pela planta toda foi aos 80 DAT, com 7,38 mg planta-1 dia-1, o equivalente a 1,84 kg dia-1 de K.

Essa matéria completa você encontra na edição de setembro 2017  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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